Depois de viver a chef de cozinha Ludmila em “Amor de Mãe” e integrar o elenco da série “Desnude”, pelo GNT, Natasha Jascalevich atualmente está em destaque na série “Todas As Mulheres do Mundo”, que estreou há pouco tempo na TV Globo. A produção, que também pode ser vista pela Globoplay, traz Natasha como protagonista de um dos episódios onde vive Natália, uma mulher viciada em adrenalina e que encontra Paulo, personagem de Emilio Dantas, na sala de espera de sua psicóloga. Atriz, diretora e roteirista, Natasha também lançou, em fevereiro passado, o curta “O PEIXE- a pequena ponte entre a gula e luxúria” que fala sobre a relação entre a comida e o prazer feminino. Ainda no cinema, Natasha também integrou o elenco do filme “Deslembro”, de Flávia Castro.
No teatro, depois de se apresentar no festival “Interações acrobáticas”, onde apresentou um número teatral/circense chamado “O jantar ideal”, que conta os bastidores de um jantar romântico pandemico, a atriz também reestreou, em março, o espetáculo “Beth Carvalho, O Musical”, no papel de Maria Bethania, onde reviveu a cena histórica de sua apresentação no Teatro Opinião cantando “Carcará”. Namorada de Gabriel Stauffer há 7 anos, a atriz e o ator passaram a morar juntos durante a pandemia e desenvolveram um novo projeto. Os dois atores criaram, nos primeiros meses da quarentena, um curta-matragem chamado “A Lagarta” já contemplado por um edital da Funarte.
Artista desde os dez anos de idade, Natasha Jascalevich começou sua carreira artística em um projeto social de circo onde, mais tarde, se formou em contorcionismo e acrobacia aérea pela Escola Nacional de Circo. Paralelamente, se envolveu com teatro, dança e canto e, hoje, é conhecida como uma artista que permeia por várias linguagens. Nos últimos anos participou de grandes produções teatrais como: “Gabriela, um musical” de João Falcão, “O Frenético Dancing Days”, de Deborah Colker, e “Lazarus”, de Felipe Hirsch.
Como surgiu a oportunidade para integrar o elenco de “Todas as Mulheres do Mundo”, série que está atualmente na Globoplay? Dentro da série existia uma personagem com habilidades circenses muito específicas e na televisão é difícil encontrar uma atriz que faça circo. A produção de elenco chegou a testar algumas mulheres, mas acabei pegando a personagem pela desenvoltura com o texto e com o corpo.
Um tempo depois de ter sido lançada na Globoplay, “Todas as mulheres do mundo” chegou à TV aberta e estreou também na TV Globo. Como foi essa repercussão? O que esse trabalho significou pra você? Estou muito feliz com a repercussão da série. Até porque, na carreira de atriz, sempre fiz muito teatro e, fazer audiovisual, tem a vantagem de levar seu trabalho para um outro nível de alcance. Tive uma resposta incrível do público que assistiu a série no Globoplay. Agora estou esperando para ver o que o grande público vai achar da Natália, minha personagem.
O que mais te chamou a atenção quando aceitou participar da série? Primeiro, pelo fato dessa série ser dirigida por uma mulher, a talentosa Patricia Pedrosa. Segundo, por fazer parte de uma série baseada na obra de Domingos de Oliveira, um mestre do teatro e do cinema brasileiro.
Fale um pouco sobre a trama da sua personagem? A Natália, minha personagem, é uma mulher que adora o perigo e é completamente viciada em adrenalina. Quem começa a assistir o episódio não faz ideia das loucuras que ela irá aprontar até o final. (risos)
Como foi a experiência de viver a chef Ludmila em “Amor de Mãe”? Fiquei muito feliz quando recebi o convite para fazer essa participação porque sempre admirei e acompanhei os projetos do José Villamarim, diretor da novela. Acho “Amor de Mãe” uma novela com “cara de cinema” e que traz um viés político forte. É um projeto que, realmente, me deu orgulho de fazer parte. E a Ludmilla foi uma personagem ótima de interpretar.
Na sua carreira você foi dirigida por mulheres em quase todos os seus trabalhos. Você vê algum diferença entre ser dirigida por uma mulher ou por um homem? Você acha que isso reflete uma melhora no papel da mulher dentro do audiovisual? A maior diferença em um set comandado por uma mulher está no clima que se estabelece. O set ganha um lugar de escuta e de sensibilidade que ajuda toda a equipe a desempenhar melhor a sua repetitiva função dentro dele. No set feminino existe a calma para receber uma pessoa que está chegando e que não tem tanta experiência. Acredito que isso aconteça porque as mulheres sabem o quanto é difícil entrar nesse meio. Em um set masculino, levando em conta que os homens são a maioria esmagadora no setor audiovisual, existe uma pressão maior sobre desempenhar bem o seu papel, sem muito tempo para erros. Sem dúvida, na minha opinião, o ambiente de um set feminino colaborou muito para que eu conseguisse desempenhar melhor o meu papel em cenas difíceis como na série “Desnude” e no filme “Deslembro”, onde fiz uma cena que precisava abandonar meu filho.
Você e o seu namorado, o ator Gabriel Stauffer, criaram, nos primeiros meses da quarentena, um curta-metragem chamado “A Lagarta”. Fale um pouco sobre esse projeto? A Lagarta foi um curta-metragem criado pelo Gabriel e interpretado por mim no início da pandemia. O curta faz um paralelo entre o casulo de uma lagarta e o isolamento social. O filme fala sobre um momento de transformação e libertação depois de muito tempo de escuridão.
Você também escreveu, dirigiu e atuou no curta “O Peixe” que foi recentemente lançado. Como foi esse processo? O filme nasceu de uma pesquisa sobre o prazer feminino que venho desenvolvendo há anos. Acredito que falar de prazer ainda é um tabu para muitas mulheres, então quis abordar o tema através da comida que é um prazer comum a todos os seres humanos. “O Peixe”, faz parte de uma trilogia de curta-metragens chamada “A Pequena Ponte Entre a Gula e a Luxúria” e traz a lenda de uma mulher que tem um caso de amor com um peixe.
Como foi a experiência de criar artisticamente durante um período tão difícil como a pandemia? A pandemia está sendo um período de reinvenção para todos os artistas. Está sendo muito difícil para toda a classe. Independente disso, eu já vinha pesquisando a relação entre o prazer feminino e a comida há bastante tempo, pois são temas que me tocam muito. E, como sempre, trabalhei e ralei muito, mas ainda não tinha tido tempo de parar para desenvolver o projeto do filme. Então, nesse sentido, a pandemia ajudou o projeto a nascer. Me deu o tempo que eu precisava para isso.
A pandemia mexeu ou mudou algum projeto seu? Qual? Sim. Quando a pandemia começou, eu estava em cartaz com “Lazarus”, um musical dirigido por Felipe Hircsh, que teve que sua temporada interrompida. E, paralelamente, eu também estava iniciando os ensaios do meu primeiro espetáculo solo chamado “Prazer, Dona Flor”, uma versão de “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, famoso livro de Jorge Amado, onde Dona Flor toma as rédeas da história, narra fatos do seu ponto de vista e sai da sombra dos dois maridos.
Quais são os seus futuros projetos? Tem algum já em andamento? Sim, o curta O PEIXE que faz parte de uma trilogia de curta-metragens chamada “A pequena ponte entre a gula e a Luxúria”. Dentro disso, já estou produzindo o próximo que se chama “O Pão”. E também estou trabalhando em “Prazer, Dona Flor”, meu espetáculo solo, que está sendo preparado em uma versão online e que entrará em cartaz nas redes em breve.
Fotos Chico Cerchiaro Foto (série) Globo/João Miguel Júnior