O talento e a versatilidade de Vannessa Gerbelli que se vê hoje começou lá trás, nos palcos com a peça “Quixote”, isso em 1993. Sua estreia na TV só veio acontecer 20 anos depois na novela “O Cravo e a Rosa”, e daí em diante não paramos mais de vê-la em novelas, filmes, seriados… Um de seus personagens mais marcantes foi a Fernanda de “Mulheres Apaixonadas”, em 2003, onde viveu um drama sem tamanho. Alternando humor e drama, Vannessa foi nos conquistando com suas inúmeras personagens até hoje. Conversamos com nossa estrela para saber um pouco mais dessa carreira de sucesso. E que venha muito mais Vannessa por aí!
Inevitável falar com você e não lembrar de “Mulheres Apaixonadas” (novela que está sendo reprisada no canal Viva), onde você fazia a mãe da Bruna Marquezine e que morreu baleada num tiroteio no Rio. Como foi fazer esse trabalho? Acredita que ele foi o mais importante da sua carreira? Foi um trabalho importante sim. Foi uma novela que me deu um maior volume de trabalho, com uma personagem dramática que comovia as pessoas. Eu nem sabia que uma novela podia mobilizar tanto o interesse e o engajamento das pessoas. Eu não tinha ainda muita experiência na TV e esta novela me deu mais “cancha”, me ensinou mais sobre o ofício.
Também pudemos rever seu trabalho em “Novo Mundo” e em “Jesus” durante essa longa quarentena. Qual avaliação faz sobre toda sua trajetória? É muito crítica? Eu costumava ser, mas percebi que quanto menos eu me cobrar (o que não significa estudar menos, mas atuar focada mais no prazer de representar) e me desapegar dos resultados, as cenas ficavam melhores. (Isso é óbvio porque precisamos estar relaxados pra atuar, só que demoramos a atingir esse desprendimento). Mesmo que o personagem esteja tenso, o ator tem que estar relaxado para deixar aqueles sentimentos e emoções fluírem. O medo atrapalha tudo. A tentativa de controle atrapalha tudo.
Você fez uma peça online durante o mês de outubro. Acredita que esse novo formato encontrado pelos artistas vai ter continuidade mesmo após o fim da pandemia? Acredito que sim, porque existe público por todo o Brasil e até no exterior que pode ter a chance de ver um espetáculo que não veria em sua cidade. Acredito que esse formato pode se aprimorar e dar certo, sim.
O que tem aprendido com esse formato e como tem sido esse retorno ao trabalho mesmo nessas circunstâncias? Como tudo que é novo, é desafiador. A relação com o público é suprimida, Então, temos que imaginar uma plateia pra além das câmeras. É um exercício de imaginação que não fazemos no teatro e acontece pouco no cinema ou na TV.
Como tem lidado com a quarentena? É daquelas que acredita que vamos sair melhores disso tudo? Eu acreditava sim, mas não mais. A cada dia que passa, percebo pessoas em sintonias diversas. Gente despertando pra uma consciência maior de fraternidade, de cuidado com o meio- ambiente etc. e, por outro lado, uma galera querendo que tudo se exploda. Posso dizer que EU vou sair mais consciente. Tenho muitos amigos que pensam o mesmo, mas honestamente não sei da maioria. A cada dia me espanto com a indiferença, a truculência e a ignorância de muita gente.
Como é ser mãe de um adolescente de 13 anos em tempos como os de hoje, quando se tem falado muito sobre feminismo, racismo, homofobia etc.? É mais fácil porque os assuntos estão aí, sendo discutidos. Talvez as mudanças ainda não sejam consistentes, mas estamos em movimento. Difícil seria educá-lo com os princípios em que acredito numa sociedade que acha que homofobia, misoginia e racismo são normais.
Aos 47 anos é a primeira vez que você posa pra MENSCH. Como você lida com a idade? A proximidade dos 50 anos te assusta? Não. Acho que já passei da fase de me assustar!
É vaidosa? Como tem se cuidado mesmo em tempos de pandemia? Cuido da alimentação, faço alongamento, yoga.
Você é sempre uma pessoa muito discreta. Como faz para conciliar esse estilo de vida com a curiosidade da mídia e dos fãs? Acho que com as redes sociais, onde as pessoas têm informação a todo instante sobre a vida privada dos artistas, as pessoas meio que relaxaram com isso. Acho que o público tem muito material pra acessar, de artistas nacionais, internacionais (de amigos e de familiares também) que se expõem numa boa. Acho que hoje em dia rola mais respeito com quem não tem essa onda forte de se expor.
O que te conquista? Inteligência, caráter, humor.
Você agora assina Vannessa e acredito que isso tenha influência da numerologia. Já sentiu alguma diferença na sua vida desde que optou por essa troca? Qual sua relação com religião, crenças? Tem a ver com numerologia sim. Sou dessas… Sou espiritualista, acredito nos espíritos, em reencarnação, amo o budismo, me interesso por neurociência, pela nova física. Rezo, medito. Tenho muito interesse pelo funcionamento da mente. Acredito que minha vida está melhor sim, mas penso que seja por causa de uma busca incessante minha de vencer meus fantasmas e encontrar paz.
O que a Vannessa de hoje falaria pra Vannessa de 27 anos atrás, quando você começou a carreira? “Seja gentil consigo mesma”.
Foto Ricardo Penna
Styling Marlon Portugal
Beauty Yago Maya