Nos últimos anos, as telas e fones de ouvidos no Brasil e no mundo estão sendo invadidos por povo milenar, e nada estamos fazendo para evitar isso; pelo contrário, queremos mais! A Coreia do Sul ganhou holofotes e protagonismo na cultura pop. Se antes, as notícias que o brasileiro médio recebia desse país asiático eram mais relacionadas da área da política aos resquícios da Guerra Fria e da economia, quando se falava sobre os Tigres Asiáticos. Hoje, a Coreia do Sul remete à música, aos jogos, às séries e aos filmes.
A caminhada da Coreia do Sul para se tornar uma referência de conteúdo de cultura e entretenimento para o planeta não foi tão rápida quanto foi a ascensão econômica que deu seu apelido de tigre. Tampouco foram eventos sem conexão que foram se somando. Para chegarem onde estão hoje, o governo sul-coreano formatou um projeto estimulando a iniciativa privada investir na cultura, esse projeto é chamado de onda coreana (Hallyu). O Hallyu começou colher frutos nos países vizinhos por volta dos anos 2000. E filmes como Old Boy (2003) colocou-os no radar global via sétima arte.
O início dos anos 2010 foram para desbravar o ocidente. O Brasil teve importância nesse processo recebendo eventos oficiais e a instalação do Centro Cultural Coreano em São Paulo. Aliás, o Brasil ocupa o posto de 12ª maior colônia de coreanos no planeta, porém 90% deles residem em São Paulo e, desde 2010, o bairro do Bom Retiro é o oficialmente o bairro coreano. Em 2012, a música Gangnam Style virou hit no planeta e transforma Psy em celebridade. Ele abriu as portas para o k-pop e grupos como BTS e Blackpink.
A música e o audiovisual foram as bases para os sul-coreanos se tornarem um fenômeno pop. Pode-se fazer um paralelo com outra potência asiática: o Japão, que nos presenteou com os mangás (quadrinhos) e os animes (animação) como suas marcas registradas. A Coreia do Sul tem os k-dramas e o k-pop, séries e música respectivamente, como seus carros chefes; contudo eles oferecem também jogos online e manhwa (quadrinhos). A expansão dos streamings ajudaram as suas produções se tornarem em sucesso mundial.
A “invasão” sul-coreana é mais do que bem-vinda; ela nos aproxima de um país e de um povo que, embora distantes geograficamente, partilham conosco uma riqueza de emoções e experiências por meio de suas produções culturais. Esta ponte cultural entre o Brasil e a Coreia do Sul tem permitido que aspectos da cultura coreana, desde a tensão do primeiro beijo em doramas até o símbolo do coração feito com os dedos, se tornem parte do nosso cotidiano. Afinal, não é essa uma das maiores forças da cultura e da ficção – gerar empatia e nos permitir ver o mundo pelos olhos do outro? A Onda Coreana provou que podemos nos conectar através da arte, mostrando que, apesar das diferenças, podemos encontrar terreno comum nas histórias que amamos.
OLD BOY (2003)
Conta a história de Oh Dae-Su que passa 15 anos preso num quarto de hotel, inexplicavelmente é solto e parte para vingança. Lee Woo-jin entrou com louvor na galeria de vilões do cinema. E Parasita que nos perdoe, mas o nosso primeiro filme coreano tem local especial no coração.
INVASÃO ZUMBI (2016)
Invasão Zumbi é a prova da diversidade de temas do cinema coreano e como ele é conectado com as tendências. Na história, um trem-bala é infectado por um vírus que transforma as pessoas em zumbis e as pessoas tentam sobreviver aos monstros! A repercussão do filme garantiu sua sequência.
PARASITA (2019)
O ápice do cinema sul-coreano, até o momento, é Parasita que mostra uma família pobre que se fascina pelo estilo de vida de outra família rica. Claro que não termina bem para eles. Sucesso público e critica. Ele ganhou o Oscar de melhor filme e roteiro original, entre outros prêmios.
POUSANDO NO AMOR (2020)
Pousando no amor nos foi indicado como o programa para quem quiser iniciar nos doramas. Conta a história de amor entre uma herdeira sul-coreana, que acidentalmente cai na Coreia do Norte e é salva por um militar de lá. Sim, eles se apaixonam e sofrem pelo amor proibido. A divisão das Coreias em duas nações é um pano de fundo dessa e de outras tramas.
ROUND 6 (2021)
Não tem como falar nas produções da Coreia do Sul e não citar Round 6. Ele é um sucesso de público e critica, sendo uma das produções mais assistidas da Netflix e não é um romance e nem leve. Conta a história de várias pessoas com sérios problemas financeiros que aceitam participar de um reality show para ganhar uma fortuna, o porém é que quem perde no jogo, também é morto. A série ganhou um reality (de verdade) baseado nela, mas não se preocupe, ninguém foi morto nas gravações. E a segunda temporada chega ainda em 2024. Curiosidade: mundialmente a série é chamada de squid game (jogo da lula), só o Brasil e o Canadá optaram chamar de Round 6.
UMA ADVOGADA EXTRAORDINÁRIA (2022)
Conta a história de Woo Young Woo, uma jovem com um QI altíssimo, memória formidável e dificuldades de interação social. Nesse dorama, a comédia dá o tom para abordar o autismo. Acertaram na mão, a série caiu nas graças do público e teve anuncio de uma segunda temporada confirmada.
Doramas: Eles são séries de diversos gêneros feitos por países asiáticos. Eles têm uma duração e elenco mais enxutos, se comparados as novelas brasileiras. Eles são frequentemente focados em temas românticos, incluindo o aguardado primeiro beijo. O K-drama (o K é de Korea em inglês) é o dorama produzido na Coreia do Sul.
Finger heart: o símbolo do coração feito com o polegar e o dedo indicador. Muito utilizado por celebridades e fãs.
Hallyu: A onda coreana. É a política criada pelo governo sul-coreano no final dos anos 1990 para divulgar a cultura pop deles e tratá-la como uma força econômica.