EMPRESÁRIA HERDOU DOS PAIS O AMOR A FERNANDO DE NORONHA E SE DEDICA A RECEBER BEM QUEM VISITA O ARQUIPÉLAGO, ALÉM DE PROMOVER O DESTINO NO BRASIL E NO MUNDO.
Por Isabelle Barros / Fotos Bruno Maia
Não importa para onde Fabiana de Sanctis vá: ela sempre leva Fernando de Noronha consigo. A CMO (Chief Marketing Officer) do Dolphin Noronha VillaHotel frequenta o arquipélago desde os cinco anos de idade e dedica sua vida a proporcionar experiências especiais a quem se desloca para essa joia do turismo pernambucano. Ela atua praticamente como uma evangelista do local – além de ajudar a administrar o Dolphin, junto com seus pais e seu irmão, ela viaja pelo Brasil e exterior em eventos turísticos a fim de promover um dos destinos turísticos mais especiais do país.
A paixão por Noronha é de família. Os pais, Luís e Maria do Carmo Falcão, chegaram à ilha em 1981, para verificar um antigo hotel de trânsito do Exército americano. A decisão mudou o destino de toda a família, ao ligar a vida do casal e de seus filhos ao conjunto de ilhas, distante 545km do Recife. Empolgado com o que viu, o casal abriu um hotel no ano seguinte. “Meus pais se encantaram pelo arquipélago e entenderam o potencial da região. Meu pai já tinha tido uma operadora de turismo anteriormente. Então, ele deu uma grande contribuição para formatar Fernando de Noronha como destino turístico. Ele levou muitos veículos de comunicação para conhecer o arquipélago, a fim de realizar reportagens e documentários, e um público mais amplo passou a se interessar por esse lugar”.
De local de detenção até meados do século XX, Fernando de Noronha passaria a ser cada vez mais conhecido por unir belezas naturais e preservação ambiental, tornando-se referência em ecoturismo. A família Falcão se tornou dona da primeira acomodação hoteleira, do primeiro fretamento aéreo e do primeiro barco de passeio da localidade. No entanto, o pioneirismo teve seu preço. “Meu pai foi um visionário, um desbravador, mas, no começo, as dificuldades eram imensas. Não havia restaurantes, então meu pai oferecia pensão completa, com café, almoço e jantar aos hóspedes. Meus pais foram trabalhando de seu próprio jeito, construindo a empresa aos poucos”.
Em paralelo ao crescimento dos negócios, Fabiana e o irmão, Leonardo, tiveram uma criação diferenciada, baseados no Recife, mas com acesso a toda a natureza que Noronha podia proporcionar. “Por conta de nossas idas para lá, tive educação ecológica e ambiental muito cedo na minha vida. Sempre me senti em casa no arquipélago, tínhamos muita liberdade. Aprendi a nadar no mar, convivia com os pescadores e o principal: sempre gostei de receber pessoas, desde pequena. Ia nas mesas dos hóspedes, gostava de conversar com eles”.
O esforço da família deu origem ao Dolphin, fundado no ano 2000 e que, atualmente, conta com 31 quartos distribuídos em 12 mil m² de terreno, com todas as comodidades que os melhores hotéis ao redor do mundo podem proporcionar. O estabelecimento fica a aproximadamente 1km do primeiro hotel que a família Falcão administrou. Até hoje, o núcleo familiar continua envolvido no dia a dia do hotel. A mãe de Fabiana é responsável pela contratação de pessoal e compras. O irmão dela é o CFO (Chief Financial Officer) da empresa. O pai, por sua vez, é o CEO (Chief Executive Officer) e fica ainda com a parte jurídica do empreendimento, dividindo seu tempo com uma construtora de vocação ecológica e sustentável, a fim de respeitar o meio ambiente do arquipélago. Fabiana, por fim, é o nome que comanda o marketing, o comercial, a governança e a recepção de hóspedes e convidados.
O Dolphin divide seus quartos em vilas e a maior parte delas conta com seis apartamentos cada. Nas áreas comuns, o estabelecimento tem duas piscinas, bem como jardins, gazebos, jacuzzis e sauna de vidro com vista para o Morro do Pico. Para fidelizar os hóspedes, o hotel se reinventa a cada ano. “Estamos lançando a Villa Zoe, que terá piscina privativa e um apartamento de, aproximadamente, 165m², com mordomo, concierge e café da manhã no apartamento a qualquer hora. Queremos oferecer um patamar ainda mais diferenciado e exclusivo de comodidade para nossos hóspedes. Também estamos finalizando a construção de um SPA, de um café e de uma loja, que serão abertos a não-hóspedes, e pretendemos ainda oferecer um wine bar e uma academia no ano que vem. No SPA, teremos ainda uma estrutura de salão de beleza, pois, quando há casamentos na ilha, muitas vezes as pessoas não têm onde se arrumar, e queremos oferecer essa opção”.
Todo esse investimento conta ainda com um diferencial: a vocação de Fabiana e sua família em receber os hóspedes. A empresária conta que já perdeu as contas de quantos deles se tornaram amigos. “Costumamos receber artistas, influenciadores, youtubers de viagem, além de pessoas anônimas, que querem descansar, se conectar com a natureza. Para deixá-los à vontade, temos um serviço muito acolhedor, muito simpático. Os funcionários chamam os hóspedes pelo nome e as pessoas se sentem muito bem-vindas, como se estivessem em casa. Fico muito tranquila quando estou no Recife, ou viajando para promover Noronha, pois sei que nossa equipe está mantendo a qualidade do acolhimento”.
Além do trabalho no Dolphin, Fabiana também conta com outra ligação entre o trabalho e a familía: a empresa Noronha Prime, que ela administra em parceria com o marido, Fábio de Sanctis. “Nosso objetivo é ser um receptivo de experiencias especiais. Oferecemos atividades on demand, de acordo com cada situação. Fazemos renovação de votos, jantares, aniversários, trabalhamos com passeio de barcos privativos e lanchas privativas, alugamos carros 4×4, contratamos massagistas e realizamos pequenos e médios eventos”. Todas essas atividades ajudam a complementar as atividades do hotel e a movimentar a economia do arquipélago.
O amor por Noronha também chegou à terceira geração da família Falcão. Os dois filhos de Fabiana já demonstraram interesse em acompanhar os negócios. Davi, o mais velho, está na faculdade de Computação e trabalha no Dolphin nas áreas de tecnologia e sistemas. O mais novo, João Vitor, tem 15 anos e, desde pequeno, demonstra interesse em acompanhar a rotina do hotel. “Meu caçula costuma ser mais reservado, mas, quando ele está por lá, adora ver o que acontece na lavanderia, na recepção, na cozinha e faz sua parte para contribuir. Meus pais nunca me obrigaram a trabalhar com eles, tudo aconteceu de forma muito natural. Foi a melhor coisa que me oconteceu. Da minha parte, quero deixá-los livres para escolher o caminho que desejam seguir. Não quero que eles se sintam obrigados a trabalhar conosco. Como mãe, meu desejo é vê-los felizes”.
Atualmente, a empresária sente falta de ficar mais tempo em Pernambuco – seja em Fernando de Noronha ou na sua casa, no Recife – pois as viagens para divulgar o destino a levam para longe. Em suas incursões por outros estados e países, ela dá dicas sobre o arquipélago e se dedica a desfazer mitos. “As pessoas precisam pesquisar para entender o que elas podem esperar de uma viagem para lá. É preciso escolher a época certa e compreender que Noronha não é um local com resorts na beira da praia, onde você estala o dedo e recebe um drinque. Há uma natureza mais selvagem, requer um certo esforço físico para conhecer determinados locais. Precisamos preservar toda essa beleza, pois estamos em um parque nacional. Minha missão é qualificar e conscientizar o turista para manter Noronha do jeito que ela é”. Fabiana também valoriza seus momentos de descanso, quando não está trabalhando em Noronha ou promovendo o destino no Brasil e no exterior. Após sofrer um burnout, há dois anos, a empresária tem valorizado ainda mais a conexão com Deus, o contato com a natureza e seus momentos de tranquilidade em casa, no Recife. Sempre que está no arquipélago e tem um tempo livre, a CMO do Dolphin gosta de tomar banho de mar e andar de barco. Na capital pernambucana, sua maior satisfação é passar tempo com o marido e os filhos. “Minha casa é meu templo. Gosto de cozinhar com Fábio, de ficar grudadinha com meus filhos. É onde está minha paz”.
Aproveite e assista o podcast MENSCH Noronha com Fabiana de Sanctis gravado na ilha: