Que a vida é feita de escolhas Gi Fernandes, 19 anos, sabe bem disso. Apaixonada por dança, em 2022 ela não pensou duas vezes, talvez três, e optou pela carreira de atriz quando deixou a final da competição que escolheria um novo integrante para o projeto internacional com o grupo Now United. Na ocasião, ela escolheu se dedicar à gravação da segunda temporada de “Justiça” (Globoplay), que elevou ainda mais o seu passe dentro da TV aberta. Entes Gi tinha tido uma ótima participação em outra série de muito sucesso, Os Outros. Ela nasceu e cresceu na Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, e hoje está chamando atenção no horário nobre com sua Evelyn na novela Mania de Você. Sua primeira novela, mas pelo talento da garota a 1ª de muitas e de muitos outros trabalhos. Gi Fernandes promete!
Gi, atuar ou dançar? Isso já chegou a ser um dilema na sua vida em algum momento? Os dois juntinhos. Tenho a atuação em primeiro plano, mas a arte, para mim, caminha de mãos dadas com todas as suas vertentes. Tanto atuar, cantar, quanto dançar. Já tive um momento em que precisei decidir qual caminho seguir e, nesse momento, eu segui o que fazia meu olho brilhar de fato.
Dentre as escolhas feitas ao longo da sua trajetória teve a seleção para o grupo global Now United ou o papel em Justiça 2. Você escolheu o trabalho como atriz. Valeu a pena? Meu coração foi o grande divisor de águas nessa escolha. Sempre o ouvi muito. Algo dentro de mim dizia que o caminho da atuação era o que eu deveria trilhar. Eu sou apaixonada por esse ofício, não podia deixar essa oportunidade ir embora. Outro motivo foi ser grande fã da série Justiça. Seria uma realização de um sonho estar ali dando voz e corpo a uma personagem tão especial. Se eu pudesse voltar no tempo, eu não mudaria nadinha. Muito orgulho da decisão que eu tomei.
Aliás, a Sandra Lima de Justiça 2 foi incrível de assistir. Como foi para você incorporar aquela personagem cheia de sofrimentos? Foi a personagem com mais camadas que já interpretei. Ela me desafiava em muitos lugares: no sotaque, na idade, na trajetória. Ela fala por muita gente, estudando a personagem eu tive dimensão disso. São muitas meninas que precisam de oportunidade, muitas mães lutando pra criar suas filhas.
Indo para o início, seu primeiro papel foi a Lorraine Nogueira em Os Outros. Uma patricinha cheia de vontades. Como foi estrear na TV e em um trabalho como aquele? Deu frio na barriga? Lorraine foi fruto de muito estudo, dedicação e sonho. Eu participei de uma oficina da Globo, sem expectativas, eu estava ali para aprender. Quando passei no teste, foi uma emoção sem tamanho – ver o esforço de tantos anos frutificando. Esforço não só meu, mas dos meus pais. Não podia ser uma estreia melhor, uma honra fazer parte dessa série tão linda.
Você chegou chegando à TV com personagens fortes e marcantes. O que lhe atrai em um personagem? Me atrai em um personagem, o arco dele. Como ele começa, como ele termina e nesse trajeto tudo o que aconteceu. Gosto de personagens complexos, contraditórios e diferentes. Gosto de não me ver atuando.
Depois de duas personagens dramáticas, veio a Evelyn dos Anjos, na novela Mania de Você, que tende para o humor. E você está tirando de letra. O humor é algo confortável para você? Como está sendo dar vida a Evelyn? O humor é difícil, tão difícil quanto o drama. Eu brinco que sou atriz dramática, mas aprender com o humor está sendo algo nunca antes experimentado. Eu me divirto e me sinto livre para brincar. A Evelyn é muito observadora, brinco muito com os olhares. Tem repercutido nas ruas.
Digamos que Evelyn é uma trambiqueira do bem? Tem como defendê-la? Ela é parte de uma família trambiqueira, não tem pra onde fugir. Por mais que ela não aceite, são os pais dela. Eu sempre vou defender minhas personagens, vejo que o público também está nessa comigo (risos). Me divirto com as abordagens que recebo nas ruas das pessoas querendo que ela conte logo o segredo… o que será que vem aí?
E como está sendo atuar ao lado de atores tarimbados com Eliane Giardini, Thalita Carauta e Mariana Ximenes? Eu não me acostumo. Às vezes, paro e fico contemplativa olhando para elas. É mágico ver tanta experiência e sabedoria de perto. Sou fã dessas artistas.
Seu envolvimento com a dança vem desde muito cedo. Como despertou para isso e o que representa para você? Despertei o amor pela dança indo com minha mãe para as aulas dela de dança de salão, porque ela não tinha com quem me deixar. Ia também para as quadras das escolas de samba com ela. Desde muito nova, estive nesse ambiente. Comecei oficialmente aos 6 anos. Eu fui criada ali, envolvida na arte. Não tinha como meu caminho ser diferente. A dança representa ancestralidade, liberdade.
Pouca gente sabe, mas você chegou a participar, aos 11 anos, do concurso Passistas do Amanhã, no programa Domingão do Faustão da TV Globo. Que recordações guarda dessa época? Eu desfilava pela Imperatriz Leopoldinense, era uma época em que eu fazia parte da ala de passistas mirins. Foi uma seleção que fizeram na quadra das escolas e eu fui escolhida. Fomos eu e minha mãe para São Paulo e, lá, eu representei minha escola junto do João. Eu, já naquela época, tinha muitos sonhos. Já tinha o sonho de ser atriz, já estudava teatro.
Qual sua maior vaidade, como mulher e atriz? Eu sou muito vaidosa. Eu não era, aprendi a me cuidar depois de sentir falta de olhar para mim. Cresci muito autossuficiente, isso era bom até certo ponto, mas tem seus lados negativos. A gente se sobrecarrega e acha que precisa fazer tudo sozinho. Comecei a me dar presentes, cuidar de mim, da minha pele, do meu cabelo, do meu corpo. Hoje em dia, tenho rotina de cuidados, treinos, terapia – me fazem bem. Aprendi também a me sentir bonita sem maquiagem. Foi um processo de aceitação e reconhecimento de quem eu sou. Como atriz, eu perco a vaidade. Eu me permito dar espaço à personagem. Através dessa permissão, consigo me conectar com ela, entender quem essa personagem é e como ela se porta.
Na hora de relaxar, o que curte? Gosto de cozinhar. Tenho um amor incondicional por testar, criar receitas. Gosto de cozinhar para as pessoas – é uma forma de demonstrar carinho também.
Para conquistar Giovanna basta… Talvez o principal pra mim seja gostar de arte.
Fotos Márcio Farias
Styling Paulo Zelenka
Make Vivi Gonzo
Assessoria Marrom Glacê
Agradecimento Jo & Joe Rio