
Com uma carreira de 25 anos, a atriz Fernanda Machado atuou no teatro, no cinema e na televisão em produções inesquecíveis como o filme “Tropa de Elite” e a novela “Alma Gêmea” da Rede Globo. Em 2007, recebeu da emissora o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante pela premiação Melhores do Ano, como Joana em “Paraíso Tropical”. Hoje, ela exerce seu papel mais importante, o de ser mãe. Fernanda também é consultora hormonal nos EUA, onde mora atualmente, e instrutora de ioga. Ao unir esses dois temas, suas aulas têm dado suporte a muitas mulheres e mães. E quando encontra um tempo na agenda, adora se dedicar a projetos de paisagismo e de design de interiores. O resultado disso foi o livro “Tudo que não me contaram sobre a maternidade”, onde reflete sobre a maternidade e seus conflitos. A MENSCH conversou com Fernanda sobre carreira, maternidade, vida nos EUA e claro, seu livro.
Quais foram as maiores inspirações para você escrever o livro? Tomei a decisão de escrever este livro ao notar que existem diversas questões importantes e relevantes sobre a maternidade e a saúde hormonal feminina que muitas vezes são ignoradas.
E hoje com seus dois filhos, o que a maternidade representa na sua vida? Eles são o que tenho de mais precioso. Ser mãe é a minha missão mais importante, o meu papel mais desafiador, significativo e extraordinário que já enfrentei. Nossa tarefa como mães e pais é de extrema relevância; estamos criando seres humanos e moldando o futuro, temos em nossas mãos as chances de construir um mundo melhor.

Você sempre pensou em ser mãe? Sempre sonhei em ser mãe. Em um dos capítulos do meu livro, compartilho como esse desejo sempre esteve presente na minha vida.
Você é mãe, esposa e ainda está se dedicando a vários projetos. Como você ainda consegue manter a boa forma e a beleza impecável? Não é fácil dar conta de tudo; a carga das mães de hoje é pesada. Confesso que cuidar da beleza não é minha prioridade. Eu tento priorizar a saúde, porque preciso estar bem e saudável para dar conta de tudo. Não vivo sem yoga, pratico todos os dias, e tento me alimentar de uma maneira bem saudável.
Por falar em outros projetos, você está se dedicando também ao paisagismo e de design de interiores. Quando surgiu esse interesse? Sempre fui apaixonada por arquitetura, e assim que mudei para a Califórnia, comecei a fazer o projeto de design das casas em que moramos. Como nos mudamos bastante, tive a oportunidade de fazer o projeto inteiro de várias casas e acabei aprendendo muito no processo de cada projeto. É uma grande paixão.
Morando há mais de 10 anos, em Los Angeles, como você descreve a mudança da sua vida? Sempre fui apaixonada por arquitetura, e assim que mudei para a Califórnia, comecei a fazer o projeto de design das casas em que moramos. Como nos mudamos bastante, tive a oportunidade de fazer o projeto inteiro de várias casas e acabei aprendendo muito no processo de cada projeto. É uma grande paixão.


Você ainda pretende voltar a atuar? Sim, a atriz reside em mim, atuei por muitos anos, é uma grande paixão, sou e sempre serei uma mente criativa. Mas com filhos pequenos, decidi desacelerar porque minha carreira como atriz no Brasil estava longe demais. Mas agora que os meninos estão crescendo, se pintar algo relevante que valha a pena, eu certamente vou levar em consideração.
Qual foi a personagem na TV mais marcante em sua carreira? Difícil escolher somente uma, mas a “Maria” de “Tropa de Elite” foi muito especial, porque o filme teve um poder gigantesco de fazer as pessoas refletirem sobre a nossa sociedade. A “Joana” de “Paraíso Tropical” também foi muito especial, porque ela foi vítima de um golpe de um namorado, mas no final dá a volta por cima, com a força que as mulheres têm de se reerguer.
Em seu livro você relata que teve endometriose, a ansiedade pós-parto, e insônia permanente. Como você conseguiu superar isso tudo? É tem sido uma jornada de muitos desafios; enfrentei a endometriose, a ansiedade pós-parto, a insônia, uma perda gestacional e perdi meu útero no parto do meu segundo filho. Descobri que vivia a perimenopausa e o TDPM com filhos pequenos. Não tem sido fácil, mas tem sido um grande aprendizado. Todos esses desafios me fizeram estudar muito, e me matriculei em um curso de certificação na saúde hormonal feminina aqui nos EUA. Espero que, através da minha história, eu possa ajudar muitas outras mulheres. Este livro é muito maior do que a minha história; abordo problemas que afetam milhares de mulheres nos dias de hoje. Por isso, espero que meu livro traga luz a assuntos sobre os quais se fala tão pouco.



Como mulher, você acredita que ainda à sobrecarga é muito maior para cuidar dos filhos e da saúde emocional? O maternar foi projetado pela natureza para ser um ato coletivo, mas agora a maternidade é solitária. Com a vida moderna, acumulamos funções e também perdemos o suporte da vila que existia anos atrás. Somado a isso, quando nos tornamos mães, temos uma carga mental e física semelhante à de uma CEO de grande empresa. Pois tomamos conta de uma montanha interminável de minúcias, um trabalho invisível que as mulheres fazem diariamente para suas famílias. Vivemos uma combinação de fatores que trouxe enorme esgotamento físico, mental e emocional para as mães. Maternar em tempos modernos se tornou uma matemática desequilibrada que não bate, e quem paga a conta é a saúde mental das mulheres. Por isso, acredito que meu livro seja uma leitura necessária também para os homens, maridos, parceiros, para que eles também assumam suas responsabilidades de pais e entendam a exaustão de suas mulheres.
O que você costuma fazer em seus momentos de lazer? Nos meus momentos de lazer, eu amo andar de bicicleta pela cidade com meus filhos e marido, curtir a praia ao lado deles, fazer yoga, ler e relaxar.
O que você pretende deixar como mensagem reflexiva e ajuda para todas as mulheres e mães com o livro? Eu trago muitas reflexões no meu livro, mas acho que a mais importante de todas é que nós, mães, nessa sociedade moderna, estamos ultrapassando nossos limites, e embora isso pareça algo heroico, não é nada saudável para o nosso corpo; estamos adoecendo aos poucos. Não temos superpoderes, não somos sobre-humanas. No final, ultrapassar nossos limites prejudica nosso corpo e nossa mente. Portanto, é urgente que deixemos de equilibrar 1001 pratos todos os dias. É preciso que a sociedade, os parceiros, os familiares, a vila deem suporte às mães.

Fotos: Edu Rodrigues