ESTRELA: GISELLE BATISTA E SUAS INSPIRAÇÕES

A versatilidade de Giselle Batista faz com que ela migre do teatro para a TV, da TV para o cinema com naturalidade. Peças, filmes e programas de TV fazem parte dessa jornada de quase 20 anos de carreira como atriz. E agora, apresentadora. Atualmente Giselle apresenta um programa de viagem com a irmã no HeyHo Tv. Aliás, a trajetória das duas meio que se misturam, porém cada uma com sua história. História essa que contamos aqui nessa ótima entrevista com essa atriz que admiramos tanto.

Giselle, podemos dizer que Clandestinos , de João Falcão, foi quase responsável por seu início de carreira? O que ele representa pra você? O Clandestinos pra mim foi super importante, um projeto que eu amo e do qual tenho muito orgulho. Mas ele não foi o responsável por meu início na carreira. Eu morava em São Gonçalo antes e já tinha feito Malhação, que sempre foi um produto de bastante destaque na TV. A minha história sempre foi de formiguinha, um passo de cada vez, já estudava teatro há anos. Me formei em Artes Cênicas, batalhei muito pra conseguir fazer o teste pra Malhação. E foi uma grande realização quando isso aconteceu. O Clandestinos tem um sabor especial porque ali eu encontrei a minha galera. Gente jovem, de toda parte do Brasil, que vinha pro Rio de Janeiro correr atrás dos seus sonhos. Poucas vezes fiz um projeto que fizesse tanto sentido assim pra mim. Sem dúvidas um marco na minha vida. O João Falcão é um artista fantástico.

Aos poucos, já se vão quase 20 anos de carreira entre peças, novelas, séries e filmes. O que mais te marcou até agora? Pois é, já são quase 20 anos. O tempo passa muito rápido! Todos os trabalhos foram relevantes e desafiadores pra mim, mas tem uns que marcaram mesmo nossa trajetória. Malhação e Clandestinos, pelo que já falei antes. Cheias de Charme, onde fui uma vilã super adorada por todos, numa novela que parou o Brasil. A Mulher Invisível eu amei, me lembro de cada segundo. Mais recentemente fiz a série ‘Homens?’, que é super maravilhosa com uma equipe que admiro. Gostaria que essa série tivesse continuado, mas a pandemia acabou com nossos planos.

Onde se sente mais desafiada como atriz? O que te provoca mais? Tudo é desafiador. Até o personagem mais comum e pacato é extremamente desafiador –  como contar a história e fazer o público ter empatia e embarcar, e mergulhar com você. Eu sempre sinto frio na barriga e dúvidas toda vez que começo um trabalho novo, nunca olho para uma personagem e tenho certeza do caminho. Eu sou atriz porque eu gosto de gente, gosto de saber das histórias, gosto de observar as pessoas, as relações. Tudo pra mim é provocador quando se trata de encontrar uma personagem, eu amo desafios.

Dentre os desafios da profissão, atuar como apresentadora foi marcante? Se identificou com esse lado apresentadora? Essa coisa de ser apresentadora sempre me atravessou. Atualmente, apresento um programa de viagem com a minha irmã no HeyHo Tv. São episódios da nossa viagem ao norte de Portugal. Mas desde nova já me experimentava nesse lugar. Já tive um programa de moda, já apresentei um programa de aventura 4X4, e sei que muitos outros virão. Eu adoro apresentar, me sinto confortável e já tô pronta pro próximo.

E como foi mergulhar no universo masculino com a série ‘Homens?’ no Comedy / Amazon? Um dos trabalhos que mais amei. Uma crítica super atual e divertida, com um elenco primoroso. Não poderia escolher parceiros de cena, melhores. Fazer humor é sempre um enorme desafio. Esse é o humor que eu gosto. O Fábio Porchat tem uma escrita espetacular mesmo – não só ele, todo o time de roteiro. Lendo já era muito bom, fazendo, melhor ainda. E meu parceiro de cena, Gabriel Godoy, é um artista e uma pessoa incrível. Foi lindo.

Você e sua irmã já fizeram alguns trabalhos juntas mas depois de um tempo sentiram necessidade de cada uma seguir seu caminho? Sim, porque a gente queria brincar com outras coisas. Nada impede que a gente trabalhe juntas novamente, sei que isso vai acontecer. Mas me dou ao luxo de escolher a dedo o que vamos fazer juntas. A nossa união é sim uma potência. Então, fica guardadinha pra projetos bem especiais.

Como é a relação entre vocês? Sempre unidas fora e dentro do ambiente de trabalho? A Michelle é a minha melhor amiga – sem dúvidas. Somos super unidas e assim vai ser pra sempre. Mas por aqui é vida normal. A gente se desentende, a gente briga, discorda, como todo mundo que se ama. Mas, pode ter certeza, ninguém torce mais por ela nesse mundo que eu. Não existe competição entre nós. Caminhamos juntas, lado a lado.

Quem te inspira? E o que te inspira? O Milton Gonçalves, que acabou de partir, me inspira. Osgemeos me inspiram – Milton Nascimento. Rita Lee… Essa galera jovem do Bala Desejo. Muita gente. Me inspira quem propaga boas ideias, quem usa as redes para fomentar coisas legais. Num mundo tão duro, eu me recuso a desistir. Me fortaleço com gente que sonha.  

Esse seu ensaio tem uma pegada mais fashion e sexy (capa), reflete um pouco da Giselle Batista de hoje? A Giselle de hoje é sim fashion, é sexy, mas também é despojada, brincalhona, criança também. A gente pode ser tudo. O legal da fotografia é poder brincar de ser qualquer coisa. Gosto bastante de fotografar.

E na hora de relaxar da rotina, o que faz sua cabeça? Amigos, música boa, plantas, parque, verde. Adoro cheiro de terra, adoro passear e conhecer novos lugares. Eu gosto de tanta coisa que acho que uma vida será pouco pra tudo que ainda quero fazer. Nas minhas folgas eu não preciso de muito pra ser feliz. Fazer uma comida gostosa e receber os amigos já é um programa e tanto.

O quanto você se dedica a redes sociais e qual seu limite? Tenho me dedicado bastante nos últimos tempos porque a demanda tem sido essa. Até gostaria de me dedicar menos, mas as redes no Brasil tomaram uma proporção gigantesca. É um trabalho à parte. Me dedico, quero aprender, não é natural na minha geração. Não cresci com isso. Mas não pode ser maior que a vida. Gerar conteúdo não pode ser mais importante que aproveitar uma festa, por exemplo. Minhas redes sou eu que cuido sozinha, então é um esforço diário para não abandonar ou não se entregar demais. O meio do caminho é o que me interessa.

Muitos artistas hoje em dia são avaliados por seu engajamento nas redes. O que chega a ser muito injusto. Como você lida com isso? Já passou por esse tipo de julgamento? Olha o mundo em que a gente vive – não dá pra falar sobre ser justo. Mas esse é o momento atual. Acho que um artista pode sim ser popular e engajado nas redes, mas o que é ser artista? É muito, além disso. Eu acredito que tem lugar pra todo mundo, mas espero que o talento e a batalha ainda sejam importantes pra quem preza por um conteúdo de qualidade. Óbvio que já passei por isso, e olha que tenho mais de 300k nas redes, mas num mundo de milhões ainda acham pouco. Mas me recuso a comparar seguidores, prática comum hoje em dia, me recuso a forjar qualquer tipo de engajamento. Ao menos me proponho uma troca real, com pessoas que naturalmente chegaram a mim por meu trabalho, por meu discurso, ou por alguma identificação. A troca real me interessa. Somente isso.

O ofício do ator é extremamente árduo e muito bonito. Vivemos um momento da classe artística muito mal falada e desvalorizada, muitas mentiras propagadas. Só  quem é artista autônomo, sabe como é a batalha. Alguém consegue imaginar o enclausuramento da pandemia sem música (trabalho de artista), sem séries (trabalho de artista), sem livros (trabalho de artista), arte deveria estar na cesta básica do cidadão.  

O que coloca um sorriso em seu rosto? Minha família. A felicidade deles é a minha. Tenho muito orgulho da minha origem e da trajetória que a gente escreve juntos.

Quais os projetos para este ano? Estreou recentemente As seguidoras, série da Paramount que faço. La eu sou a Marisol. E agora o programa de viagens da HeyHo Tv também tá no ar. Espero, neste ano, ainda seguir com a segunda temporada da série e que venham novas e inesperadas dramaturgias. Ficamos muito tempo sem filmar, o mercado tá super aquecido agora, que venha o novo.  

Fotos Renato Pagliacci

Styling Marlon Portugal

Make Sabrina Sanm

Assist. Make Maria Pin

Agenciamento AM Company