ESTRELA: VALENTINA HERSZAGE NO RITMO DE “ELAS POR ELAS”

Ser artista é algo que já faz parte de Valentina Herszage desde quando ela se entende por gente. Graças à base educacional e cultural que seus pais sempre procuraram manter em casa, Valentina aos cinco anos já começava a estudar teatro e daí em diante não parou mais. Seu desejo e determinação que era da arte que ela queria viver e respirar levaram Valentina longe. Começando pelos palcos de teatro, na sequência vieram filmes e novelas. Atualmente interpretando a personagem Cris na novela Elas por Elas (Globo), Valentina também pode ser vista na série FIM (Globoplay) e em breve estreará nos cinemas com quatro longas. Mesmo com muito trabalho, Valentina não abre mão do bom-humor e um belo sorriso no rosto. Assim quem resiste?!

Valentina está se divertindo muito com sua Cris em “Elas Por Elas”? Muito. O ambiente de gravação é leve e livre, todos os diretores nos abrem a possibilidade de improvisar e dar ideias. É uma grande trupe. A Cris tem um ingrediente que me atraiu desde o início, a espontaneidade. É uma personagem sem limites e surpreendente. 

Você enxerga ela como uma vilãnzinha na trama? Que desafios essa personagem tem te trazido? Pode se dizer que sim, mas gosto de pensar nela como uma menina que foi criada sendo muito mimada e que vai aprender, ao longo da história, sobre empatia, honestidade e amor. Acho que minha maior dificuldade foi a de brincar com o tom cômico da novela, fazer uma certa “graça” com a figura da blogueira e, ao mesmo tempo, trazer seriedade para falarmos de vaidade, egocentrismo e ansiedade no meio das redes sociais nos dias de hoje.

E como surgiu o convite e qual foi sua preparação para entender como funcionava Cris? Fui chamada para um teste já com atrizes que estavam concorrendo para o papel da Yeda (interpretada pela Castorine) e fizemos dinâmicas em dupla, já que essas irmãs têm tramas muito conectadas na novela. Um tempinho depois, a Dani Pereira (produtora de elenco) me manda uma mensagem dizendo que tinha rolado e a Amora me liga para contar um pouco de como seria tudo. Tivemos preparação de elenco como o maravilhoso Vinicius Arneiro e fizemos muitas dinâmicas de intimidade e improviso entre os atores de cada núcleo e fomos descobrindo juntos os nossos personagens através de leituras e conversas de mesa.

Indo para o início, sua trajetória começou no teatro, depois veio o cinema e só depois sua estreia na TV. As coisas simplesmente foram acontecendo ou você já esperava por isso? Eu sempre fui artista, sempre me relacionei com arte desde que me entendo por gente. Apesar dos meus pais não trabalharem com isso, eles me educaram nesse meio me apresentando filmes, músicas e exposições desde muito pequenininha. Aos 5 anos comecei a fazer um curso no Rio de Janeiro de dança, sapateado, teatro, canto e circo. As coisas foram acontecendo a partir daí, do desejo.

Geralmente quando o ator tem sua base no teatro ele pode ficar mais preparado para a TV. É isso? Como percebeu isso ao longo da sua carreira? Eu acredito que o teatro seja a melhor base para um ator livre e ousado. O teatro trabalha, como em nenhum outro veículo, a sua criatividade. Um ator que faz teatro é um ator mais livre, eu acredito, também mais intuitivo e surpreendente. A criatividade é um músculo. Assistir peças, ler, ver filmes também é uma maneira de se inspirar. Quando a câmera chega, nos leva para um outro lugar. Mas a brincadeira que resta dentro da gente, que vem do teatro, faz a radiação acontecer.

Na TV um de seus destaques foi interpretar Hebe na minissérie da Globoplay. Como foi dar vida a uma personagem da vida real? Chegou a acompanhar algo sobre Hebe em vida? Alguma lembrança ou recordação? A série da “Hebe” foi, de fato, um dos marcos na minha carreira. Aprendi muito neste processo. Assistia Hebe todos os dias ao acordar e antes de dormir, fiquei seis meses em preparação de corpo, voz e canto. Acompanhei Andrea Beltrão nas filmagens do longa e me apaixonei pela figura única da Hebe Camargo. Poder fazer intérprete da Carmen Miranda também foi um ponto alto para mim. Fui muito feliz neste trabalho.

E no teatro você participou da montagem brasileira de Lazarus, de David Bowie e Enda Walsh. Que desafios esse trabalho te trouxe? Foi um marco até então do seu trabalho nos palcos? Lazarus foi um espetáculo extremamente desafiador. Éramos 11 em cena e tínhamos uma peça de praticamente 3 horas e em torno de 18 músicas. Era um sonho meu trabalhar com Felipe Hirsch desde sempre e essa foi a oportunidade perfeita. Ensaiávamos diariamente por dois meses, reformulamos o texto original, escutamos todos os álbuns do Bowie e ficamos extremamente dedicados ao processo. Era uma peça nada convencional e acredito que tenha sido um marco para todos que participaram.

Ao longo da sua carreira você vai do humor ao drama de boa. Pra você qualquer estilo é um bom desafio? Se sente mais confortável em algum formato, digamos assim? Eu acho que os dois estilos ainda são desafiadores, me sinto menos confortável ainda na comédia, mas amo fazer. Cada personagem exige entendimentos e riscos diferentes, independente do drama e da comédia. Gosto muito de juntar os dois, porque acredito que a vida seja uma eterna mistura entre o humor e o trágico. Não há como interpretar um personagem com humanidade excluindo uma coisa nem outra. 

Voltando ao cinema, um dos seus trabalhos mais recentes é um drama com sua personagem Rebeca (Valentina Herszage) que foge da fome e da guerra na Polônia e chega ao Brasil para reencontrar o marido e iniciar uma nova vida. Como foi participar desse longa? “As Polacas” é um filme muito importante pra mim. Um filme que fala da minha origem, de sororidade, de feminismo e denuncia a violação dos corpos das mulheres que acontece até hoje. Apesar de se passar em 1917, o filme fala de temas de imensa relevância para debates atuais. É um filme denso e aborda assuntos bastante sensíveis. O set era majoritariamente feminino, desde a diretora de fotografia até direção de arte, som, trilha sonora. Foram 6 semanas de filmagem que me exigiam um nível de concentração dos mais finos e certeiros que já tive na vida. Estou muito feliz e animada para lançar este longa nos cinemas no ano que vem.

Falando da sua personagem Rebeca, lembramos de uma curiosidade… De onde vem seu sobrenome Herszage? Herszage é um sobrenome polonês. Meus bisavós, por parte de pai, vieram da Polônia. Minha bisavó veio de Chestehowa e minha bisavó de Varsóvia.

E como é a Valentina longe das câmeras e da mídia? O que curte? Como se alimenta? (risos) Eu sou uma pessoa muito caseira, amo ficar em casa assistindo filmes, crochetando, cuidando das minhas plantas. Sou muito diurna e amo sair de casa para conhecer restaurantes novos. Apesar dos dias de hoje, com as redes sociais, sermos jogados no furacão da produtividade, quando não estou trabalhando eu adoro e sei fazer – nada. Não me considero workaholic, apesar de amar o meu ofício. Prezo muito pela desaceleração verdadeira num momento de pausa.

Você parece ser divertida e bem-humorada. É isso mesmo ou disfarça bem? (risos) Eu sou divertida e bem-humorada! Sinto que com o amadurecimento (e muita análise desde 2016), consigo levar minhas questões com mais humor e leveza. Acho que eu também procuro estar sempre com essas pessoas.

Onde recarrega as baterias? Em casa cuidando das minhas plantas ou na casa da minha mãe vendo “Sex and the City” (risos).

Planos para 2024 que possa nos contar… Em 2024 vou lançar 4 filmes. Lanço “As Polacas” de João Jardim, “O Mensageiro” de Lucia Murat, “A Batalha da rua Maria Antonia” de Vera Egito e “Ainda Estou Aqui” de Walter Salles.

E para conquistar Valentina basta… Saber rir e fazer rir. Gostar de cinema também me pega, posso ficar horas falando de filmes.

Fotos Maju Magalhães  – @maga.maju

Styling Juju Bonjour – @jujubonjour

Beleza Mayra Moreno – @mayramrn