Poucos quilômetros após as praias mais conhecidas do município São Miguel Dos Milagres, litoral Norte de Alagoas, está a quase deserta Praia do Patacho. Um grande coqueiral a perder de vista e casas simples na rodovia que vai em direção à cidade de Porto De Pedras, onde uma barca faz a travessia para os municípios de Japaratinga e Maragogi. Antes de chegar a Porto de Pedras, entrando a direita de quem vem de Maceió, um túnel feito naturalmente pelas árvores te levam a esse pedaço de paraíso.
Lembro do Patacho, quando criança, fui passar Carnaval com minha família na casa de meu tio Álvaro em Porto de Pedras. Lembro de caminhar de manhã pela praia e ficar intrigado com a maré baixa e ver o céu refletido no mar que, de tão parado, ficava por conta da proteção natural de uma barreira de corais que se estende até o litoral pernambucano. Dos anos 80 pra cá, em termos de tranquilidade e beleza pouca coisa mudou no Patacho. Pousadas pequenas aqui e ali, cercadas por coqueirais.
Depois de dois anos sem parar de trabalhar no Rio de Janeiro, na TV, e rodando o pais com teatro, finalmente entrei em férias e fui visitar minha família em Maceió. Mas, antes disso, queria me “esconder” do mundo. Não havia destino melhor que o Patacho. O movimento das marés, que faz recuar o mar duas vezes ao dia, fazem submergir os corais e formam piscinas naturais com um sem número de tons entre o verde e o azul. Não se assuste se aparecer um peixe-boi por ali. A foz do Rio Tatuamunha está logo ali depois das Praias da Laje (outra praia tão bonita quanto) e Tatuamunha. Nesse rio há um projeto de preservação do Peixe-Boi que vale muito a visita. Na maré cheia, eles saem pro mar e às vezes ficam presos na maré baixa nos corais.
Caminhar por esse pedaço de terra por quilômetros ouvindo o “marulho” e com muita brisa do mar no rosto te faz esquecer completamente do caos das cidades grandes. À noite, o céu cheio de estrelas, é um espetáculo à parte. Fiquei na Vila do Patacho, pousada com poucos chalés que tinha sido muito indicada por amigos. Os donos Veronica e Guilherme são de uma simpatia e de um cuidado que te fazem sentir em casa. Cuidam da propriedade há uns 15 anos e tudo ali é feito com muito cuidado e bom gosto. Super indico! Eles já começam a sentir os sintomas de que daqui a pouco o lugar possa ser ‘invadido’. Que o Patacho não seja atingido pela especulação e que conserve esse ritmo e tranquilidade que vi quando era um moleque nos anos 80.