Forte e determinada, nossa estrela Juliana Didone nos arrebatou desde o início de sua carreira na TV, isso lá com sua primeira novela, Desejos de Mulher, em 2002 (Globo). Isso mesmo, não parece, mas já se passaram 20 anos desde sua estreia como atriz. De lá para cá, personagens marcantes como a Letícia de Malhação ou a Celeste de Negócios da China. Mais recentemente Juliana mostrou seu encanto na Dança dos Famosos, e claro, gerou aplausos. Nesse ensaio exclusivo para a MENSCH, Juliana aparece linda como sempre, e naturalmente sedutora, para um papo descontraído.
Juliana, desde sua estreia na TV, com Malhação, já se vão 20 anos. Muita história se passou até aqui. Que momentos foram mais marcantes para você? Os momentos da minha carreira me marcaram, todas as minhas personagens foram importantes na minha trajetória. Todas me fizeram crescer como atriz, até as personagens pequenas. Principalmente as pequenas, porque elas te dão mais insegurança. Você tem poucas cenas para acertar o tom. Mas claro que a Letícia de Malhação foi um fenômeno. Marcou muito as pessoas e claro, a mim. Fazer a Fernanda também me deu muito tensão. Personagem boa, complexa, cheia de camadas. Personagem de Gilberto Braga, né. Que sorte! Agradeço ao Denis Carvalho por ter me aprovado e a indicação do André Reis que é um produtor de elenco que eu tenho muito carinho.
Lá no início da carreira você trabalhava como modelo e depois estreou com atriz sentiu algum preconceito ou dificuldade de aceitação? Na minha primeira novela, Desejos de Mulher, senti sim, um nariz torcido pra mim. Uma descrença. Mas eu tive pessoas muito queridas no meu caminho, e a energia construtiva sempre foi maior. Nesse elenco tinha a Sílvia Pfeifer, no auge da sua carreira e beleza, e ela foi tão querida, tão receptiva. Me dava conselhos de atuação sempre na sutileza, foi uma troca curta mas que me marcou. E ela tinha sido modelo, então foi um super espelho, uma inspiração. Eu pensei, é nisso que eu acredito. Ser boa atriz e boa pessoa, era esse o caminho que eu escolhi trilhar.
Nessa época como modelo você morou um tempo no Japão. Como foi o choque cultural? Depois disso você voltou a ir pra lá? Teria vontade? Foi um choque gigante. A começar pela língua. Eu não falava inglês, imagina japonês. Tiveram vários perrengues. A comida também, eu não gostava de japonês. Uma vez comprei um bolinho marrom lindo e fofinho que achei que era de chocolate. Quando mordi, quase vomitei, era feijão doce. Eca!
O fato de logo muito cedo ter ido morar fora do país te trouxe uma maturidade antecipada? Como você enxerga isso hoje em dia? Mudaria algo? Acionais, minha maturidade é anterior a ir morar fora aos 14 anos. Eu fui uma criança que amadureceu cedo, eu tinha uma angústia desde muito nova. Uma ansiedade e mil pensamentos sobre tudo.
Você é mãe de uma filha. Na criação dela e para o futuro dela, o que você procura deixar de lições? Que o amor e a liberdade são o caminho. A curiosidade, a humanidade, são coisas extremamente importantes de serem cultivadas. O bom humor, a doçura, a escuta, a coragem. Um mix de tudo isso, (risos)! É o que tento viver com ela no nosso dia a dia.
Recentemente você falou do processo que foi para apresentar o novo namorado a ela. Como procura separar o que é vida íntima sua com ela e com ele? Cada vez mais forte, gradualmente estão criando o elo deles. É uma relação bonita.
Você se considera uma mulher de certa forma feminista? Claro! Minha mãe já era feminista em 1970. Eu cresci vendo a força dela pra criar eu e minhas irmãs, inabalável. A mulher pode e deve buscar sua felicidade, e para mim ela está diretamente ligada a sua independência.
Alguma personagem que trazia um pouco disso que te fez se sentir mais forte? A Celeste da novela Negócio da China, era uma mocinha bem feminista. Que tinha conflitos entre formar uma família ou ser bem sucedida no trabalho. Ela teve que escolher porque naquele caso as duas não eram possíveis.
Ano passado quando participou do Dança dos Famosos você se vestiu de toureiro e houve críticas. Como encarou isso? Achei cafona. Retrógrado. Principalmente vindo de uma mulher. Mas enfim, sem querer estender o caso, a gente decidiu criar essa narrativa através da vestimenta, porque eu acredito que conversando completamente com a nova mulher, nós podemos vestir qualquer peça de roupa, ainda mais se tratando de uma performance artística. Recentemente a diretora criativa da Dior, Maria Grazia, lançou uma coleção que trás a dualidade da identidade na dança, introduzindo peças masculinas aflorando o imaginário coletivo. Porque é isso, a riqueza está aí, na liberdade, essa é a força.
Falando nisso, como foi o desafio do Dança? Enorme! Eu não dançava há anos!! E sabia que a competição seria a melhor! E o que eu podia dar era o melhor de mim. E eu dei. Meu desafio era comigo, eu queria ser melhor do que tinha sido quando participei da primeira vez. E meu parceiro foi incrível. Leve, divertido, concentrado. Me deu muita força e confiança. Porque eu desafiei meus medos ali, no palco. E foi libertador.
E quando se sente mais desafiada? Como mãe diariamente. Porque o cuidado com um filho não é só alimentar, organizar roupas, tarefas, diversão. É conseguir dar estrutura emocional para conduzir no melhor caminho a melhor parte de você. Esse amor tão grande! E meu trabalho também é um amor enorme, sou apaixonada por cada personagem que faço, é sempre diferente. Cada trabalho é um desafio novo e isso me dá muita alegria.
Como lida com tempo e idade? Fazendo botox, (risos). Brincadeira. Eu já até fiz recentemente e recomendo na medida certa. Sem neuras. Esses dias ouvi Maria Bethânia falando: envelhecer é um privilégio. Eu acredito nisso. E tem suas marcas. Por dentro e por fora. Eu lido numa boa. Hoje aos 37 anos estou tentando ter uma disciplina mais rígida para os cremes diários. Dizem que fazem bem né. Vale tentar, (risos).
Na hora de relaxar o que procura? Correr. Alongar. Fazer um pouco de yoga. Esses dias coloquei uma música no Spotify de meditação e fiquei ali no tapete com a Liz, cada uma no seu momento, mas estávamos juntas, conectadas, mas mais em silêncio, explorando o corpo. Foi muito gostoso e necessário nesse momento em que tudo é tão corrido e estressante. Quando se é mãe então… Triplica. (risos). Sair das telas e ouvir umas músicas, dançar, suar… nossa, me relaxa muito. Comer chocolate também confesso.
O que precisa para conquistar Didone? Tem uma frase do Aristóteles que diz: “O segredo para mover paixões nos outros, é movê-las antes em si mesmo.” Eu gosto de pessoas apaixonadas, entusiasmadas com a vida, que tenham desejos de realizar coisas positivas, artísticas, para o mundo. Eu gosto de gente que sorri para a vida!
Fotos Edu Rodrigues
Beleza Dani Kobert
Stylist Samantha Szczerb
Assessoria Julyana Caldas
Agenciamento Montenegro Talent
Agradecimentos Aline Vervan, Dona Mocinha e Segheto