Com carisma e muita personalidade, Giovanna Marinho, mais conhecida como Pitel, conquistou o coração do público após ser uma das integrantes da 24ª edição do Big Brother Brasil. Após deixar o programa com mais de 1,5 milhão de seguidores no Instagram, a alagoana se adapta à nova vida de influenciadora digital enquanto segue com planos de trabalhar com a comunicação. Em entrevista à MENSCH, Pitel relembra a experiência no confinamento, além de destacar a importância da representatividade e suas novas metas depois de ganhar visibilidade com sua presença no maior reality show do país.
Como tem sido para você a transição do BBB para a vida pós-reality? Quais estão sendo os maiores desafios nesse período de adaptação? Tem sido uma loucura! Sou muito da linha tênue e muito dependente. Quem me acompanhou mais de perto dentro da casa sabe. Estou muito feliz com todo o carinho que tenho recebido, porque verdadeiramente não esperava. Pensava que iria sair, que iria seguir aquela agenda da Ana Maria e depois iria para casa, arrumaria um emprego e minha vida ia seguir normalmente como antes. Estou muito feliz pelas pessoas que estão me apoiando, que me amam, gostam de mim, me dão palavras de afeto, de conforto e de carinho. Nas minhas redes sociais, dificilmente recebo algum comentário negativo. É como se eu nunca tivesse saído do reality. Lá dentro, a gente tem um misto de sentimentos muito grande. Dormimos de um jeito e acordamos de outro e à noite já é de uma forma completamente diferente. Aqui, estou vivenciando muitos sentimentos no mesmo dia. Tem muitas alegrias e daqui a pouco vem uma dúvida. Chega um programa para gravar e surge uma insegurança, mas quando você termina a filmagem, a felicidade retorna. E assim seguimos. O maior desafio no período de adaptação é estar longe da minha família. Eu venho, fico muito pouco e já tenho que voltar, mas sei que é tudo pelo bem deles, é melhor. Estou buscando o melhor da minha família e esse é o momento certo. Apesar de que já não estávamos muito unidos por causa da casa, mas mesmo assim, quando você sai, espera ficar sempre com a sua família. Então é difícil ficar mais tempo longe deles.
Você já enfrentou desafios ou preconceitos relacionados à sua aparência ou cabelo? Se sim, como você lida com os padrões de beleza? Já sofri preconceito por causa do cabelo, pela forma como falo, e inclusive vivenciei xenofobia desde que saí do reality show. Já passei por situações de racismo, minha equipe me contou que houve vários casos de racismo e xenofobia dirigidos a mim. Embora não veja muitos comentários sobre meu cabelo nas redes sociais, costumava vê-los mais no passado. A maioria dos comentários que recebo sobre meu cabelo são positivos, mas há outros que vejo em outras páginas. Quando saí do reality, esses comentários eram mais frequentes, mas acredito que estejam diminuindo agora. No início da minha transição capilar, recebi críticas e perguntas despretensiosas que parecem piada, como “Você não vai arrumar esse cabelo para sair?” ou “Seu cabelo está muito bagunçado, não quer pentear?”, “Você não quer um óleo, esse cabelo está meio seco”. São comentários comuns que enfrentamos no início da transição. Acredito que hoje as pessoas estão mais abertas aos cabelos cacheados e crespos, mas os crespos ainda enfrentam uma barreira maior do que os cacheados.
Como é pra você saber que hoje se tornou uma referência de representatividade para muitas meninas negras? Me sinto muito feliz. Hoje à tarde, fui à casa de uma amiga e quando cheguei no aeroporto, encontrei duas meninas, que inclusive postei que saí de mãos dadas com elas. Elas comentaram: “Nossa, seu cabelo é lindo, parecido com o meu.” Durante as interações com os fãs, ao tirar fotos, recebi alguns comentários como: “Minha filha se identifica muito com você, com seu cabelo que é maravilhoso.” É muito bom estar nesse lugar de referência, que as pessoas olhem o cabelo cacheado, que antes era tido como bagunçado, feio, ou fora do padrão, e vejam como beleza. Fico muito feliz em ser uma inspiração para as pessoas, em ocupar esse lugar que me traz muita alegria.
Você acredita que a indústria da beleza ainda tem um papel importante na reprodução de estereótipos sobre a estética negra? Acredito que estamos muito melhor do que já estivemos um dia, mas ainda muito longe de onde deveríamos estar. Percebemos que as empresas do ramo da beleza estão buscando diversificar ainda mais, o que é muito legal e importante. No entanto, acredito que ainda há muitos passos a serem dados para alcançar o ideal. A indústria da beleza desempenha um papel crucial na definição dos estereótipos sobre a estética negra, e dita muito o que é belo ou não. Quanto mais caras e mais diversidade aparecer, maior será a identificação do público com as empresas.
Na final do BBB, você usou um look com renda de filé, que é um patrimônio imaterial de Alagoas. Para você, agora como figura pública, qual a importância de enaltecer as suas raízes? Quando vi que tinha a chance de entrar no Big Brother, uma das primeiras ideias que me veio à mente foi de aparecer na final representando minha terra, minha gente, meu povo. Para mim, nada poderia ser mais representativo da minha origem do que um bordado feito aqui, às margens da lagoa, pelas artesãs locais. Elas fazem um trabalho incrível, manual. Penso em fazer um vlog para mostrar esse trabalho, para destacar a importância de enaltecer a cultura do nosso estado. As peças de filé foram compradas aqui e enviadas ao estilista para serem usadas, os brincos são de uma artista maravilhosa da minha cidade também. Essa é a minha referência: parecer com a minha cidade, porque isso é muito importante. Quem é do nordeste sabe o quanto sofremos com a xenofobia quando vamos para fora. Além disso, nossa cultura é desvalorizada, assim como os pequenos artesãos, que não recebem o devido reconhecimento. Fiquei muito feliz quando o governo federal e o Ministério da Cultura deram relevância a isso, destacando a história por trás do meu look. Não queria que fosse apenas uma escolha vazia, sem significado. Queria que tivesse importância para minha terra, para minha gente.
Quais são seus planos e projetos para o futuro agora que o BBB acabou? Agora, com mais certeza, decidi que quero trabalhar na área da comunicação. Me vejo como uma comunicadora social, buscando unir os dois mundos: comunicação e serviço social, contribuindo de alguma forma para a sociedade. Quero trabalhar com marcas que também valorizem essa ideia, que tenham propósito, projetos e que contribuam socialmente para o coletivo. Acredito verdadeiramente que funcionamos melhor quando atuamos como parte de um todo, e desejo contribuir para que esse coletivo funcione bem, especialmente para pessoas invisibilizadas ou em situação de vulnerabilidade. Quero estar mais próxima das pessoas, retribuindo todo o carinho que recebi. Muitos dos contatos e feedbacks que recebo expressam o desejo de me ver na área da comunicação, em um podcast ou fazendo apresentações. Vou buscar me especializar nessa área, fazendo cursos e buscando conhecimento para oferecer o meu melhor nesse campo.
Fotos @rrfotoss
Stylist @elysson_ferreira_
Hair @oliver_newbeauty
Make @bieljobs
Assessoria @ariprensaoficial