De 1962 a 1970 o mundo ouviu, viu e viveu a presença marcante dos Beatles. Paul, Lennon, George e Ringo formaram a maior banda de todos os tempos e até hoje, décadas após seu “fim oficial” sucessos como Love me do,Yesterday, And I Love Her, entre tantas outras, embalam a trilha sonora da vida de muita gente. Gente que viveu a era Beatles e gente que sequer era nascida na época do The Fab Four, como a banda era conhecida.
Como explicar tamanha admiração, amor e Beatlemania?
Mensch entrevistou 02 gerações de Beatlemaníacos pra tentar dimensionar a importância dos Beatles na vida desses amantes das músicas que revolucionaram o Rock’n Roll, a geração dos anos 60 e, porque não dizer, todas as outras que se seguiram até hoje.
Jocílio Tavares, 58, é engenheiro elétrico que este ano realizou o grande sonho de ir até Liverpool conhecer o “Blue suburban sky”. A história de Jocílio com os Beatles começou em Campina Grande, interior da Paraíba, em uma época em que os meios de comunicação eram precários ou inexistentes no local e descobrir “Os 4 Rapazes de Liverpool” foi mesmo uma grande sorte.
Incentivado pelas filhas, Mônica e Vanessa, Jocílio montou em casa um pequeno “museu” (ele diz que é só um ”espaço Beatle”, mas eu estive lá e posso dizer, tem porte de Museu!..rs) com várias coisinhas dos Beatles, como souvenirs, livros, LP´s, DVDs e quadros.
“Não é fácil determinar qual dos momentos mais me tocou porque tive muitas situações em que a música dos Beatles, principalmente na Beatlemania, envolveram minha vida, mas dois momentos posso afirmar que marcaram a minha vida Beatle. Um deles foi quando ainda em 1965, no interior da Paraíba, em Campina Grande aonde parecia distante se pensar em música inglesa e ainda dos Beatles. Não havia televisão, não havia rádio FM e ainda a mídia impressa era quase inacessível. Lembro que os jornais do sul do país só chegavam dois ou três dias da publicação. Nesse ambiente hostil de comunicação, por intermédio de um irmão curioso ouvíamos com bastante ruído algumas rádio em ondas curtas e transmissões da Voz da América e BBC de Londres eram fáceis de captar. Numas dessas transmissões ouvi pela primeira vez a música que começava a fazer sucesso na Inglaterra: I wanna hold your hand. Aquilo parecia estranho para a época, mas soou como o novo sentimento musical. Nada se assemelhava. Era único e permanente. Desde esse momento fiquei meio aficionado, mas sempre desconfiado de como poderia aquele ritmo, aquela música chegar melhor aos nossos ouvidos. O ruído da transmissão era horrível.”
Já
Sergio Mendonça, 30, publicitário e professor universitário, descobriu os Beatles fuçando os vinis de sua casa ainda com 15 anos e a relação dele com Paul, Lenon, Ringo e George é tão forte que o quarteto recebeu agradecimentos em sua dissertação de mestrado.
“Quando ouvi senti uma familiaridade muito grande, como jamais senti novamente. Passei a ouvir todo dia e a aprender inglês. Fui comprando discos e conhecendo as músicas, que jamais me cansam os ouvidos. Meu interesse foi crescendo e a paixão pela banda surgindo. Foi também uma época em que praticamente tudo o que fazia sucesso nas rádios faziam doer meus ouvidos adolescentes. Daí quando descobri a banda, senti que eu também era deste planeta.”
Com tanto amor pela banda,tanto Sergio como Jocílio concordaram ser injusto escolher a melhor música dos Beatles, mas arriscaram falar sobre as mais marcantes em suas vidas:
“Uma das coisas mais difíceis de falar é sobre a melhor música dos Beatles, aquela que mais toca a alma, aquela que identifica. Tudo é difícil de afirmar. Parece que a gente está ofendendo as outras quando se dirige para uma música. Acho que as outras ficam magoadas. De qualquer forma e respeitando as demais fico com All you need is Love pela mensagem e It Won’t Be Long pela leveza da letra e o embalo da música simples e gostosa de se ouvir. Não dá para esquecer Paul cantando The Fool On the Hill. É uma viagem. Sei que estou sendo injusto, mas essas me tocam de imediato. “ (Jocílio Tavares)
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Não tenho música preferida. Sinto que escolher uma é negar, em parte, as outras. Admiro a obra como um todo. Mas, nas primeiras descobertas, a música que me fez compreender e dizer para mim mesmo “é disso que eu gosto” foi I feel fine. Tenho um carinho especial por ela.” (Sergio Mendonça)
Às vésperas do show de Paul McCartney em São Paulo Sergio e Jocílio não escondem a ansiedade e a emoção de ver o ex-beatle ao vivo. Haja coração para esses dois fãs de gerações diferentes, mas que compartilham uma mesma paixão: The Beatles.
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Não tem como descrever o sentimento. Ver um ex-beatle se apresentando para mim é fechar um ciclo de realização. Certamente, para quem tem um alto envolvimento com a história do The Beatles e de Paul, vai ser mais que um show. Além disso, Paul McCartney, para mim, é o maior músico do século XX.” (Sergio Mendonça)
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É mais um desafio para o coração. Tenho por Paul certa “intimidade”, pois sua música melodiosa me fez ser um colecionador de seus DVDs e CDs. Assim, o show, com alguma modéstia, me parecerá “familiar”. Mas na verdade é outro sonho que se realiza. Gostaria que ele tocasse algumas canções que embalei sentimentos como I’ll Follow The Sun e Hello, Goodbye, dos Beatles ou Mull Of Kintyre e Ebony And Ivory de Paul.” (Jocílio Tavares)
Acesse as entrevistas na íntegra aqui
Texto: Nadezhda Bezerra