
No cenário atual do marketing de influência, as marcas não querem mais apenas publicidades pontuais com criadores de conteúdo. Segundo Mario Henrique, CEO da HSA, agência especializada no setor, a tendência é a busca por relacionamentos duradouros com influenciadores que realmente consumam e acreditem nos produtos que divulgam.
“A principal diferença hoje é que as marcas querem influenciadores que estabeleçam uma conexão real com seus produtos. Elas não querem mais alguém que faça apenas uma campanha pontual, mas sim contratos mais longos, onde o influenciador realmente consuma e transpareça verdade na relação com a marca”, explica Mario.
Engajamento X Qualidade: o que pesa mais?
A ideia de que o engajamento é o principal fator na escolha de um influenciador já não se sustenta da mesma forma. De acordo com Mario Henrique, o que realmente faz diferença para as marcas atualmente é a qualidade do conteúdo. “Hoje, o engajamento pode ser impulsionado por tráfego pago e estratégias de posicionamento. O que mais pesa é a qualidade do conteúdo: uma boa iluminação, um vídeo bem produzido, um áudio limpo. Não basta mais apenas gravar algo no celular sem preocupação estética”, ressalta.

Métricas e conversão: o que realmente importa?
Quando se fala em mensuração de resultados, as marcas já não olham apenas para cliques ou visualizações. O foco agora está no impacto gerado. “O mais importante é o alcance, ou seja, quantas pessoas foram impactadas pelo conteúdo. O clique no link ou a visualização isolada já não são mais tão relevantes, porque existem formas de impulsionar esses números artificialmente. O que interessa é o real impacto na audiência”, destaca Mario.
Microinfluenciadores ganham força
Com a ascensão dos micro e nano influenciadores, que possuem públicos menores e mais nichados, o mercado começa a valorizar perfis com menos seguidores, mas que geram um retorno de vendas mais direto. “Os microinfluenciadores estão se tornando fundamentais nas campanhas, tanto pelo custo mais acessível quanto pela qualidade da entrega. Eles querem construir relações duradouras com as marcas, o que reflete diretamente no retorno de vendas”, afirma o CEO da HSA.
Isso não significa que os mega influenciadores estejam perdendo espaço, mas eles precisam se reinventar. “Os grandes influenciadores vão precisar se adaptar, agregar valor à sua imagem e se tornarem mais do que apenas criadores de conteúdo: precisam virar artistas, marcas próprias. O mercado exige profissionalização”.

Redes sociais e a mudança no consumo de conteúdo
O comportamento do público também está em transformação. As redes sociais se tornaram um termômetro instável, alternando entre a entrega de conteúdos mais elaborados e materiais mais espontâneos. “As pessoas querem conteúdos mais reais, próximos à realidade. A fase da ‘vida perfeita’ nas redes já não convence mais como antes”
A importância da credibilidade para as marcas
Muitas empresas ainda erram ao escolher influenciadores apenas pelos números, sem considerar se aquele criador realmente consome o produto. “Não adianta contratar alguém com milhões de seguidores para divulgar cerveja se a pessoa só bebe refrigerante. O público percebe essa incoerência e a marca perde credibilidade”, alerta Mario. O grande diferencial dos influenciadores atualmente não é apenas o número de seguidores, mas a forma como constroem sua identidade no digital. “Hoje, quantidade não significa qualidade, engajamento ou retorno de vendas. As marcas procuram criadores que realmente levem a internet como profissão, entreguem conteúdo de qualidade e respeitem seu público. O Brasil tem mais de 543 mil influenciadores, então o filtro das marcas precisa ser cada vez mais rigoroso. O que vale é a credibilidade e a entrega real de valor.”