Nosso entrevistado dessa semana veio do Crato (CE) e se debandou mundo a fora conquistando mulheres, leitores e acima de tudo, formando um cara sensível, mesmo por trás da couraça criada para manter a imagem de cabra da peste, muito inteligente e sempre com ótimas tiradas. Tiradas essas captadas de suas experiências e das experiências alheias. Estamos falando do jornalista, escritor, cronista e eterno apaixonado pelas mulheres, Xico Sá. Um cara com lábia capaz de seduzir as mulheres e servir de exemplo para os homens. Com alguns livros escritos, participações no cinema e programas esportivos, Xico Sá agora se desafia no confronto cara a cara com as mulheres do programa Saia Justa (GNT). Entre um tempinho e outro, arrumou espaço para responder às nossas perguntas e nos dar um banho de simpatia, inteligência e acima de tudo, modos de macho. Com vocês, nosso “macho-jurubeba” (como ele se auto-denomina), Xico Sá:
Vamos lá pro início de tudo… como foi seu início como jornalista? E o escritor, como surgiu?
O sonho era ser escritor, mas como viver desse ofício no Brasil? Ai fiz o caminho tradicional de muitos que tem o mesmo desejo: acabei caindo nas redações para ganhar um troco. Hoje consigo conciliar os dois mundos, na boa, sem maiores queixas.
Cariri (ou Crato?), Recife, São Paulo, como lugares tão diferentes influenciam Xico Sá?
Cada um tem a sua importância. Do Crato e arredores, na região do Cariri, vêm os cheiros e aventuras de infância; do Recife a educação sentimental e a formação boemia, literária e profissional; São Paulo junta todos esses universos e me enriquece com seus paraísos, augustas e consolações.
Você praticamente virou um “filósofo” quando se trata da relação homem x mulher hoje em dia. De onde veio essa, digamos, vocação para entender essa relação complicada? Experiências pessoais? Observação sobre casos mais próximos?
Filosofo nada rapaz, só dou os meus pitacos como cronista de costumes. Aprendi muito com a minha própria tragicomédia, as minhas dores, infortúnios e pés na bunda. É da minha própria experiência, e alguma dose de literatura e cachaça, que vem essa tal filosofia. As minhas fontes também ajudam principalmente os garçons, velhos e bons narradores de historias amorosas, barracos, traições e outros crimes passionais.
TV, jornal, internet… você atua neste 3 meios, o que cada um tem de mais fascinante?
Sou um gutenberguiano, um cara que adora e veio do mundo das impressões no papel, seja no jornal, na revista ou no livro. Apenas transfiro essa experiência e tesão de escrever para os blogs, sites, redes sociais etc. A TV é uma brincadeira de um homem feio tentando assustar os lares doces lares – não sou desse ramo, apenas levo a graça do cronista para dizer as minhas besteiras sobre qualquer assunto, seja futebol, seja a dita tragicomédia das relações.
Jornalista, escritor, roteirista e parceiro musical do Mundo Livre S/A. Como dar conta de tantas atividades?
Sapo não pula por boniteza, sapo pula por necessidade. Gosto muito dessa máxima pescada por Guimaraes Rosa nos Sertões das Minas Gerais. É o meu mantra da viração, de fazer de tudo ao mesmo tempo mesmo agora.
Você fez uma “ponta” em O Cheiro do Ralo, tem pretensão de atuar mais vezes?
Fiz ponta em vários filmes de amigos, sou uma espécie de Wilson Grei dessa nova safra de filmes, é o que digo tirando onda. Não, pretensão zero como ator. Sou péssimo. É tanto que nos filmes que participo normalmente estou no papel de mim mesmo, como no “Crime Delicado”, do Beto Brant, no qual faço um vagabundo da noite que aconselha travestis.
Xico, as mulheres hoje em dia estão mais independentes que nunca. Outro dia uma amiga minha comentou que homem fica assustado com mulher inteligente e muito independente. Pra você por que isso acontece?
Sim, ela está certíssima. Esse é o mote do meu livro “Chabadabadá –aventuras e desventuras do macho perdido e da fêmea que se acha”(editora Record). O homem nunca esteve tão frouxo e medroso.
As mulheres estão indo à caça hoje em dia, vão atrás do melhor homem. E os homens viraram as presas. Você acha que elas estão indo atrás de amores platônicos ou fodas homéricas?
Eles querem tudo ao mesmo tempo: amores e fodas homéricas. Melhor: amores que comecem com fodas homéricas e assim prossigam. Eu dou a maior força, não me sinto tão mal assim no papel de presa. Que venham!
A verdadeira amizade entre homens é algo invejado pelas mulheres. Causando até ataques de ciúmes em algumas. Por que, em geral, as mulheres não conseguem ter esse nível de amizade que os homens cultivam? Como se explica isso?
É o nosso faroeste é bem mais civilizado, apesar de uns tiroteios que também saem do nosso controle. A competição entre as moças é mais pauleira. A começar pela paranoia: do corpo em forma, da roupa, da maquiagem, do cabelo. Do cabelo nem se fala, é uma guerra particularíssima.
O que as mulheres têm de aprender sobre o comportamento dos homens?
Acho que não tem que aprender nada com os perdedores. Nós dançamos machões, contrariando um velho livro do genial Norman Muiler.
Um recente post da Mensch na coluna “Crônicas e Indagações Femininas” foram inspiradas em uma citação sua na revista Marie Claire: “Mulher boa pra casar é aquele que já transou muito e ainda assim escolheu ficar comigo”. Isso é coisa de um homem “não machista” ou de um homem “que se garante”?
É coisa do meu repertório de experiências amorosas. Normalmente a mulher que já teve várias histórias, a destemida guerreira, a poderosa, é a melhor companhia em uma nova aventura de amor e convivência. Estou dentro, sempre.
Como é a sua relação com as mulheres? Por que elas gostam tanto de Xico Sá (segundo jornais e revistas)?
Não sei se gostam tanto assim como dizem, mas eu busco isso o tempo inteiro, com a minha devoção a elas, meu ajoelhamento diário no milho amoroso. É por essa causa que vivo. Também tem o lado de conselheiro, sou um bom ouvinte, paciente, adoro essas narrativas e procuro tirar delas algum ensinamento.
E esse fetiche por pés, vem desde cedo? O que mais te encanta em relação às mulheres?
Fetiche antigo. O amor começa pelos pés, disso não tenho duvidas.
Seu último livro, Chabadabadá, tinha um formato diferenciado, fora dos padrões, o que gerou muitos comentários. Como foi a receptividade desse livro afinal? Saiu exatamente como imaginado?
O livro segue um formato parecido com o “Modos de Macho & Modinhas de Fêmea”, também editado pela Record (está na 4ª edição), a minha primeira coletânea de contos e crônicas tratando do mesmo assunto: a tragicomédia dos relacionamentos. O “Chabadabadá” tem um luxo à parte, pois foi ilustrado com desenhos do Benício, grande artista dos anúncios publicitários, dos livros de pulp fiction e dos cartazes de cinema – principalmente da fase de ouro da pornochanchada.
Você realmente cultiva esse jeito “truculento” e “candango” que alguns veículos comentam, ou isso já faz parte de um marketing pessoal?
Eu tiro um pouco de onda sobre isso, é tanto que sempre falo rindo, nunca com pregações ou discursos sérios. É apenas para contrapor o macho-jurubeba, o homem à moda antiga, com os costumes modernos do metrossexualismo.
O que você curte fazer quando está com tempo livre?
Tomar uma cerveja na praia com os amigos ou em companhia de um bom livro. Cinema também sempre vai bem. Sem se falar na vagabundagem eterna pelos bares, sou um flaneur profissional.
– “Chabadabadá – aventuras e desventuras do macho perdido e da fêmea que se acha” – Editora Record
– “Modos de macho & Modinhas de fêmea” – Editora Record
– “Divina Comédia da Fama” – Editora Objetiva
– “Nova Geografia da Fome” – Editora Tempo d´Imagem
– “Paixão Roxa” – Editora Pirata
– “Catecismo de Devoções, Intimidades & Pornografias” – Editora do Bispo
– “Ser um cão vadio aos pés de uma mulher-abismo” – Editora Fina Flor
– “Caballeros Solitários rumo ao sol poente” – Editora do Bispo
– “La mujer és un gluebo da muerte – noubellita sangrenta de amor a quemmaropa – Editora Yiyi Jambo – Asunción, Paraguay.
– “Tripa de cadela & outras fábulas bêbadas” (contos) – Editora Dulcinéia Catadora, São Paulo, Brasil