ESTRELA: FLÁVIA SARAIVA ENTRE SALTOS E DESAFIOS

Quem nossa medalhista olímpica Flávia Saraiva é pura determinação todos nós já imaginávamos, mas foi justamente essa determinação que fez sua vida dar o maior salto. Mudando sua realidade e de sua família. Carioquíssima, Flávia despertou para a ginástica bem cedo, aos 8 anos, de forma descompromissada, mas aos poucos foi se mostrando transformadora na sua trajetória. Tanto que hoje Flávia é um dos grandes destaques mundiais e nacionais. Até chegar nisso, muita dedicação, lesões e horas de treino. Um pouco disso tudo ela nos conta aqui nesta entrevista exclusiva para a MENSCH.

Flávia, como foi voltar pra casa com a medalha olímpica no peito? Qual a maior satisfação? Foi incrível voltar para casa com a medalha no peito. É o sonho de todo atleta olímpico, a realização de um trabalho muito bem feito, então, fiquei muito feliz. Não tem sensação melhor do que um trabalho bem feito. É uma felicidade muito grande.  

E no meio desse processo todo qual, de fato, foi seu maior desafio superado (seja pessoal, seja como esportista)? O maior desafio com certeza foram as lesões no meio do caminho. A gente sabe que o ciclo é grande, a gente teve um ciclo um pouco menor dessa vez, de três anos, mas as lesões, sem dúvida, foram o meu maior desafio e acho que é na vida e na carreira de qualquer atleta. É sempre um momento muito difícil, onde temos que superar para voltar a competir em alto nível.

A ginástica olímpica exige muita disciplina e dedicação em geral. Normalmente o que é mais difícil? Ou você sempre foi focada no que queria? Não só a Ginástica, mas acredito que tudo o que a gente fizer na vida tem que ter muita disciplina para alcançar os objetivos. Não é fácil ter uma medalha olímpica. Foram muitos ciclos para poder conquistá-la, mas a gente também tem que ter os nossos momentos para distrair a cabeça. Isso é fundamental e, ao mesmo tempo, o foco está sempre no objetivo principal.

Pra quem tem um ritmo tão acelerado de treinos com pouco tempo livre, o que diria que é um luxo para você? O que se permite em momentos de folga? Eu não diria que é um luxo, mas me sinto feliz por poder morar no Rio de Janeiro porque o que eu mais gosto de fazer no meu tempo livre é ir a praia. E morar com uma praia do lado de casa é muito bom.

Como a ginástica surgiu na sua vida e quando percebeu que queria isso pra vida? A Ginástica surgiu aos oito anos. Levar a sério mesmo demorou um pouco porque eu sempre me diverti muito treinando, competindo, então isso era levado com muita leveza. Sei que na minha primeira Olimpíada me lembro de pensar “meu Deus, que evento gigante”. Aí eu realmente entendi o que era aquilo. Desde então, eu sempre levo a Ginástica como o meu trabalho, obviamente, porque é o meu foco principal, mas sigo levando como uma diversão. Eu amo o que faço e acho que tem que ter esse equilíbrio para que você possa se divertir trabalhando.

Você sempre declarou que o esporte mudou a sua vida e de sua família. O que foi mais significativo nessa mudança? Tudo valeu a pena? O esporte mudou a minha vida e com certeza valeu muito a pena. Eu pude dar uma condição de vida muito melhor para a minha família, pude conhecer muitos lugares, muitos países, e ser muito feliz. Encontrei uma nova família na Ginástica, no esporte, então, sim, com certeza mudou totalmente a minha vida e eu sou muito grata por isso.

O esporte também te proporcionou conhecer o mundo. Qual destino sonhava em conhecer que você finalmente pode conhecer? Qual a maior emoção dentro desse universo de viagens? Quando a gente é criança, sempre quer ir para os Estados Unidos, né… E depois eu fui, meu maior sonho era conhecer o Japão e a Ginástica me proporcionou isso. Foi incrível. Sempre é um aprendizado constante e isso faz qualquer pessoa crescer, evoluir. E, obviamente, a viagem que mais me emocionou nos últimos tempos, claro, foi a de Paris. Com uma medalha olímpica, não tem como, né. Vai ficar marcado na minha história.

Em meio a tantos treinos e viagens, sobra tempo pra namorar? Entre boatos e fatos, como lida com isso? Não é muito fácil namorar quando se treina de segunda a sábado, sete horas por dia, mas é a vida de um atleta e foi a vida que a gente escolheu. A gente tem que procurar pessoas que entendam o nosso trabalho para tentar simplificar um pouco essa situação. Eu lido bem porque eu amo fazer Ginástica e a pessoa que gostar de mim tem que entender isso.

O que uma pessoa precisa ter e ser para chamar sua atenção? Acho que me tratar bem, me fazer feliz. Gosto de pessoas comunicativas, engraçadas, que me divirtam.

Você é uma mulher muito vaidosa? Do que não abre mão? Sim, muito vaidosa. É muito difícil escolher uma coisa só, mas acho que perfume. Não abro mão de jeito nenhum. Eu amo perfume.

Planos para um futuro próximo e um futuro distante… O meu plano é voltar a treinar e me preparar para as próximas competições. Vou com calma, mas o foco maior, sem dúvida, é a próxima Olimpíada.

Fotos @marciofariasfoto / Beleza @makegonzovivi / @camilagonzo /
Styling @samantha_szczerb / Agradecimentos Àrsie