Fomos conferir a pré-estreia do filme “Entre Irmãs” (que entrou em circuito nacional nessa quinta 12/10) em Recife, cidade onde se passa grande parte do novo longa do diretor Breno Silveira. Cinema lotado, presença de parte do elenco e uma expectativa geral do que vinha pelas próxima 2h40 de projeção. Antes do filme começar um breve agradecimento do diretor e um sincero depoimento da atriz Nanda Costa que falou sobre o convite para participar do filme num momento em que ela se questionava sobre sua profissão como atriz.
O filme se passa nos anos 20 e 30, começando no Sertão de Pernambuco. Terra seca e sem muitas expectativas de futuro. Menos para a personagem Emília, interpretada com verdade nos olhos pela ótima atriz Marjorie Estiano, que sonha com um príncipe e um futuro bem diferente. Sua irmã, Luzia, magistralmente interpretada por Nanda Costa, é dura e seca como a região. De poucas emoções e um braço aleijado.
A vida dessas duas irmãs, que moram com a tia Sofia (Cyria Coentro), muda radicalmente com a chegada do bando do cangaceiro Carcará (Júlio Machado) que leva Luzia com eles. Emília segue seu rumo e vai para a cidade grande, Recife lindamente filmada, para anos depois as duas se reencontrarem e perceberem o quanto tudo isso mudou o destino de cada uma, porém mantendo o elo entre as irmãs. É nisso que o diretor arrebata o público e toda a plateia de diferentes formas, mas com muita emoção.
Filmado ano passado e trazendo os anos 30 como pano de fundo, o filme traz à tona questões super atuais como preconceito, sexualidade e a força da mulher. Afinal se trata de uma história onde as mulheres estão no comando, com duas protagonistas fortes e ferozmente interpretado por Nanda e Marjorie. Destaque também para a personagem de Letícia Colin, sempre muito competente e linda, como a moderninha Lindinalva, e o Carcará de Júlio Machado. Em entrevista para a MENSCH Júlio comentou que o sertão tomou conta dele e as dificuldades só contribuíram para o filme, – “o calor, o ar seco, tudo isso contribuiu para que a gente fosse afetado fisicamente pela sensação e pelo estado de viver ali. Provavelmente o que aquele homens sentiram naquela jornada”, comenta.
Quinto filme de Breno Silveira, em parceria com a roteirista Patrícia Andrade, que adaptou com certa liberdade, o livro “A Costureira e o Cangaceiro”, de Frances de Pontes Peebles, para as telonas. A parceria entre Breno e Patrícia vem dando belos frutos (todos os cinco filmes de Breno são em parceria com Pattrícia) como já aconteceu com o aclamado “Os Dois Filhos de Francisco” e “Gonzaga: De Pai pra Filho”. “Quando fiz “Os Dois Filhos de Francisco” eu peguei o pai para falar de Zezé, e quando eu fiz “Gonzaga” eu peguei o filho para falar de Gonzaga. Aí eu falei, tem que ter alguém perto de Lampião para ser a impressão daquela pessoa sobre Lampião. E não ele na primeira pessoa. Foi quando eu comecei a pesquisar Maria Bonita mas tinha muito pouco registro. Maria Bonita não dá um filme. Quando me chegou às minhas mãos um livro que ficciona tudo isso. Ele fala do cangaço, de Maria Bonita… mas é uma ficção, não é uma realidade. Que é o livro da Frances”, comentou Breno.
Veja entrevista MENSCH com parte do elenco de “Entre Irmãs”:
Veja cenas dos bastidores do filme: