Thais Muller começou beeem cedo sua carreira de atriz, para ser mais específico aos 3 anos de idade ao lado da mãe estreou no teatro com a peça “A Dama e o Vagabundo”. Aos 7 anos fazia sua estreia na TV, na novela “O Cravo e a Rosa” (Globo), e hoje em dia aos 27 anos, está interpretando a personagem Minha Flor na novela “Topissima”, na Record. A garotinha fofinha da TV cresceu e virou um mulherão. Junto veio o talento e a disciplina de quem cresceu nos bastidores de teatros e estúdios. Para Thais isso ainda é só o começo. Ela segue tão determinada quanto linda na sua profissão. E nós ficamos aqui só admirando essa mulher de tantos adjetivos. Vamos logo à entrevistas e fotos que está incrível.
São 24 anos de carreira com 27 de idade. Como assim? (risos) Como você avalia sua trajetória? Eu me sinto realizada de poder estar exercendo essa profissão há tanto tempo. Ainda mais em um momento tão caótico que estamos vivendo na arte e na cultura, sou, sem dúvida, uma privilegiada de poder fazer o que eu amo. Já foram muitos trabalhos, tantos aprendizados, experiências acumuladas, hoje, me considero mais madura para realizar os próximos projetos que estão por vir.
Quais os prós e os contras de ter começado a trabalhar tão cedo? Acho que tem muito mais prós do que contras. Claro que ao longo acabei perdendo um aniversário de uma amiga aqui, uma viagem com a turma ali, mas desde cedo conquistei um comprometimento e uma dedicação que acho que não teria se não tivesse começado tão cedo. O que me ajudou não só na profissão de atriz, como na vida inteira, conciliando estudos e minha outra carreira.
E como foi crescer diante dos olhos do público? Os personagens que interpretei refletiam sempre momentos que eu estava passando na minha vida pessoal, como primeiro beijo por exemplo. Foi quase na mesma época que também tive meu primeiro beijo na ficção. Também existem outros momentos engraçados, algumas pessoas não acreditam que eu cresci, que o tempo passou pra mim também, como passou pra elas. Então, muitos ainda me mandam mensagens pra falar da Fátima, de “O Cravo e a Rosa”, e se assustam por eu já ter 26 anos. Mas, ao todo, eu posso dizer que fui feliz tendo tanta chance torcendo por mim ao longo desse caminho.
Com 20 anos de TV, já se pode dizer que você é uma veterana. Que dicas você dá para quem está começando? Muito estudo e perseverança. Quase todos que você vê aí brilhando na TV, além de já terem levado muito “não”, se dedicaram bastante para realizar seu sonho de atuar. Não é fácil, como a maioria acha. A gente batalha demais, pois tem muita gente para pouco produto. Calma e paciência, são outros dois conselhos que eu daria, pois acho que o que é de cada um está guardado, e que tem espaço para todo mundo na nossa profissão.
Você está em “Topíssima”, na Record, como uma jovem estudante de comunicação. Conta um pouco desse trabalho. Eu faço a personagem Rosa, mas conhecida como Minha Flor. Ela mora em uma república, junto com outros estudantes, e é a mais romântica e apaixonada de lá. Ao mesmo tempo sabe se colocar muito bem como uma mulher que sabe o que quer. Ninguém diz pra ela o que fazer, gosta de deixar sua opinião bem clara sempre. Além de ser uma fashionista de primeira, enlouquecida pelo mundo da moda, ela não economiza em nenhum detalhe. Sempre com um estilo único, ela causa uma boa impressão por onde passa. Esse personagem é literalmente um presente. Primeira vez que interpreto uma mulher, e não uma menina. Que fala de temas que eu também trato na minha vida. Estou muito feliz! E acho que veio no momento perfeito da minha vida, me sinto preparada para dar uma a Minha Flor.
Você chegou a se formar em moda e hoje tem até uma loja. Nos fala um pouco da sua relação com a moda e desse seu lado empreendedora. Por viver com dois atores em casa, fui percebendo como essa profissão pode ser ingrata. E como uma boa virginiana, desde cedo sabia que iria fazer um curso completamente diferente quando prestasse vestibular. Foi aí que o Design de Moda entrou na minha vida. E, sem esperar, me apaixonei completamente durante o curso, e já pensava em ter uma marca própria desde o início. Depois de 2 anos trabalhando em cima, a Ladotê Ateliê nasceu. E eu comecei a conciliar as minhas duas profissões. Hoje, somos uma marca de camisaria unissex, com uma loja em SP e um ateliê no Rio de Janeiro. O trabalho é grande, pois sou eu que faço tudo, desde a compra do tecido, corte e costura, até o carregamento do estoque. Mas como amo o que eu faço, acho que é uma felicidade que não tem como explicar.
Paralela à vida de atriz você tem investido em produção teatral. De onde surgiu esse desejo? Como tem sido batalhar para a realização desses projetos? Sim, é uma linda loucura. Acho que é a melhor forma de definir a produção de uma peça. Porém não consigo ficar parada, e fui vendo que alguns projetos que queria muito fazer como atriz, precisavam de uma garra maior para acontecer. Foi assim que comecei a produzir as minhas coisas. Ainda estou caminhando, aprendendo, mas acho que é um universo que todo artista deveria explorar para entender como é difícil se produzir nesse país.
Como tem sido investir na arte no Brasil? E como você avalia a situação da cultura no país? Não tem sido fácil. Não temos mais tantos incentivos e nossa verba está sendo cortada como se estivéssemos sendo deixados de lado. A cultura importa sim, os artistas importam sim. A arte retrata a beleza da vida, e eu fico me questionando como as próximas gerações ficariam sem isso. Se nós não nos juntarmos agora para fazer barulho e movimentar alguma mudança, não sei o que vai ser. O Brasil é um país amplo, diverso, cheio de possibilidades pro mundo, sua cultura e sua arte deveriam chegar a lugares maiores e não tentar nos calar ou abafar.
Próximos projetos? Vamos fazer “Zoologico de Vídro” no teatro. Além de atuar, estou produzindo o espetáculo que deve estrear ano que vem. E estou muito feliz !! Amo Tenesse Williams, o autor desse texto, e sempre quis montá-lo. Estou com saudade dos palcos!
E como se vê daqui 10 anos? Quero ainda estar trabalhando. E, principalmente, me redescobrindo em cada papel que faço. Eu tenho um outro sonho grande de ser mãe, espero que em 10 anos eu tenha realizado isso.
Você se acha sexy? Eu, hoje, gosto muito mais do que vejo do que alguns anos atrás. Aprendi a lidar com o meu corpo, com meus traços, com aquilo que eu não gostava muito antes. Tem dias que me sinto a mulher mais linda e sexy do mundo e outros dias não. E está tudo bem! Aprendi a me cuidar e me sentir bonita para mim. E é tão bom quando você entende isso!
Como você enxerga o feminismo hoje em dia? Luto diariamente comigo mesma e com os que estão a minha volta, pois fomos criados numa sociedade completamente machista que não nos cabe mais. O movimento busca a libertação da mulher. E quem de nós não quer igualdade e direitos iguais? Sou daquelas que questiona, conversa, busca explicar e mostrar tudo que já conquistamos e o quanto ainda temos que caminhar para chegar ao que queremos. Mas estamos em um caminho lindo de mudanças necessárias!
Acha que pela idade e até pela beleza as pessoas te olham diferente quando você vai em busca de captação de recursos para seus projetos? Ah, não deixo nunca chegar nesse ponto. Sou bem profissional e já mostro meu trabalho logo de cara. E pra quem não pensa que nem eu, não me interessa nem trabalhar junto! Cheguei em um momento da vida que sei me impor e o respeito é o principal ponto.
O que um homem tem que ter pra te conquistar? Eu gosto daqueles que me fazem rir. É bem simples. Namorei a vida inteira, separei recentemente e agora estou solteira. É um momento novo e de muitas descobertas pessoais. Pela primeira vez estou feliz comigo mesma!
Esse é seu primeiro ensaio mais adulto. Como foi fazer esse trabalho? Sim. Foi especial O Vini (fotógrafo) me mostrava umas fotos durante que eu nem me reconhecia. Mas toda a equipe foi ficando tão empolgada que eu fui me jogando cada vez mais ao longo! Passamos um dia inteiro tirando fotos, e o clima nos bastidores fez toda a diferença. É um ensaio que sou bem agradecida e tenho muito orgulho!