CAPA: BRUNO DE LUCA, A MIL POR HORA

Praticamente todo mundo que vai ler essa entrevista de certa forma acompanhou partes do crescimento de Bruno De Luca na TV. Isso porque o cara aos 14 anos já era repórter em programas como “Domingão do Faustão” e “Caldeirão do Huck”. O cara já fez de tudo um pouco na TV e isso lhe deu uma ginga e um aprendizado em como funciona o entretenimento para o grande público. E quem o vê assim não imagina o quanto o cara, prestes a fazer 39 anos, é tão rodado. Calma, vamos explicar… É que Bruno por conta do programa “Vai Pra Onde?”, no Multishow, já rodou o mundo visitando mais de 50 países. E de cada um, mil histórias e aventuras. Do jeito que Bruno, inquieto desde criança, gosta. Não por acaso, atualmente ele está no ar encarando os eliminados do BBB 21, e tome mais histórias. Divertido, agitado e risonho, Bruno conquistou seu espaço na TV e no coração do grande público. O menino que se vestia de palhaço quando pequeno, hoje em dia sabe muito bem como rir e fazer os outros se divertirem. Agora chega de blá blá blá e vamos lá que a entrevista é longa, mas muuuuito legal! Bruno é massa!

Bruno da época de novelas até surgir como apresentador já vão alguns anos. Hoje em dia se sente mais, digamos, confortável como apresentador? Não sei dizer se a palavra seria confortável. Eu de fato sou muito mais na prática. Eu já faço com muito mais facilidade, mas mesmo sendo muito diferente uma profissão da outra, elas estão conectadas pelo áudio visual então acaba sendo o mesmo clima. Muitas vezes eu gosto de usar os recursos da atuação, do que aprendi quando estudava para ser ator e acabo usando muito no meu trabalho. Sempre gostei de interpretação naturalista, então sempre fui eu mesmo. O Domingos Oliveira que foi um grande diretor e com quem tive o prazer de trabalhar no teatro e tê-lo como professor, sempre nos ensinou a atuar como se fossemos nós mesmo, então acho que uma coisa está muito ligada a outra, mas de fato eu sou muito mais apresentador.

Por sinal sua atuação como ator hoje em dia se restringiu mais ao cinema e como apresentador mais na TV. Foi um caminho natural ou por escolha sua? Foi um caminho totalmente natural. Logo que eu saí da “Malhação” em 1999 eu fiz muitos testes para novelas e muitos deles chegava perto, mas não conseguia passar. Tentei ser ator por um bom tempo e em paralelo fazia faculdade de Jornalismo na PUC e logo emendei em cinema. Fazia tudo que apareceria, teatro, faculdade, depois trabalhei um tempo no Caldeirão do Huck com o Luciano, mas sempre com muito carinho e amor pela profissão de ator. Sempre quis ser ator e valorizo demais a profissão. Mas não foi exatamente o que aconteceu. Os convites para cinema acabaram aparecendo e eu como apresentador conseguia encaixar na minha agenda, até porque hoje em dia a minha fonte de renda é como apresentador, então não é algo que possa simplesmente cancelar meus compromissos caso aparece algum trabalho como ator. Mas quando é possível conciliar tudo isso eu fico super feliz, ainda mais quando se trata de cinema que junta toda família para assistir, isso me emociona muito!

Aliás, na TV você já fez de tudo um pouco! Já dançou no Domingão, já cozinhou com Ana Maria Braga, já foi repórter de diversos programas como Caldeirão do Huck e Vídeo Show. Que momentos memoráveis guarda dessas experiências? O que gostaria de repetir? Todos esses momentos foram muito marcantes. Antes de dançar no programa do Faustão eu fui repórter com vários links ao vivo e foi muito legal, por que sempre fui muito fã dele e do programa. Tenho muitas lembranças, teve uma vez que fui no projeto Tamar em Recife e nadei com um peixe-boi, também apresentei o concurso da morena do Tchan com a Sheila Carvalho que foi muito legal. Nessa mesma época eu era menor de idade então fui vetado em algumas cenas de sexo na “Malhação”, depois teve “Malhação Férias”, que foi muito especial. Já no “Mais Você”, fiz amizades como Xande de Pilare em um quadro do programa que tínhamos que cozinhar. Me lembro que ele pediu para ajudar a ficar de olho no arroz cozinhando e queimou e eu não avisei, parecia até piada! No Vídeo Show entrevistei muita gente legal como Black Eyed Peas, Lionel Richie, fora os artistas brasileiros que admiro demais além do tempo que apresentei no estúdio com a Ana Furtado. Enfim, sou muito feliz e satisfeito com meus trabalhos, tenho muitos momentos em cada um deles e guardo com muito carinho.

E qual a maior loucura no meio disso tudo? O que te deu um frio na barriga em fazer? Em todos eles eu senti frio na barriga. Teve uma vez no Caldeirão que era Natal e eu saltei de paraquedas vestido de Papai Noel. Lembro de ficar muito tenso, nervoso e enjoado. Mas também tive alguns momentos mais tensos, quando eu tinha 14 anos eu entrei como repórter em um link ao vivo no cemitério após 1 ano de morte do grupo Mamonas Assassinas, entrevistando o pai do vocalista, foi uma responsabilidade muito grande para a idade que eu tinha. E no “Vai Pra Onde” já passei por muitas aventuras, como nadar com tubarão, comer a pimenta mais forte do mundo, entre outros.

O que dá mais frio na barriga encarar um público de rua doido para aparecer na TV e estar ao seu lado ou uma aventura como anônimo em um país desconhecido? Acho que encarar um público é mais complicado. Quando você está na rua, você tem que ter muito cuidado e paciência, pois precisa entreter as pessoas e saber que elas estão parando para aparecer na tv. Você acaba ficando exposto a muitas atitudes como xingamentos, empurrões e também muita demonstração de carinho, até minha bunda já apertaram acredita?! (risos). Teve uma vez no Rock in Rio, que pedi para um fã do Guns N Roses cantar uma música e ele cantou de uma outra banda e xingou ao vivo. É muito desafiador, mas ao mesmo tempo muito prazeroso porque muitas vezes as gafes só acontecem no ao vivo.

Falando em país desconhecido, soubemos que você já visitou mais de 50 países. O que te move a ir num local totalmente estranho? O que te leva a viajar? Eu amo conhecer novas histórias e pessoas diferentes de mim. Eu lembro de eu ser muito diferente em casa, minha família sempre foi muito conservadora. Meu pai se preocupava comigo, achando que seria menos sofrido se eu não fosse diferente. Toda vez que ele falava isso, eu amava! Com cinco anos de idade por exemplo, ao invés de andar de super herói eu queria andar de palhaço, era uma criança muito peculiar confesso. Então sempre gostei muito do diferente e isso me move muito. Adoro ir para lugares inusitados e estudar a história do local para não ficar perdido e lembrando vagamente da aula de História do colégio. Gosto de viajar, qualquer país eu tô dentro!

De todos esses países qual voltaria mil vezes e qual prefere deixar apenas para uma única experiência mesmo? Voltaria mil vezes para muitos lugares como a Tailândia, Itália, Alemanha, Espanha. Mas acho que a Tailândia é um país diferente e que amei conhecer. Já um para uma única experiência acho que não tem, todos tem algo maneiro, até mesmo a Índia que fui de trem, eu tenho vontade de voltar. Tem muita coisa para olhar, mesmo as coisas mais tristes são interessantes para a experiência como ser humano.

Ao longo do programa “Vai Pra Onde?” percebemos que é muita farra e diversão. Como traça o que ver naquele curto período de tempo na cidade? O “Vai Pra Onde” começou em 2007 com uma pegada de reality. Quando eu apresentei o projeto eu mostrei filmando com a minha câmera em modo selfie e mostrando tudo, trazendo toda a liberdade que uma câmera amadora poderia trazer para um programa de tv. O fato de eu estar manuseando a câmera, eu podia filmar momentos que não necessariamente teriam uma equipe como por exemplo no quarto ou no banheiro. Era uma fase que realmente eu só pensava em bagunça, mas sempre me interessei pela história e comportamento que é um ponto que gosto muito de equilibrar no programa.

Nossa ideia sempre foi fugir do obvio. Um programa no Cristo Redentor por exemplo, não gravaríamos eu indo conhecer, porque consideramos isso muito batido para quem visita o Rio de Janeiro e conhecer os principais pontos turísticos. Nós sempre quisemos mostrar o dia a dia do jovem. A gente começou em Recife, eu conhecendo pessoas da minha faixa etária e o que eles faziam para se divertir, comprar livros, cd, então tinha muito essa coisa musical, cultural, comportamental e de balada. Temos uma equipe que faz uma pesquisa e tentamos mostrar um pouco de tudo nas viagens, mas principalmente onde o jovem gosta de ir, o foco sempre foi o público do Multishow. As dicas de amigos e conhecidos ajudaram na construção do programa, escolhendo os destinos e é assim até hoje.

O que já surpreendeu e o que decepcionou? Me surpreendi muito em Budapeste que a gente estava numa época de muito frio e a cidade muito vazia, o que pra gente é muito ruim de gravar por que os dias são curtos e as ruas vazias. Até que achamos uma balada que tinha visto em um flayer no hostel (onde encontramos muitas dicas), era em um lugar cheio de piscinas fechadas e aquecidas onde você trocava a roupa e curtia. Já no Japão, eu adoro tecnologia e descobrimos um hotel onde todo o atendimento era feito por robôs. Chegando lá acabamos não gravando a matéria, era tudo muito simples e parecia muito fake, era muito longe de Tokio, perdemos muito tempo para não fazer o que precisávamos. Outro lugar que me surpreendi foi em Belo Horizonte, que a gente foi fazer uma matéria do Baile Charme, que rolava em um bairro meio perigoso e ninguém queria ir nem o motorista que morava na cidade, aí insisti muito e deu super certo, foi o que o público e a equipe do Multishow mais gostaram.

Conta um pouco como era sua sofrida agenda de viagens pelo mundo estando solteiro? Chegava a acordar sem saber em que país estava? Era incrível! Eu viajava para tentar achar um grande amor, que na verdade estava muito mais perto do que imaginava, aqui no Brasil em um quiosque em frente à minha casa, que foi onde encontrei a Sthéfany. Eu falava pro meu câmera, que a gente tinha que sair, estávamos por exemplo na Croácia e não deixava ele dormir. Inclusive, ele acabou casando com a produtora do programa, se conheceram durante uma viagem. Tudo que acontecia de errado nas gravações era real, eu assumia. Se eu acordava atrasado, se o entrevistado desistia, se era expulso do lugar, tudo virava conteúdo.

No meio disso tudo, qual o maior perrengue? Um grande perrengue que passamos, foi quando a produtora do programa caiu de moto na Tailândia e abriu o joelho. Lembro que ela teve que levar até pontos e não podia dobrar, então tivemos que ficar a viagem toda no carrinho de mão. Foi bem difícil!

Que lugar (ou mais de um) você sonha conhecer que ainda não teve oportunidade? Eu sonho em conhecer o Canadá. Deve ser um país lindo, rico de belezas naturas e super evoluído. Quero conhecer todos que faltam ou até mesmo voltar para alguns, eu amo viajar. Ir para a Costa Rica também tenho vontade, inclusive é onde seria a nova temporada do Vai Pra Onde se não tivesse acontecido a pandemia.

Que conselho daria a quem vai viajar para um lugar totalmente novo e de cultura totalmente diferente que a nossa? Qual a primeira dica? A primeira dica que eu dou é escolher um bom albergue ou hostel, mesmo que você queira um hotel bacana, esses lugares normalmente tem um público jovem que está viajando sozinho e doido pra conhecer gente nova e fazer amizade. Na área de convivência desses lugares você já consegue montar uma programação com dicas de passeios que as pessoas fizeram e que adoraram. É muito diferente de hotel que normalmente as pessoas são mais fechadas. Uma dica legal é pegar um quarto individual, isso funciona muito. Uma das primeiras coisas que a gente faz nos países é ir nesses lugares para saber das coisas e depois seguir a programação.

Quando não está pelo mundo, onde encontra sua paz? Onde recarrega as baterias? Sou muito apegado à minha família, principalmente meu pai e minha mãe que são casados há muito tempo. Meus irmãos já tem filhos, então também amo estar com meus sobrinhos e ir para praia, onde fomos criados desde pequeno. Meu pai joga futevôlei, nossa turma sempre se encontra na praia sem marcar, então é onde costumo recarregar minhas energias. Ficar em um quiosque tomando um chopp com amigos, acabo me sentindo em casa e ainda mais estando em contanto com a natureza, me faz muito bem!

Alguém com a vida tão agitada assim deve ter estranhado muito no auge do isolamento social. Como lidou/lida com isso? Quando tudo começou eu já estava fazendo o “BBB A Eliminação”, então eu estava muito envolvido com tudo. Apesar de gostar muito de sair de casa e ir para a praia, também tenho meus momentos em casa e consequentemente foi a época que conheci a minha noiva, no início da pandemia. Então foram muitas novidades na minha vida, não tive muito tempo pra ficar entediado. Mas obviamente foi difícil por todo o sofrimento. Sou muito empático e sinto muito pelos outros. Não peguei o covid, mas tenho muito medo, é muito difícil. Então aproveito esse momento mais resguardado para estudar, ler, ver filmes e fazer muita coisa que estava acumulada.

Atualmente você está apresentando o “BBB Eliminação” no Multishow ao lado de Vivian Amorim. Como está sendo a experiência? Já curtia o BBB? Está sendo maravilhoso! Eu comecei a apresentar esse programa na primeira versão dele. A gente chegou a fazer inclusive na minha casa, em clima de debate, com ex-big brothers, entrevistava o eliminado da semana. Depois eu sai do programa, pois a minha agenda de viagem não era possível conciliar. E aí ano passado surgiu essa proposta pro ao vivo e o Christian Machado diretor artístico do Multishow junto com o Boninho me convidaram para fazer junto com a Vivian e a Titi Miller, inclusive eu e Titi já fizemos muitos trabalhos na emissora e a Vivian ainda não a conhecia, mas me dou super bem e adoro contracenar com ela. Saímos do programa sempre rindo, mandando mensagem um para o outro. É muito prazeroso fazer parte disso, fico até preocupado quando acabar (risos).

Dessa temporada do BBB, quem mais te surpreendeu durante o “BBB Eliminação”? Alguém que você tinha uma ideia e na hora percebeu que não era bem assim? Todos os considerados “vilões” do BBB pelo público que a gente entrevista não são o que eles mostram na casa. Primeiro que eles chegam já sabendo como eles são vistos e os erros que cometeram, então já acabam vindo com um sentimento verdadeiro de arrependimento. Muitas pessoas se emocionam, por exemplo, o Projota que se emocionou ao vivo no programa e eu também. Eu acho que todos chegam lá diferentes e querendo mudar e isso é muito bom. A Lumena por exemplo é uma que me surpreendeu muito porque eu estava meio receoso de entrevista-la pelas atitudes que ela teve na casa e ela se sentir ofendida, ou algo do tipo, e agir de uma forma que eu não tivesse esperando. Mas ela foi super bacana, reconheceu os erros e em alguns momentos teve até vergonha de ver algumas atitudes dela, isso me surpreendeu positivamente.

Indo pra vida virtual, você possui 1 milhão de seguidores no Instagram. Como escolhe o que libera nas redes sociais? Eu sempre mostrei como sou verdadeiramente! Desde quando comecei como repórter no Faustão. Esse foi um dos motivos que despertou interesse da parte dele. Ser muito espontâneo, natural e dizer muito o que pensava ainda mais com a idade que eu tinha. Quando começou o “Vai Pra Onde”, as pessoas foram me conhecendo de outros trabalhos mais formais, mas nesse eu comecei a dizer e mostrar todos os meus anseios, mostrando tudo com naturalidade. Gosto de apresentar isso para que as pessoas vejam que a vida de todos as vezes é chata e as vezes é legal. Eu também gosto muito de mostrar ações solidarias, isso estimula. Percebo por mim que quando vejo alguém fazendo isso eu fico interessado em ajudar por ser algo que admiro e acredito e não faria se fosse algum lugar que não fosse correto. Gosto de conectar, mostrar o trabalho dos outros e nas redes sociais faço muito isso.

Prestes a completar 39 anos, o que faltou fazer das “30 Coisas Para Se Fazer Antes dos 30”, mas que ainda dá tempo de fazer antes dos 40? (risos) Difícil essa pergunta hein! Mas sempre achei que antes dos 30 eu já teria casado e com filhos, mas acho que possa acontecer antes dos 40 de repente

O que você e Carlos Imperial têm em comum? Engraçado você fazer essa pergunta logo depois de eu dizer que gosto de conectar as pessoas. (risos) O que eu via muito nele é justamente isso, agregar, conectar as pessoas, os talentos de cada um, um agitador cultural. Eu gosto de música, arte e que as pessoas também tenham acesso a isso, entretendo as pessoas. Quando as pessoas comentam que riram ou se emocionaram com meu programa, é o que me dá mais prazer e o Imperial tinha muito disso também.

Como se vê daqui há 10 anos? Me vejo com pelo menos 2 filhos, com a minha casa reformada, meus pais ainda vivos. Espero estar cada vez mais unido com a minha família, fazendo trabalhos divertidos e que me deem muito prazer. Quero muito poder estar viajando! E que o mundo esteja melhor, as pessoas mais amorosas uma com as outras e tudo melhore. Porque a sensação as vezes é que nada está muito certo.

Passando esse período crítico e podendo viajar com calma “Vai Pra Onde?” (risos) Vontade de ir pra todos os lugares. Mas quando acabar a pandemia e puder ir pra fora do Brasil, eu quero muito ir para a Costa Rica e para o Canadá. Mas independentemente de viajar eu quero ir pra rua, para praia, cumprimentar as pessoas, abraçar, voltar a viver calorosamente como nos brasileiros gostamos!

Foto Vinicius Tribian

Produção Clarissa Martino

Beleza Monique Simonato

Stylist Andreza Duarte

Assessoria de Imprensa André Gazignato / K2L