A vida de Adriane Galisteu (olhe que estamos falando até aqui) é cheia de fortes emoções, altos e baixos e acima de tudo, de muita batalha. Poderia muito bem ser trama de alguns dos personagens que ela já representou nos palcos de teatro ou na TV. Não tem como olhar a trajetória dessa mulher incrível e não admirá-la por tudo. Adriane em vários momentos da sua vida soube dar a volta por cima e tirar proveito (no bom sentido, claro!) até dos momentos mais difíceis. De uma simples modelo vinda da Lapa para uma das melhores apresentadoras que o Brasil tem, de ex-namorada do piloto Senna a uma das mais elogiadas atrizes do teatro. Adriane tem provado que é boa no que faz! Dedicada e louca por um bom desafio, Adriane já provou inúmeras vezes que tem é muita garra. Poderíamos ficar aqui falando e elogiando essa grande mulher sem parar. Adjetivos não lhe faltam. Mas nessa volta à nossa capa, Adriane se mostra ainda mais apaixonante e apaixonada pelo que faz. Que venha muito mais pelos próximos anos. E muitas outras matérias como essa que faz gosto você ler e fazer.
Adriane, da época do Meia Soquete, passando pela Ford Models, PLAYBOY, teatro, TV, chegada do filho. Foram muitas emoções até hoje. Como você avalia essa sua trajetória e o que aprendeu até aqui? Eu sou uma mulher que tem uma aliança com as coisas boas desde que as coisas não eram nem tão boas assim. Eu sou uma mulher que gosta da vida, gosto de me divertir com a vida, amo o meu trabalho e as minhas escolhas. Acerto e erro para todo mundo ver, tento ser o mais honesta genuína na televisão, nas minhas redes sociais e onde quer que eu esteja. Então, seja com a maternidade, idade, maturidade, com o trabalho, na televisão, teatro, fora do ar ou no ar eu procuro estar sempre dentro do meu prumo. Confesso que tenho meus momentos difíceis como todo mundo, tenho meu momento de tristeza, mas eu tenho muita fé em Deus. Eu sou uma mulher que tenho muita fé no meu “taco” também, no meu trabalho. Amo a vida!!! Quando falo que tenho “aliança” com a vida é porque acho que a vida é dividida em quem lamenta e quem corre atrás. Tem muita gente que tem uma vida boa e lamenta assim como tem gente que tem uma vida ruim e lamenta, isso não tem a ver com o dinheiro, ou quantidade de trabalho e sim com personalidade. E tem gente que tem vida boa e continua correndo atrás, tem gente que tem uma vida difícil e corre atrás e tem gente que tem pacto com a felicidade e estou desse lado da corda. Eu falo sempre isso: Eu gosto da vida, claro que eu choro, me desespero, entristeço, mas eu tenho dia e hora pra parar de chorar até porque não podemos perder tempo e ele é o que mais temos de luxuoso na vida, né? Aliás, tempo e saúde.
Da garota da Lapa que sonhava com o sucesso até a fama de hoje. A perda da inocência nesse universo de “glamour” aconteceu em que momento? Quando você percebeu que se não tivesse determinação e fosse a melhor que você pudesse ser nada iria acontecer? Confesso que rapidamente descobri que as coisas não iriam cair do céu e que eu não tinha uma árvore no quintal da minha casa que eu poderia pegar um pouco de amigos, de dinheiro, trabalho e um pouco de alegria. Bem que eu queria ter uma árvore mágica (risos)… mas descobrimos que essa árvore estar dentro da gente. Então, você consegue conquistar as pessoas, ir em busca do seu e se você ama suas escolhas e acho que é o grande (na minha opinião) pulo do gato, né?! É você escolher o que te dá prazer pra trabalhar. Quando você trabalha com aquilo que ama você já tem 50% a menos de dor de cabeça, de perturbação, tristeza, então, sou uma mulher que tenho esse privilégio de conseguir sobreviver, pagar minhas contas, fazer as coisas que eu gosto através do meu trabalho que eu tenho prazer. E quando descobrimos cedo o que realmente a gente nasceu pra fazer, eu acho que a gente consegue muita coisa no caminho (já estamos no caminho certo). Então, eu descobri cedo e todas as pedras do meu caminho conseguir passar por elas e nunca desisti.
Já se desiludiu com a fama conquistada? O que a “vida de celebridade” te ensinou até aqui? A vida não é um mar de rosas, né? Mas é claro que passamos por dificuldades, momentos difíceis na vida exposta, seja no começo da minha carreira com os paparazzis, imprensa e hoje com as redes sociais e com as necessidades. Até porque hoje minha vida está muito mais focada nas redes sociais desde canal no youtube, podcast, instagram, facebook e twitter. Então, minha vida está muito colada em tudo isso porque a comunicação é minha área e todas as formas de comunicação eu sempre escolho, aprendo e coloco na minha vida. E por isso acontece a exposição, e quando acontece a exposição, acontecem as coisas que não são tão boas na vida não acontece só o bônus tem os ônus que também temos que administrar. Mas como respondi antes – na pergunta anterior – quando escolhemos aquilo que te dá prazer até para administrar o problema as coisas ficam mais leves, eles não fazem questionar suas escolhas mas talvez faça questionar as pessoas que estão com você, o seu próprio jeito, você começa aprender com as próprias críticas, enfim, tem momentos que não são fáceis mas são absolutamente possíveis de ser contornáveis.
Se manter no topo é muito mais difícil do que chegar nele? Essa coisa de “topo” acho muito uma questão de ponto de vista, sabe? “Topo” hoje é você ter saúde, wi-fi (risos), abrir câmera e soltar a voz isso pra mim é o “topo” de todo mundo. Hoje a fama ela é e estar na mão de qualquer pessoa que tenha um conteúdo. Então, se manter no “topo” é uma coisa que não faz mais sentido nos dias de hoje porque o “topo” depende de cada um, né? Tem “topo” que tem dois metros e tem “topo” que é infinito, então, a questão é você se manter no trabalho. Pra você se manter trabalhando fazendo aquilo que você ama e escolheu, pra isso precisar e exige dedicação, tempo, suor e equipe (gente pensando junto que é melhor).
Quais os momentos mais marcantes na sua trajetória que formaram a mulher que você é hoje? Fazer teatro pra mim é um grande desafio. O teatro é mais uma maneira de me comunicar, porém, de um jeito diferente, através de uma personagem e tive muita sorte no teatro de trabalhar do lado de pessoas muito talentosas, muito poderosas, muito geniais e eu tive a chance e sorte de trabalhar com elas. E de ser amiga dessas pessoas, eu estou falando de Bibi Ferreira, Paulo Autran, Juca de Oliveira, Jô Soares, Elias Andreato, Edu Figueiredo, enfim, são nomes importantes no teatro e que me ajudaram muito a construir minha história nos palcos.
O que Bibi Ferreira significa para você? Bibi foi uma grande professora. Foi a mulher que me olhou, me apontou e me escolheu, acreditou em mim, sabe? Ela odiava quando eu a chamava de musa, diva, mostro sagrado, não gostava de nada disso (risos). Ela odiava todos esses adjetivos. Mas como é falar de Bibi Ferreira e não pensar em “diva”? Sem pensar no poder dessa mulher, né? Então, ela pra mim é uma mulher majestosa, gigante – daquelas que são eternas.
Um divisor de águas na sua carreira como atriz seria a peça “Deus lhe pague”? O teatro sim é divisor de água na minha carreira, assim como a PLAYBOY foi também e assim como a minha estreia na televisão. Eu tive grandes momentos importantes, mas o teatro me colocou em outro jogo, né? E esse jogo que me refiro é o jogo de cena, atuar, estudar, aprender, ler, ser dirigida, lidar com o público de palco para a plateia, entender as quatro paredes e por aí vai. É uma outra linguagem praticamente, foi no teatro também que quando estreie pelas mãos da Bibi Ferreira ela falou assim pra mim “Agora que você estar em cartaz você vai ter que entender a diferença de talento pra vocação. Porque talento você tem e se você tem vocação aí é você vai descobrir. Porque ofício do teatro exige disciplina, generosidade, paciência e isso é questão de vocação. Agora está nas suas mãos”.
Você já passou por todos os canais de TV aberta e alguns da TV fechada. Já pegou a manha de como essa indústria funciona? Que lições tirou? Ah, sim. Eu me orgulho pelo extenso currículo na TV (risos), realmente passei por todas as emissoras aberta, por algumas fechadas, fora do país também e isso foi uma experiência incrível e continua sendo. Por que no meu trilho a televisão sempre estar, né? Sou “bicho” de ao vivo, de televisão e é pra lá que eu vou voltar. Mas a gente aprende muito, aprende que cada emissora tem sua doutrina, e cada patrão / emissora tem seu objetivo final e a gente tem que estar de acordo com aquele momento. A importância de você conseguir fechar uma conta que é conseguir agradar ao público – até por que somos funcionários do povo brasileiro que fica com controle remoto na mão e hoje com várias opções – dá ibope e também vender o programa – ter patrocínio, programa sem patrocínio não se sustenta. Então, é uma conta difícil de fechar, na minha época já era assim e isso não mudou. Mas outras coisas mudaram, hoje as pessoas assistem o que elas querem, do jeito e na hora que elas querem, hoje você tem tantas outras opções e a televisão entrou neste movimento, sabe? No movimento diferente das pessoas e isso é muito bom. Acho que todo mundo cresce com isso, fica mais democrático e aprendemos que cada dia é um dia e que cada emissora é de um jeito.
Fama e sucesso são coisas bem diferentes e você já conhece bem os dois. O que diria de cada um pela experiência que teve? Fama é uma coisa, sucesso é outra e os dois juntos – fama e sucesso – são melhores ainda. Só fama é possível, só sucesso também é possível, mas uma coisa não está ligada na outra e se conseguir esse casamento perfeito de ter as duas coisas fica mais agradável. Porque o reconhecimento do público ele vem através do sucesso, não só da fama. Famoso você pode ficar através de um “meme” e hoje em dia então você sendo criativo. O sucesso é consequência assim como o dinheiro.
Com talento comprovado para fazer o que quiser muito bem. Seja no teatro, TV, cinema ou internet. Não existe dúvida sobre sua capacidade. O que ainda falta realizar como profissional? O que falta eu realizar? Nossa!!! A lista é tão grande que não sou capaz de responder aqui (risos). Eu estou sempre querendo mais e isso significa que eu não esteja feliz até aqui, eu sou muito feliz até aqui, tenho muita gratidão por tudo que conquistei, pelas pessoas que me ajudaram a chegar até aqui também, porém, quero muito mais e não sou capaz de descrever sou uma, duas ou três coisas que gostaria pra ainda me realizar. Acho que quando a gente não tem uma lista muito extensa é um péssimo sinal e uma coisa que menos ia me deixar feliz é se faltasse pouco pra me realizar, ou se já sou uma mulher realizada. O que posso falar e afirmar é que sou uma mulher feliz com as coisas que conquistei, mas ainda quer muito mais porque tenho muita lenha para queimar (risos).
O quanto um casamento representa hoje em dia para sua estabilidade emocional como mulher? Ale – Alexandre Iodice – é meu parceiraço. Meu namorado, marido, amigo, meu empresário. É um homem que me admira, gosta da minha história e sempre estar no meu lado, me acompanha, passou a entender um pouco mais o meu trabalho e fico muito feliz com isso. Porque o casamento hoje traz essa estabilidade na minha vida e muito pela admiração e companheirismo de ambas as partes. Então, a gente está junto muito, trabalhando sempre, ele acompanhando, entendendo minha profissão, mas a base de tudo está na admiração. E eu dei sorte de ter casado com homem que é artista de alguma maneira, um homem que a vida inteira trabalhou com moda, desenha roupas masculinas, tem uma sensibilidade incrível para arte e ele me ajuda muito no meu trabalho. Ele gosta do que eu faço e torce por mim, por isso, a gente está a dose anos juntos e a gente tem filho maravilhoso que é a razão das nossas vidas, falo que é meu melhor papel porque ser mãe é a coisa mais maravilhosa que já experimentei.
Ser mãe dá um alicerce que faz você suportar qualquer barra pesada ou leve? Ser mãe pra mim faz eu compreender esse amor infinito que a gente ver, um coração fora do corpo, sabe? Eu venho de histórias cheias de barras, né? Mas eu falo das barras invisíveis, inclusive, tenho um projeto lindo que fala sobre isso. Nele eu abordo um pouco dessas barras que nós mulheres criamos em nossas cabeças. E tem também as barras que são super visíveis, pesadas pra todo mundo, passei e passo por elas porque a vida (como já falei) não é esse mar de rosas. Claro!!! Que a maternidade te faz mais forte, mais completa e seja ela de qualquer maneira de um filho biológico ou não. Mas esse amor e dedicação por alguém transforma nossas vidas. Eu já tinha e tenho uma relação próxima com a minha mãe (muito próxima mesmo) um amor que já relatei que é um amor de dividir tudo, de transformar a vida do outro, de um amor eterno, profundo e com a chegada do Vittorio isso só aumentou. Vittorio não é só a minha razão, mas é razão da minha mãe, da mãe e do pai (os avós) do Ale (e do pai dele). Ele é a alegria das nossas vidas e sim ele faz a gente ficar mais forte e faz a gente entender que a vida é feita pra viver, e vamos viver isso juntos. Ah! E faz a gente entende também que o tempo passa muito rápido do que a gente imagina, né? E percebemos através da idade dele (risos).
Esse ano você completa 48 anos. Mas o tempo tem sido seu aliado e você parece estar cada vez melhor. É muito difícil manter essa Galisteu que tantos admiram e cobiçam? Fazer aniversario é uma delícia!!! Vamos ficando mais madura, vai dando importância só o que é importante mesmo na sua vida e começamos a administrar realmente nossas prioridades e o tempo de uma forma muito mais legal. Não me preocupo com idade e sim com outras coisas, outras prioridades na vida. Mas claro que me cuido, né? Tenho uma vida mais saudável, na verdade, sempre tive e o esporte estar presente na minha vida.
O que foi mais difícil de enfrentar durante essa pandemia? Que lições tirou? Sem querer romantizar a pandemia e a quarentena, acho que ela veio pra fazer com que algumas fichas das nossas vidas caíssem de vez, sabe?! Quem não saiu melhor dessa quarentena não sei se vai aprender com outra coisa não. Foi um momento pra gente repensar, rever nossas verdades, nossas tabela de valores, trabalhei muito na pandemia, fiz até uma viagem para Portugal – de 50 dias – para fazer um reality show lá, fiquei três meses trancado em casa, faxinei, tirei da frente o monte de coisa, aumentei um dia no meu canal do Youtube, fiz live, criei o meu podcast “Fala Galisteu” (que é uma delícia), fui inventado várias coisas durante esse tempo mas o que mais curti foi ter a chance de ficar com a minha família muito tempo. E com o passar do tempo a gente vai sentir falta desse “tempo” que a gente tinha para estar com a nossa família e isso nunca mais vai mudar. A gente percebeu que é possível trabalhar a distância, percebemos também que é importante na nossa vida o beijo e o abraço. E quanto é importante ter um colo, amor, exercer a generosidade, tirar da frente o que não vale a pena, tudo isso aprendi na pandemia, graça ao tempo que tive apesar de ter trabalhado muito, mas os três primeiros meses tive tempo de me desesperar (no começo), morrer de medo (depois) e no terceiro momento de intender minha situação com minha família e fazer o melhor que a gente podia. Então, basicamente a minha pandemia serviu como lição, aliás, ainda serve.
Para finalizar… O que falta realizar, o que espera que venha por aí? Pra mim falta muito (risos). Falta voltar na TV aberta, voltar para o teatro, fazer ainda mais viagens, conhecer outros países, viver e estar sempre perto de quem eu amo. Ah! Claro, falta tanta coisa ainda, coisas que são deliciosas de correr atrás e de conquistar, sabe?! A minha vida é cheia de oportunidades assim como a sua, você que está lendo essa entrevista pode ter certeza de que as oportunidades batem na porta de todo mundo e a gente tem que agarrar, precisamos estar prontos para o novo. E é assim que eu penso, sabe? Quero estar sempre pronta para o que vem por aí.
Fotos Danilo Borges
Stylist Thidy Alvis
Beleza Alex Cardoso
Hair Thiago Fortes