O olhar apurado, técnica e um senso de estética são características de todo bom fotógrafo. Junte a isso bom gosto, elegância e ousadia na medida certa. Tai a fórmula de um dos mais badalados (e com razão) fotógrafos de moda e estilo hoje em dia, Vinícius Mochizuki (@viniciusmochizuki). Aos 33 anos, nascido em Maringá com descendência japonesa, Vini caiu no gosto das estrelas brasileiras e sua agenda hoje em dia é intensa e bem movimentada. O resultado é que suas fotos terminaram parando em sites e revistas conceituadas como Vogue, Quem, Época, Contigo, Caras, e claro, a MENSCH. Por sinal, nesta edição a capa com nossa estrela Giovanna Antonelli é dele.
Quando você descobriu a fotografia e como ela te conquistou? Eu costumava acreditar que tinha me tornado fotógrafo após meus primeiros trabalhos profissionais e na área, mas hoje olhando para o passado com calma, com um pouquinho de experiência e tranquilidade, me recordo de sempre estar com uma câmera na mão, imaginando figuras, objetos e cores. Nas fotos da minha família, por exemplo, eram sempre tiradas por mim. Meus primeiros presentes foram câmeras ainda de película e meu grande sonho na época era ter uma filmadora. Que mais tarde faria minha diversão e dos meus amigos de infância. Sou descendente japonês e talvez isso tenha ajudado no contato com esse costume dos meus tios e primos que sempre estavam com a câmera na mão registrando tudo.
Qual a marca dos seus trabalhos? Existe algum diferencial que você procura cultivar? Eu sou um eterno pesquisador da vida e da arte, estou sempre aprendendo com tudo. Sou um cara que ama o processo de cada pessoa. Acredito que isso reflita no trabalho, no processo criativo e na minha vida também. Talvez a marca do trabalho seja esse reflexo.
Quem foi sua inspiração e quem você admira até hoje? Por que? Tive muitas inspirações e tenho o tempo todo, mas alguns que admiro muito são Mario Testino, Zee Nunes, Nana Moraes, Araki Nobuyoshi, Jr Duran… etc. Eu ainda era criança quando esses fotógrafos faziam as maiores capas de revistas. Cresci observando e admirando!!! Sou fã e tenho orgulho!!!
O que você curte fotografar mais? O que te faz sentir-se realizado na fotografia? Pessoas!!! Eu sou apaixonado pelo ser humano, suas mazelas, suas virtudes, suas transformações, seus sentimentos, sua história, beleza … etc … não se trata apenas de uma roupa bonita e uma boa maquiagem como a maioria pensa! Se trata de ser e estar disponível para a criação. Transbordar a luz que todos nós temos dentro e que, de alguma forma, as vezes se apaga. Parece loucura, mas eu sinto em mim a necessidade de imagem para conhecer e reconhecer realmente a realidade, uma busca interminável. Uma grande pesquisa.
Você convive muito com artistas e muitos de seus amigos são pessoas que está na mídia. Isso já ajudou ou atrapalhou de alguma forma? Eu sai de casa com aproximadamente 15 anos, hoje tenho 33, tive uma jornada no teatro, TV, revistas, eventos, imprensa, etc … É natural hoje meus amigos serem do mercado artístico, nunca me atrapalhou em nada, ao contrário, me ajudou e ajuda muito. Tenho muito orgulho dos meus amigos em todas as áreas, da mídia ou não, torço pelo sucesso deles e sinto como se fosse o meu!
Onde e como se sente mais desafiado na fotografia? Eu me sinto desafiado 24 horas por dia. Não acaba o trabalho depois que largo a câmera, sempre estou refletindo, analisando novos equipamentos, ideias, tratamentos de imagem, etc … Uma pesquisa constante.
Como foi, e está sendo, fotografar nesse momento de pandemia? No início foi um pouco difícil, sempre uma nova adaptação por dia, exames periódicos, ansiedade com a situação, equipamentos de proteção, pouco contato físico. Hoje já estamos semi habituados e sabemos da importância dos cuidados!
Você é um querido por todos que trabalham com você. A que se deve isso? Realmente eu não sei responder essa pergunta… (risos) …Mas acredito que seja porque também os tenha pra mim como pessoas queridas e amigas.
Qual sua forma para deixar uma mulher à vontade para posar nua? A nudez tem que vir de dentro. Todos nós temos receios, traumas, dores, alegrias, história, família e vivemos em um certo tempo da história… Tudo isso aparece na hora da exposição do corpo e sereflete na arte. Eu tenho meus traumas e você que está lendo essa matéria provavelmente também. Então, deixo que o nu venha com naturalidade, confiança e liberdade. Somos seres iguais e diferentes – não existe certo e errado, belo e feio, melhor ou pior. Seu corpo não é tudo que você tem e não pode definir completamente quem você realmente é. Estamos em transformação, em constante mudança. O corpo é apenas uma representação desse tempo de sua história, a confiança deve chegar no tempo de cada pessoa. Não existe a fórmula, existe disponibilidade naquele momento e deve ser conduzido com serenidade e respeito.
Sobre seus desejos na fotografia… Que mulher você gostaria de fotografar? Que celebridade e que lugar você de registrar? Com toda certeza Gisele Bündchen!! Qual fotógrafo não gostaria, né?!? Um dos lugares seria no Japão novamente… Morei lá por alguns meses mas era muito novo e não existia tantas redes … Amaria ir novamente e me aprofundar em parte da minha história e de minha família. O outro lugar é meu amado estado do Paraná – gostaria de mostrar as pessoas e lugares incríveis que tem por lá… Eu morro de saudades e sou eternamente grato às pessoas que de lá me deram força pra manter minha determinação por aqui, no Rio de Janeiro.
Que dica daria para quem está se iniciando na fotografia e para um leigo que fotografa com o celular? Seja sempre honesto, trabalhador e dedicado. O tempo é a ferramenta. E as ferramentas do tempo são as que você tem no momento. Nada se constrói do dia para noite, mas um dia de cada vez. Um bom profissional é o que se adapta às suas próprias fraquezas e as entende.
Quem gostaria que fotografasse você? Araki Nobuyoshi! Sou apaixonado por seu trabalho!!!
Na hora de relaxar, o que curte? Amo conhecer lugares e culturas diferentes, mas dou sempre preferência em ir pra casa dos meus pais e ficar abraçadinho, o dia todo revivendo momentos simples da minha infância, com muito carinho e amor.
Quais seus próximos desafios na fotografia? Meu desafio é tentar melhorar sempre. Quero continuar pesquisando, trabalhando com dedicação, nunca perder a fé na vida, no tempo, nas pessoas, na honestidade e no meu trabalho.