ESTRELA: BIANCA RINALDI NOS PALCOS

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Como dizem uma vez Paquitas, sempre Paquita não é isso? Mas Bianca Rinaldi não parou só aí. O fato de ter virado Paquita foi a realização de um sonho e um momento especial na vida da nossa estrela. Mas ao contrário do que muita gente possa pensar, isso não facilitou ou dificultou o que ela desejava para a carreira dela como atriz. Os obstáculos e barreiras existiram e ela soube com talento e perseverança superar e conquistar seu espaço. Bianca nunca teve medo de desafios, e foi assim em frente às câmeras atuando como atriz, dançando e até cozinhando. Nos palcos de teatro então, ela encarou tudo! Inclusive encenar duas peças ao mesmo tempo. Fato que ela nos conta um pouco aqui nessa entrevista que fala um pouco de Paquita, Escrava Isaura, peças, idade e projetos.

Bianca, com o documentário das Paquitas vocês voltaram com tudo na mídia. Como tem sido esse momento para você? Como tem sido a receptividade do grande público? Tem sido um carinho na alma receber o feedback sempre positivo do público. Depoimentos de como fomos importantes na infância e adolescência e de como trazíamos a alegria para milhares de pessoas, não tem preço. Tudo valeu a pena. 

E como foi “lavar roupa suja” na frente de Xuxa? Pelo que vimos, foi algo necessário e bem positivo. Mas ficou aquele friozinho na barriga? Aquela dúvida: “falo ou não falo tudo?” O termo “Roupa suja” não cabe entre nós. Prefiro o termo “Lavar a Alma”, pois ali falamos com respeito, fomos ouvidas com respeito e acolhimento. Não ficou dúvida nenhuma. Fomos nos apoiando para falarmos tudo e tinha uma condução perfeita de assuntos que a equipe do Doc preparou com todo cuidado e que foi conduzido com todo amor pela querida Catu. Eu, desde pequena, tenho pavor de brigas e desentendimentos. Cresci vendo brigas feias entre meus pais. Trabalho sempre isso em mim, mas, até hoje, não me sinto 100% segura nesta área. É sempre muito difícil e dolorido pra mim. Então, me sentir acolhida foi fundamental neste processo. Foi uma catarse, lavei a alma mesmo. 

Do que mais sente saudade da época de Paquita? Tenho tudo guardado em um lugar muito especial em meu coração e minhas memórias. A vida seguiu e tenho muito orgulho da minha trajetória até aqui. Mas, se a oportunidade de um show ao vivo em um estádio adoraria reviver esta experiência, uma energia única e incomparável. Alto nível de serotonina (risos). 

A visibilidade de ter sido uma Paquita abriu portas para diversas oportunidades e você se consolidou como atriz. Tanto que, acredito que, as novas gerações nem devem fazer a ligação com esse momento das Paquitas. Como você vê essa sua trajetória? Quais as barreiras? Como disse acima, tenho orgulho das minhas conquistas, da minha trajetória. Mas, apesar de sempre sermos elogiadas pela disciplina e profissionalismo e o fato de termos feito tanto sucesso na época, não me garantiu nenhuma oportunidade. Tudo o que conquistei, foi através de teste. Estava galgando uma nova carreira e sim, recebi muitos nãos como qualquer ator que está buscando seu lugar ao sol.  Mas, a conquista neste caso sempre tem um sabor diferente, né? 

Falando nisso, acredito que um grande desafio foi interpretar a Escrava Isaura, uma personagem clássica. Soube que você foi muito criticada por ser loira e ter olhos claros para interpretar a personagem que, no final, você tirou de letra. Mas como foi pra você esse desafio? A única pessoa que podia me trocar era o Herval Rossano e essa barreira eu venci. Estive com ele, e ele me escolheu depois de uma longa conversa, entrevista, com o mesmo. No dia seguinte, saiu em um bom e velho jornal de papel que outra atriz tinha sido escolhida. Fiquei chocada. Liguei para o Herval e disse que queria falar pessoalmente com ele. Quando cheguei lá, disse que o papel era meu, pois ele havia me dado e que eu ia fazer muito bem. Cabelo se pinta e olho coloca lente de contato que inclusive eu já havia comprado. Que isso não era impedimento. E a outra atriz também tinha olho claro. Batalhei por esse papel. Já o Thiago Santiago, me disse “Tenho certeza que você será uma linda e cativante Isaura”. Claro que não gostei das coisas que ouvi a esse respeito, A gente que lute né (risos)? Sempre temos uma escolha e a minha não era deixar as críticas afetarem o meu trabalho. Meu foco era fazer o melhor que eu podia e curtir cada minuto daquela grande conquista. 

Na TV você ainda dançou, cozinhou e atuou. Sempre disposta ao que der e vier. É isso mesmo? Sem medo do desafio? Medo a gente tem, mas vai com medo mesmo!!! O desafio a ser superado é sempre maior que o medo. O importante é fazer o que gosta, o que vai te fazer bem. Faria de novo? Não sei… Só se valer muito a pena. Sou muito competitiva (risos). 

Nos palcos, você praticamente tem emendado um espetáculo no outro. Depois do musical sobre Silvio Santos veio a comédia Minha Futura Ex, ao lado de André Mattos, e agora você estreou Casa, Comida e Alma Lavada, ao lado de Junno. Como tem sido para você esse momento teatral? Uma agradável surpresa. Tem sido bom demais. Viajar com teatro é uma delícia. E as duas peças falam de relacionamentos de formas bem diferentes. Uma mais densa e uma mais leve. Fazer as duas ao mesmo tempo, foi uma loucura. Bem cansativo e prazeroso ao mesmo tempo. Adoro esse ritmo enlouquecedor. (risos) Me faz bem. A peça Minha Futura Ex com o querido e grande ator André Mattos, volta no ano que vem. Sigo com o Junno que é um grande parceiro em Casa Comida e Alma Lavada. Temos viagens pelo interior de São Paulo e Nordeste ainda neste ano. Tô bem animada porque é um espetáculo com o qual o público se identifica e participa bastante. 

E falando de Casa, Comida e Alma Lavada, como tem sido fazer par com o marido da sua grande mentora Xuxa? Sintonia total nos palcos? Me sinto em casa :). A produção feita pela RamaKriya é muito elegante e, modéstia a parte, o casal tá lindo! Temos química no palco o que é fundamental para a peça funcionar melhor. 

A peça estreou recentemente e conta as fases de um casamento ao longo do tempo. Como tem sido para você a experiência e o que o público pode esperar dessa história? Essa peça foi uma grande surpresa para nós. O diretor Rogério Fabiano, sempre dizia que a gente ia se surpreender com a reação do público, dito e feito, o público ama, participa o tempo todo. A identificação com os assuntos falados na peça é de imediato. O público se diverte e entende a mensagem da peça – que nenhuma relação dura sem diálogo, amor e respeito. 

Falando em casamento, você discutiu sobre etarismo por ser casada com um homem 20 anos mais velho. Acha que a questão é mais porque a felicidade alheia incomoda mais do que o tipo de relação que se tenha? Ou virou “moda” criticar a idade? O poder da Internet também veio pra isso, né?  Para dar o poder às pessoas para criticarem à vontade. O negócio é chamar a atenção, não importa como. O etarismo existe sim e, precisamos sim, falar sobre isso. Tenho um relacionamento sólido de 23 anos. Essas críticas não vão abalar o meu relacionamento. Se uma pessoa não consegue perceber que um casal está há 23 anos juntos com duas filhas, formando uma família, a questão está nela não em nós. 

Você está perto de completar 50 anos. Se sente cobrada de alguma forma? Como você encara a idade e o tempo? A cobrança vem de mim mesma. Os questionamentos também. Não acho fácil envelhecer. Eu quero entender as fases do meu corpo, quero saber o que se passa com ele a partir de agora, entender as mudanças. Isso me ajuda a aceitar melhor. E os 50 de hoje não são os 50 de tempos atrás, n? Somos de uma nova geração de mulheres que se reconhecem, se cuidam, se posicionam – que buscam a liberdade feminina. Mentalmente e fisicamente, somos mulheres melhores hoje em dia, mas o corpo, apesar da evolução, chega a uma hora que ele vai completar os ciclos dele e precisamos estar preparadas para isso. Eu estou no processo. O importante é olhar para isso, se informar. 

Onde está a real beleza? Na Alma, no caráter. 

E onde mora sua vaidade (seja como mulher ou como artista)? No meio artístico, temos que lidar com a vaidade o tempo todo. Por isso, mantenho a minha no cabresto (risos).  Ela vai aonde eu quero que ela vá.

Fotos Priscila Nicheli

Styling Samantha Szczerb

Beleza Luan Milhoranse

Agradecimentos Nayane, Pulsa, Plaxmetal, Raffer, Ana Aiube