Um cara simples e gente boa seria uma boa definição sobre nosso entrevistado dessa semana. Mas Diogo Nogueira é muito mais que isso. Pai dedicado, filho honrado e um sambista de primeira linha. Sambista com a alma da Portela e súdito do ídolo e pai João Nogueira. Criado no meio de muitas mulheres (ele tem três irmãs), Diogo logo cedo aprendeu as manhas e segredos que encantam a alma feminina. Talvez por isso saiba tão bem cantar a alma feminina assim como também domina uma bola e se espalha no mar, onde costuma relaxar surfando com os amigos. Um cara simples assim é o que você vai encontrar ao conhecer um pouco mais desse talentoso cantor ao ler essa gostosa entrevista. E para embalar a leitura, uma dica, leia ouvindo a música “Sou eu”, que ele canta juntamente com Ivan Lins e Chico Buarque.
Que valores você traz até hoje do seu pai? O que representa João Nogueira para Diogo Nogueira? Meu pai é uma grande referência na minha vida e na minha carreira. Aprendi com ele a ser correto, ter humildade, a estar sempre de bem com a vida. São ensinamentos que procuro pôr em prática em tudo o que faço.
Cantar as músicas de seu pai, o compositor João Nogueira, tem sabor especial? Com certeza! Tenho outras influências musicais, mas meu pai é a principal delas, pois desde pequeno aprendi muito com ele. Sou fã do João Nogueira e das obras dele.
Que poder a música “Poder da Criação” exerce sobre você? Qual a importância dela na sua vida? É um dos maiores clássicos da música popular brasileira e mais uma da safra de maravilhosas canções feitas pela dupla Paulo Cesar Pinheiro e João Nogueira. Sempre tive uma admiração especial por essa canção e a gravei pela primeira vez no DVD de 40 anos da minha querida Beth Carvalho, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Essa gravação abriu muitas portas na minha carreira.
2007 e 2008 os enredos que você compôs para a Portela receberam nota máxima de todos os jurados e ainda em 2008 você foi indicado ao Grammy Latino de cantor revelação. O que te deixou mais realizado e mais confiante do seu talento? Fico muito agradecido pelo fato de, em tão pouco tempo de carreira, já receber tantos reconhecimentos, inclusive nos sambas enredos que compus com meus parceiros. Me considero privilegiado. Acho que ainda tenho um longo caminho a percorrer, mas fico feliz que os resultados já estejam aparecendo. Como diz o meu segundo CD, “Tô fazendo a minha parte”…
Por que a Portela? Sou Portela desde que nasci. Já estava escrito. A primeira vez que entrei na quadra da Portela, no colo do meu pai, comecei a chorar e, meio emocionado, meu pai falou: “Você está chorando porque já é um portelense”. De lá pra cá, o amor só aumentou.
Samba ou futebol? O que pesa mais? Futebol e samba sempre andaram juntos. Me sinto realizado como cantor, com a carreira que eu escolhi. Mas, sempre que eu posso, jogo uma “pelada” com os amigos.
Você foge um pouco do estereótipo da imagem que se tem de sambistas em geral, possui várias tatoos, tem um porte de galã da novela das 21h e um visual mais clean… É uma forma de mostrar que o samba não é apenas um produto da cultura de massa, e pode ser “consumido” pela elite pseudo-intelectual sem pré-conceitos? Gosto de cuidar de mim, de estar bem vestido, de me sentir bem. Procuro não pensar se isso vai agradar um grupo ou desagradar outro. Penso nos meus fãs. Atualmente, trabalho com alguns profissionais que me ajudam a compor o meu visual, que varia de acordo com o tipo de show e evento que estou fazendo.
Quando o malandro Diogo Nogueira se torna o tímido Diogo, e quando acontece o contrário?
Na verdade, não existe isso. Sou um cara normal, profissional e antenado, quando é preciso. Fico na minha, quase sempre. Na minha casa, em família, sou um cara bem tranquilo.
Ser o único filho homem entre três irmãs te trouxe mais pontos positivos que dor de cabeça? Que dicas elas te passaram?
Sempre me dei bem com minhas irmãs, que são grandes amigas. Conversávamos sobre tudo. Como elas eram mais velhas e eu o caçula, pude aprender com elas muitas coisas da vida.
A isso se deve o seu sucesso com as mulheres?
Desde pequeno convivi com muitas amigas das minhas irmãs, que me paparicavam muito. Fico muito feliz com o respeito e o carinho que as minhas fãs têm comigo e com o meu trabalho. Lido de uma maneira muito boa e tranquila com elas e com as mulheres em geral.
Mesmo fazendo sucesso com a ala feminina, logo cedo você começou a namorar, teve filhos e casou. Você é um homem-família? Adoro curtir a minha família, minha casa… Sempre que tenho tempo, gosto muito de ir à praia, brincar com meus filhos e de jogar futebol com os amigos.
A mulherada hoje tá pegando muito pesado na hora da paquera, nessas horas é qual a melhor estratégia? Levar sempre numa boa, mostrando os limites. Sou um cara casado e sei separar as coisas.
Qual o segredo para compor bons sambas? A composição vem da inspiração, que pode estar nas coisas do dia-a-dia, na natureza. Acho que não existe uma fórmula. O importante é ter amor e dedicação naquilo que se faz. Como diz a música “Poder da Criação”, “ninguém faz samba só porque prefere, força nenhuma no mundo interfere, sobre o poder da criação”…
O que você costuma ouvir além de samba? Gosto de ouvir música boa. Desde Chico Buarque a Pitty, passando por João Gilberto, Maria Rita, Marcelo D2 e Barão Vermelho.
Sambar torna um homem sexy aos olhos femininos? Acredito que as mulheres gostem de homens que dançam e que sambam. Como dizia Dorival Caymmi: “Quem não gosta de samba bom sujeito não é. É ruim da cabeça ou doente do pé”.
Como está esse seu novo show? O que o público que não conhece ainda pode esperar por ele? Estou viajando por todo o Brasil, de Norte a Sul, divulgando o meu novo CD e DVD, “Sou Eu”. A receptividade tem sido ótima. Sempre buscamos fazer apresentações especiais em cada cidade. Conto com uma super banda que me acompanha e também com um casal de dançarinos da Cia de Dança do Carlinhos de Jesus. Quem ainda não viu, vai conferir alguns sucessos da minha carreira, clássicos do samba e, é claro, músicas inéditas que estão no novo disco.