CAPA: CLAUDIO GABRIEL E O SUCESSO DE TADEU EM “TERRA E PAIXÃO”

O talento e a versatilidade de Claudio Gabriel transforma qualquer personagem em protagonista. É o que o público tem visto com o seu elogiado Tadeu na novela Terra e Paixão (Globo) que se mete em mil aventuras tirando humor onde existe até muito drama. E não é de hoje que Claudio vem arrancando elogios da crítica. Ao longo de seus mais de 30 anos de estrada entre TV, cinema e teatro, Claudio já fez de tudo um pouco. E é um pouco dessa trajetória que ele procura passar para seus alunos e para nós ao longo desta entrevista exclusiva.

Claudio, você já tem mais de 30 anos de carreira, mas acredita que talvez muita gente esteja de fato conhecendo seu trabalho graças ao sucesso do personagem Tadeu em Terra e Paixão? Não. Acho que estou vivenciando um personagem de sucesso dentro de uma novela que tem uma audiência extraordinária e, claro, isso traz à tona minha visibilidade. Mas muita gente já acompanha meu trabalho há muitos anos no teatro, no cinema, nas emissoras. 

Aliás, esperava por esse sucesso e aceitação toda por parte do público e crítica? Por um lado não esperava, por outro trabalhei muito pra ter esse reconhecimento. O que quero dizer é que, por um lado, uma novela é um mergulho no escuro, você não tem como prever o que dará certo ou não. Mas por outro, o investimento em recursos de interpretação somados aos anos de experiência que tenho no campo das artes cênicas, trazem a sensação de maturidade e a possibilidade de realizar trabalhos cada vez mais consistentes, assim espero.  

O personagem já passou por diversas situações sem noção. Mas qual foi a cena ou momento mais surreal que o Tadeu já passou até aqui? Acho que foi quando ele segue o rastreador que Enzo instala na máscara da Rainha Delícia, a fim de finalmente encontrá-la pessoalmente, mas, enganados por Anely e Luigi, a máscara vai parar numa vaca, no meio de um pasto.

Ao longo de sua trajetória você já fez de tudo um pouco, de mocinho a bandido, do machão ao matuto. Que personagens ou trabalhos você destacaria? Quais foram imperdíveis para sua carreira como artista? O Severino de Laços de Família foi de suma importância, uma virada de página. Gosto demais do Inspetor Brandão, da microssérie série Fora de Controle. Bebeto, mais recente, da série Impuros, tem uma repercussão incrível. Álvaro, atormentado personagem em Ilha de Ferro, série da Globoplay. E adorei o papel e a repercussão positiva do Lobato, ministro vilão do excelente filme Medida Provisória. Não posso deixar de citar Sérgio, da peça Arte.

E como foi seu início? Sabemos que você começou no teatro amador SESC Tijuca e daí em diante não parou mais. Exato. Do SESC fui estudar na Escola de Teatro Leonardo Alves, que funcionava no Catete, seguindo para a Escola de Teatro Martins Pena, onde me formei em 1991. A partir daí, os testes e convites foram surgindo naturalmente, no teatro e na televisão e também no cinema, um pouco depois. 

Sua estreia na TV foi com a novela Felicidade (Globo) em 1991. Como foi esse momento? Que barreiras teve que superar ou tirou de letra na época? Na verdade, antes de Felicidade, atuei em As Pessoas da Sala de Jantar, caso especial onde meu personagem Otavinho era filho dos personagens de nada mais nada menos que Paulo José e Ewa Wilma. Não tirei nada de letra, foi um início razoavelmente difícil para alguém com formação teatral que nada sabia sobre atuação para a TV. Fui fazendo e aprendendo ao mesmo tempo. Errava e acertava, perguntava, observava e procurava entender todo aquele novíssimo e complexo modo operante de um set de gravação. 

O que o Claudio de hoje diria a esse Claudio de 20 e poucos anos estreando como ator? Diria para ele fazer o mesmo e chegar até aqui, vivenciando este saboroso e instável processo do qual não me arrependo de nada. Procuro sempre lembrar que minha maior referência é minha própria história e que as derrotas são tão bem-vindas quanto às vitórias, pois fazem parte do processo de aprendizado e aperfeiçoamento. Se o Claudio de 20 e poucos anos chegou até aqui sendo ator, é porque isso faz todo sentido.

Como e quando se sente mais desafiado no seu ofício? Talvez nas cenas que exijam mais da emoção do que dos recursos técnicos. Ou quando o acúmulo de trabalho traz aquela sensação de cansaço constante.

Quais os maiores desafios que você enfrenta como professor? Muitas vezes as pessoas estão mais em busca da fama do que aprimorar sua técnica ou talento? O maior desafio é discernir o que é preciso e precioso para se dizer a um aluno ou aluna. O que a pessoa precisa ouvir ou exercitar para que sua alma e seu corpo acordem para os desafios dos trabalhos propostos. Sobre a busca da fama em detrimento ao estudo, acho que isso sempre existiu, mas hoje é amplificado pela facilidade de exposição e fama instantânea inclusive e a partir da internet. Penso que cada um escolhe o que quer da sua vida. Como quer se expor, o que quer postar, o que veio fazer no mundo. Cada um é livre para escolher seu próprio caminho. Mas eu sou do estudo, da lapidação do talento, e é isso que incentivo aos que participam da minha oficina. 

O que a Oficina do Riso te ensina? Que pergunta bonita. Acho que me ensina a ser mais generoso, me traz de volta a ingenuidade preciosa do desconforto e prazer de estar no palco, vendo os alunos atuarem, me ensina a dirigir, me regenera e revigora, me dá esperança.

E como diretor que desafios enfrenta? E como foi no início e como é hoje? Como diretor minha experiência ainda é pequena. Dirigi duas peças apenas até então. Êxtase, de Walcyr Carrasco e The And, de Isabel Cavalcanti. Mas quero mais! Como respondi acima, o caminho do professor pode me levar naturalmente a dirigir mais, idealizando projetos ou sendo convidado. Acho que gosto de dirigir tanto quanto gosto de atuar. 

Como as artes visuais, a pintura especificamente, te completam como artista? Ampliando minha cultura, expandindo meu pensamento, me dando mais recursos e proporcionando mais encontros interessantes com meus pares e com o público em geral. 

Nas horas vagas (elas existem?! risos), o que curte fazer? O que quer dizer isso, “horas vagas”? (risos) Quando existem gosto de nadar, jogar futebol, namorar, ir à praia, ao teatro, ao cinema…

Na vida real quem é sua “rainha delícia?” (risos) Isso é confidencial. O site não permite divulgar. (risos)

Fotos Priscila Nicheli

Styling Samantha Szczerb

Assessoria @firstpress_comunicacao

Agradecimentos Hotel Windsor Marapendi, Doct Jeans