MOTOR: SUVs PAIXÃO NACIONAL

A preferência do consumidor brasileiro pelos SUVs vem crescendo ano após ano. Assim, as montadoras têm disponibilizado cada vez mais opções desse modelo no mercado. Enquanto outras categorias como o sedã e o hatch, por sua vez, veem perdendo cada vez mais espaço. De acordo com informações da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), responsável pelos números de emplacamentos no Brasil, o segmento dos SUVs em 2021 foi responsável por 42,90% de participação no mercado, enquanto que os hatches ficaram com 34,97%, um pouco mais do que o dobro dos sedãs com 19,67%.

Afinal, o que exatamente é um SUV e por que faz tanto sucesso? A sigla SUV significa Sport Utility Vehicle, ou veículo utilitário esportivo, foi criado com inspiração nos veículos usados pelos militares durante a Segunda Guerra Mundial, por serem capazes de transportar muitos passageiros e cargas pesadas. O Ford Rural Willys foi o primeiro SUV lançado no Brasil na década de 50.

Anteriormente, um SUV era definido como uma perua com o chassi de uma caminhonete. Portanto, não eram confortáveis e apresentavam visual similar aos caminhões. Com o passar dos anos e a popularização desse segmento, várias marcas passaram a desenvolver seus próprios modelos, tendo como principais características a altura da carroceria e a capacidade off-road com tração 4×4, mas também passaram a focar na dirigibilidade e em oferecer conforto através do maior espaço interno e do porta-malas, devido à exigência cada vez maior dos consumidores.

MUDANÇA DE PÚBLICO

Assim, esse modelo acabou se tornando popular entre públicos variados, desde aqueles mais jovens que buscam o apelo mais robusto e esportivo, até famílias que querem a garantia do conforto e espaço oferecidos. Com o sucesso dos SUVs, apareceu outra demanda para aqueles clientes que desejavam um veículo com características de um SUV, mas com tamanho reduzido e assim surgiram os crossovers. Esses veículos mantém os mesmos atributos dos SUVs com seu visual arrojado porém, são mais compactos e voltados para o uso urbano.

O que acontece é que, atualmente, muitos crossovers são classificados e vendidos como SUVs, é o caso do Creta, Tucson, Ecosport e HR-V, entre outros. Isso ocorre principalmente devido aos interesses das montadoras que desejam encaixar seus produtos numa categoria que favoreça ainda mais o gosto dos clientes e, consequentemente, as vendas.

Além das características já citadas, tecnicamente falando, de acordo com o Inmetro, para um veículo ser um SUV, este precisa ter, pelo menos, duas dessas quatro características – ângulo de ataque mínimo de 23°, ângulo de saída mínimo de 20°, ângulo de transposição de rampa mínimo de 10° e altura do chão entre os eixos, mínimo de 200 mm de altura livre sob os eixos dianteiro e traseiro mínimo de 180 mm. Sem dúvidas, outras definições precisam ser levadas em consideração no momento de classificar um SUV. Por isso,  ainda há tantas divergências entre as marcas.

No Brasil, podemos considerar que o êxito da categoria SUV começou com o lançamento do Ford Ecosport em 2003 que, em seu primeiro ano de vendas, já representava sozinho dois terços da categoria. Depois deles, outras marcas também foram ganhando espaço no decorrer dos anos até que, em 2020, a categoria SUV já encabeçava a 1ª posição entre os segmentos mais procurados. Feito que se repetiu no ano seguinte e continua sendo a tendência esperada para 2022, visto que, somente no primeiro semestre deste ano, os SUVs ocuparam 37% do mercado brasileiro de veículos leves e 25% do mercado total.

LIDERANÇA E MERCADO

Dentre todas as marcas, a Jeep mantém liderança entre os SUVs no Brasil desde o ano passado, quando vendeu 148.797 unidades, atingindo 22,3% de participação. No acumulado do primeiro semestre deste ano, já apresenta 20,7% de participação entre os utilitários esportivos e 65.617 carros vendidos.

Recentemente, acelerei de Recife até a Praia de Maracaípe, litoral sul de Pernambuco, no Jeep Renegade, o SUV mais vendido de 2021 e que atingiu a marca de 400 mil unidades vendidas no Brasil desde o seu lançamento em 2015. A versão foi a Trailhawk, a topo de linha, que possui uma pegada bastante aventureira. Além de mudanças no visual, com novos para-choques, novas rodas de 17”, faróis e lanternas em LED, ele recebeu novas tecnologias e o principal – o novo motor T270 1.3 turbo flex de 185 cv, o mesmo que equipa a Fiat Toro e os Jeep Compass e Commander. A tração é integral e o câmbio automático, é de 9 velocidades.

No interior, o Renegade recebeu novo volante, painel de instrumentos 100% digital de 7”, multimídia de 8,4” com integração sem fio para Android Auto e Apple CarPlay, além de carregador de celular por indução,  trazendo mais comodidade e conforto ao motorista. No quesito segurança, tem uma boa lista como – controle de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa, frenagem autônoma de emergência, leitor de placas e seis airbags, detector de fadiga, comutação automática do farol alto, e assistente de permanência em faixa (que não deixa o carro invadir outras faixas).

Já em relação aos SUVs mais vendidos no primeiro semestre de 2022, o Volkswagen T-Cross é o líder no ranking, com um total de 32.871 emplacamentos, posição que era ocupada pelo Jeep Renegade no mesmo período do ano passado. Logo em seguida com 31.029 unidades vendidas, está o Jeep Compass. O Hyundai Creta aparece em terceiro lugar com 29.255 modelos vendidos e em quarto e quinto lugares estão o Chevrolet Tracker e o Jeep Renegade com 26.941 e 24.880 unidades vendidas, respectivamente.

Tudo indica que a popularidade dos SUVs no mercado nacional continuará em alta. Segundo estudos da Bright Consulting, empresa brasileira especializada em Consultoria automobilística até 2025, a previsão é de que o segmento dos utilitários esportivos alcancem participação de 45,1% e até 2030, devem chegar aos 46,2%. Em relação ao mercado total, que leva em consideração carros de passeio e comerciais leves, a previsão para esse ano,é de venda superior a 2 milhões de unidades, aproximadamente 15% a mais do que em 2021. Esse número poderia ser ainda maior se não fosse pela diminuição da produção dos veículos devido à falta de semicondutores, ou seja, faltam produtos e não compradores.