CARREIRA: O PODER DE INOVAR – JONATHAS FREITAS E O EMPREENDEDORISMO GLOBAL

Em um mundo interconectado onde inovar e ampliar fronteiras é chave do sucesso nos negócios, Jonathas Freitas, carinhosamente apelidado de Jhon, emerge como um verdadeiro titã no universo empresarial. Sua atuação vai muito além do Brasil, alcançando uma ressonância global impressionante.  Desde o início de sua aventura no mundo dos negócios, Jonathas não apenas deixou sua marca inconfundível no terreno empreendedor, mas também se aventurou em novos domínios com uma sede insaciável por inovação e diversidade. Seu portfólio, que já conta com mais de 40 startups, muitas das quais ganharam fama internacional, é apenas a ponta do iceberg. Em 2022, Jonathas mostrou um lado ainda mais audacioso, estendendo seus investimentos empresariais para setores variados como cosméticos, imóveis, publicidade, distribuição e até hospitalidade, através do famoso hotel Colline de France, em Gramado, considerado o melhor hotel do mundo pelo Tripadvisor. 

Jonathas tem estendido seu toque para além das fronteiras nacionais, envolvendo-se em diálogos com governos estrangeiros e investindo em mercados asiáticos e europeus. Seu estilo como “empreendedor serial” não é apenas sobre investir capital. Ele também atua como um conselheiro estratégico, sem se envolver na administração cotidiana, o que lhe dá a liberdade de perpetuar sua jornada empreendedora. Nesta entrevista de capa, vamos saber mais do universo de Jonathas Freitas, explorando suas motivações, estratégias e visões sobre o futuro do empreendedorismo. Estamos prestes a embarcar em uma viagem fascinante pela mente de um dos empresários mais dinâmicos e visionários da atualidade que ostenta uma posição de prestígio na lista das pessoas mais influentes da tecnologia brasileira. Prepare-se para ser inspirado e impressionado.

Sua jornada no mundo dos negócios nem sempre foi fácil. Pode nos contar um pouco sobre os principais desafios que enfrentou na juventude e como superou a condição financeira limitada até se tornar uma das pessoas mais influentes em negócios de tecnologia no Brasil? Cresci em uma família de trabalhadores simples, sem escolaridade, que se dedicavam intensamente ao trabalho. Desde cedo, vi que 98% dos brasileiros ganham até 5 salários mínimos e apenas 2% têm uma inclinação empreendedora. Essa realidade moldou minha visão de trabalho e empreendedorismo.

Comecei a empreender para pagar as contas e ter uma vida social mínima. No início, enfrentei vários desafios: falta de orientação familiar em negócios, necessidade de aprender tudo por conta própria, dificuldades financeiras, e uma jornada de porta em porta sob o calor de Feira de Santana para conseguir meus primeiros clientes. Minha curiosidade e capacidade de observar tendências me levaram ao desenvolvimento de sites para o mundo dos aplicativos com o advento do iPhone 3. Investi em mim mesmo, aprendendo com mentores e me adaptando às novas tecnologias. Em 2015, minha empresa de apps já era uma das maiores do Brasil, e em 2016, criei uma plataforma de automação que se tornou líder mundial ao unificar startups, marketing digital e influenciadores.

Hoje, sou um empresário de sucesso na área de tecnologia. Aprendi a importância de criar produtos desejáveis e a contribuir para a sociedade. Essa jornada me mostrou que, independentemente da origem, a dedicação pode mudar a sua vida e a das pessoas ao seu redor.


Depois de investir fortemente em tecnologia, você diversificou seus investimentos em setores como cosméticos, imóveis e hotelaria. O que o levou a diversificar e como você identifica oportunidades em setores tão variados? No meu percurso empreendedor, destaquei-me na observação e conexão de pontos, passando grande parte da minha carreira no desenvolvimento de aplicativos. Ao atender clientes importantes, aprendi a entender sua mentalidade, o que enriqueceu minha capacidade de avaliar negócios. Uma lição crucial foi que, para ter sucesso em áreas desconhecidas, é essencial ter sócios experientes naquele setor.

Muitos empreendedores falham ao tentar diversificar seus negócios sem a competência técnica necessária, ou ao se associarem com quem também não possui resultados ou habilidades adequadas. Isso pode levar ao grande sucesso ou a perdas significativas. Conforme me tornei reconhecido em meu mercado, conheci pessoas extraordinárias e surgiram oportunidades de negócios com especialistas nos respectivos campos. Nos últimos anos, isso me preveniu de fracassos nos negócios, pois em cada mercado em que atuo, tenho um sócio que conduz a operação com maestria. Essa combinação de habilidades em uma sociedade possibilita alavancar qualquer negócio. Existe um ditado que diz: “um bom negócio com sócios ruins é um mau negócio”, mas até “um mau negócio com sócios bons se torna um excelente negócio”.

Você ampliou rapidamente seus investimentos para fora do Brasil em 2022, abordando mercados como a Suíça e a Ásia. Quais foram os principais desafios ao se aventurar em novos territórios e culturas de negócios? Em investimentos multiculturais, cada mercado apresenta suas peculiaridades. A base é conhecer pessoalmente o local ou enviar o CEO da operação para compreender o ambiente de negócios. Isso envolve analisar concorrentes, buscar parcerias estratégicas para facilitar a entrada no país ou continente, estudar o perfil do consumidor local, as práticas de marketing e estabelecer uma operação dedicada à expansão. Essa imersão inclui ações como criação de comunidade, eventos locais, e parcerias com órgãos governamentais. Essa fase também envolve interações com grandes fundos de investimento, que oferecem conexões valiosas e aprendizado sobre as dinâmicas locais, uma vez que já possuem operações na região.

Apesar dos desafios serem maiores do que iniciar um negócio no Brasil, a expansão internacional oferece maior suporte à medida que evolui. Contudo, sem a participação de um nativo que compreenda a cultura empresarial local, há um risco significativo de perdas financeiras até que se adapte às particularidades desses novos mercados. Se possível construir uma relação principalmente com o governo, isso ajuda bastante.

Como “empreendedor serial”, você investe e aconselha, mas não se envolve na administração direta. Como garante que seus negócios mantêm sua visão e valores enquanto crescem e evoluem? Quando eu fui bolsista da Fundação Estudar do Jorge Paulo Lemann, em um de seus programas, eu me lembro de uma frase que era: “Gente boa anda com gente boa”.

O grande segredo para ter muitos negócios sem entrar na operação diária é contar sempre com um bom time sênior que conduza a operação, especialmente o CEO e CTO. Se você escolhe bem ou investe em uma startup com pessoas competentes nesses cargos, você evita 80% das dores de cabeça. Assim, ficamos mais no campo estratégico, definindo mercado e funcionalidades. A parte tática e operacional fica com eles, que se sentem confortáveis com isso, já que cada negócio e seus fundadores têm metodologias distintas de trabalho. Nesse estágio, funciono mais como um hub, conectando as peças necessárias para ganhar tração no mercado, mantendo uma visão mais macro do negócio.

O alinhamento de cultura deve ser estabelecido desde o primeiro dia, pois se os valores não estão alinhados desde o início, problemas significativos de alinhamento surgirão com o tempo. É como um casamento: é preciso conhecer bem sua parceira(o) antes de casar, pois após o casamento, estão unidos legalmente. Nas empresas, há um contrato para selar essa união. Por isso, o alinhamento de valores, cultura e missão é fundamental desde o dia 1.

Dada a participação do Brasil nos investimentos em tecnologia globalmente e na América Latina, como você vê o futuro da inovação e do empreendedorismo no país? Assim como passamos pela Revolução Industrial, que tirou as pessoas do campo e propiciou o desenvolvimento global com a chegada das indústrias, tornando o mundo mais globalizado, agora estamos à beira de outra revolução. Esta está ligada à inteligência artificial, à Web 3, ao blockchain… onde quase tudo será descentralizado, surgindo um novo cenário de oportunidades para as pessoas mudarem de vida.

 O Fórum Econômico Mundial listou algumas profissões que mais crescerão nos próximos anos, e a principal foi a inteligência artificial. Isso porque quase tudo que temos hoje está conectado à internet, o que provocará uma grande revolução na forma como usamos as coisas, gerando mais de 1 milhão de novas profissões. Outro exemplo de novas profissões que irão crescer muito nos próximos anos é o de analista de dados, pois nunca antes na história se gerou tanta informação através das empresas, nas tecnologias do dia-dia e inclusive nas redes sociais. Os profissionais que souberem trabalhar analisando os dados – “o novo petróleo do mundo” – mudarão suas vidas assim como outras profissões que irão nascer dessa nova economia que está sendo transformada digitalmente.

Resumindo, já estamos passando por essa transformação. Porém, nessas rupturas, muitas pessoas ficam reclamando, assustadas com a mudança, reféns do vitimismo, enquanto outras estão surfando nessas oportunidades. Isso sem contar na chegada do metaverso, onde teremos dois planos para interagir: o real, que vivemos diariamente, e o virtual, que fará parte do nosso cotidiano.

Pelo seu Instagram, percebemos como sua rotina é agitada entre compromissos profissionais. Com tantos negócios e compromissos internacionais, como você equilibra a vida pessoal e a vida profissional? Assim como eu disse que uma empresa é como um casamento e você precisa escolher bem, minha parceira é uma pessoa com quem, desde o dia 1 do nosso namoro, alinhamos muito nossos projetos de vida. Afinal, depois de casados, não é mais ‘meu’ ou ‘dela’, mas sim ‘nosso’ projeto de vida. Como esses papéis estão muito bem definidos, temos um casamento leve, com suas responsabilidades, mas sempre tomando decisões com base nos nossos objetivos de vida. O fato de sermos cristãos também facilita bastante, por estarmos com valores e visão de mundos alinhados. Inclusive, muitas startups que quebram têm problemas emocionais no cerne, por não alinharem bem com a parceira ou parceiro, e quando cada um começa a escolher com base no que é melhor individualmente, ao invés do casal, isso se reflete em tudo na vida, principalmente nos negócios.

Para mim, não existe sucesso empresarial se, em primeiro lugar, eu não sou bem-sucedido com minha família. Eles vêm em primeiro lugar. Por isso, no meu Instagram, faço questão de mostrar que não existe vida perfeita, mas sim uma vida presente. Apesar dos compromissos diários, quando estou com eles, estou 100% presente, com tempo de qualidade. Resumindo, tudo funciona bem porque sempre estamos alinhados com nossas responsabilidades e respeitamos nossas escolhas profissionais, mesmo que, por algum tempo, um de nós precise se dedicar mais ao trabalho fora. Quando eu fui receber um prêmio, o Theo tinha nascido a pouco tempo, e levamos ele juntos para a premiação, por que não pensamos que filho atrapalha os negócios, muito pelo contrário, estamos desde cedo formando a mente dele, que esse é o ambiente saudável que os empreendedores estão, sendo reconhecidos pelos seus esforços. 

Para empreendedores brasileiros que buscam fazer uma marca no cenário global, especialmente em tecnologia, qual conselho você daria com base em sua vasta experiência? JHON FREITAS: Antes de pensar no cenário global, considere que o Brasil é maravilhoso porque, se você tem um projeto, produto ou serviço que resolve algum problema real, há uma população enorme pronta para consumir o que você oferece. Com isso, as oportunidades não param de chegar, à medida que você ganha reconhecimento pela empresa que montou. Nesse processo de empreender, seja ativo nas redes sociais para influenciar mais pessoas e esteja sempre envolvido em comunidades com pessoas bem-sucedidas. Essas interações podem oferecer experiências e mostrar caminhos que você talvez não conhecesse e que podem mudar tudo em uma conversa.

Após estabelecer uma empresa grande e estruturada no Brasil, comece traduzindo sua plataforma para outros idiomas e realizando vendas dentro do Brasil para outros países. Monitore quais são os locais com mais vendas. Naturalmente, o processo de expansão vai ocorrer, se esse for o objetivo do seu negócio.

Durante esse processo, mantenha diálogos com fundos de venture capital, especialmente aqueles cujo core business é a expansão, para obter opiniões e direcionamentos. Esse é o caminho natural para quem empreende.

Como você equilibra a tomada de risco com a devida diligência ao explorar novas oportunidades de negócios ou investimentos? Basicamente, eu sempre fui uma pessoa boa em conectar pontos. Acredito que existem dois tipos de mudança na vida de alguém. A primeira é uma mudança abrupta, como por exemplo, quando você está com seu filho no supermercado e não tem dinheiro para comprar algo que ele quer. Isso muda algo em você, e você trabalha para mudar sua vida para que isso nunca mais aconteça. São momentos de alto impacto emocional. Há também um segundo tipo de mudança, que é gradual, acontecendo passo a passo. À medida que você realiza novas coisas e conhece novas pessoas, isso vai moldando a forma como você vê o mundo e os negócios. No investimento, foi a mesma coisa. Sempre que comecei a empreender, a parte do investimento em negócios esteve muito presente, de acordo com o momento da minha vida. Por exemplo, quando estava construindo uma startup, eu conheci pessoas muito competentes e famosas no investimento em startups. Conheci o Christian Barbosa e comecei a fazer investimentos-anjo. Depois, conheci o Guga Stocco e me direcionei para investimentos de capital de risco. Em seguida, comecei a me envolver com grupos de empresários bem-sucedidos em criptomoedas, e decidi investir nessa área. Depois, me interessei pelo mercado imobiliário e também comecei a investir nele, mas sempre com um sócio que dominava aquele campo e já tinha resultados comprovados. Assim, aprendi a observar as oportunidades, avaliando o retorno potencial e escolhendo cuidadosamente em quais negócios investir. Esse foi o meu caminho para explorar essas novas oportunidades, conhecendo pessoas novas no mercado, observando os negócios que faziam e, então, investindo em projetos novos nas áreas de competência de cada um desses contatos.