Do menino que sonhava em ser policial, a modelo e por fim ator de teatro, cinema e TV. Essa basicamente é a trajetória de David Junior, que atualmente está se destacando som seu personagem Saviano na novela “Liberdade, Liberdade”. Ainda mais depois das cenas quentes dele com a atriz Maitê Proença. Deu o que falar e virou manchete! Mais David é muito mais que tudo isso. Conheça um pouco mais desse ator simples, pé no chão e cheio de vontade (e talento) para ir muito além dos seus 8 anos de carreira.
David, não tem como fugir da pergunta clichê… Como foi encarar as cenas de sexo em “Liberdade, Liberdade” com a atriz Maitê Proença? Foi mais difícil ficar nu em cena ou contracenar com uma atriz do porte de Maitê? Acho mais do que natural inicialmente sentir um certo frio na barriga, não por ser a Maitê, ou pelo nu da cena, mas pela delicadeza e a mensagem que a mesma passa. Contar a história de abuso sexual das mulheres para com os homens, que eram escravizados naquela época de forma verossimilhante, coisa que nossos livros não contam, era o maior desafio.
Para encarar esse novo desafio na TV você teve que intensificar a malhação, entrar numa dieta rigorosa para secar e ganhar músculos. Como foi esse processo? Eu já tenho o hábito de me exercitar, só tive que intensificar no aeróbico com os treinos de Muai Thay, corrida e bike. No começo eu cheguei a treinar duas horas por dia de Muai Thay e seis horas de Mountain Bike.
Já que você é corredor profissional não deve ter sido um grande sacrifício. Vai manter essa disciplina depois que acabar a novela? Todo esforço tem seus ônus e bônus. Adquiri uma inflamação no joelho esquerdo e estou diminuindo os treinos de corrida, mas pra compensar estou pedalando mais e me apaixonando a cada dia. Se estiver fazendo trilha algum dia, preste atenção, pois posso estar descendo de bicicleta atrás de você (risos).
Depois dessas cenas de nudez e a exposição na TV o assédio aumentou muito? Como tem lidado com isso? Eu nunca fui muito assediado, então digamos que agora eu sou (risos). As pessoas ainda tem um pouco de receio de chegar pra falar comigo. Ainda piso em ovos para lidar com determinadas situações, mas tenho me saído bem em todas elas.
Na época em que se passa a novela os negros eram tratados como objetos, animais. Em algum momento você sentiu alguma revolta por imaginar como era a vida dos negros nessa época? Hoje em dia algo revolta nesse sentido? Não tem como não se colocar no lugar de tantos “Savianos”, “Blandinas” e “Luandas” quando retratamos com a dramaturgia, esse tipo de história. Só precisa ser humano e ter um pouco de compaixão pela vida, que você sente o quanto éramos mesquinhos ao lidar com vidas de forma tão indiferente, como se tivéssemos o direito de fazer dela o que bem quiséssemos. Doeu e dói até hoje. Pra mim, Só existe uma raça, a raça humana e ela não tem o direito de se sentir maior ou melhor do que ninguém, como alguns fazem até hoje.
Antes de “Liberdade, Liberdade”, você participou de novelas como “Geração Brasil” e “I Love Paraisópolis”. Como foi seu início de carreira na TV e que importância tem tido esse trabalho mais recente? Comecei com algumas participações, como a maioria dos atores. Além dessas citadas fiz também “Caras e bocas”, “Malhação”, “A Cura”, “Salve Jorge”, além de peças e publicidade. Tenho oito anos de carreira e sempre quero aprender mais, por isso não paro nunca de estudar. Esse trabalho foi um presente pra mim. Poder contar um pouco da história dos meus ancestrais é algo que agradecerei a Deus pra sempre.
Há pouco tempo você participou de um filme. Como foi a experiência? Muito diferente da TV para você? Cinema te dá outro tempo cênico, valoriza os silêncios, o olhar diz mais do que o texto em si. É outra forma de trabalho, diferente da televisão e teatro, foi muito prazeroso ter tido essa experiência, aprendi bastante com ela.
E teatro, o que mais te provoca? Onde se sente mais “em casa”? Amo o teatro, é a mãe da arte dramática. Confesso que me apaixonei com a forma do cinema e como ouvi numa entrevista da Cássia Kiss, onde ela disse: “Podemos fazer televisão e cinema o quanto quisermos, mas assim que possível volte ao teatro, é lá que a dramaturgia acontece de verdade”.
Sempre quis ser ator? O que te fez despertar para ser ator? Que nada, nem sonhava com isso. Minha palavra da vida é SERENDIPIDADE! As coisas entram na minha vida por acidente de percurso. Eu era um menino da baixada fluminense, que por pilha de uma amiga da escola, decidiu ser modelo. Uma coisa levou a outra e acabei aqui, mas pretendia ser policial federal, já que sou filho de policial civil e meu pai sempre me disse: “Você tem que ser melhor do que eu, ou no mínimo igual, pior nunca”. Daí, quando pequeno eu me via sendo policial federal, vestindo a roupa preta e tudo.
Nesse ensaio você está com uma produção mais clássica. Qual seu estilo em se vestir? Por ter sido modelo é ligado em moda? Já fui mais ligado, mas tenho minha vaidade como uma das prioridades. Adorei o convite de vocês, para fazer um ensaio clássico, gosto de me vestir assim, também me visto mais formalmente em certas ocasiões.
O que uma mulher precisa ter ou saber para te conquistar? O que te encanta nelas? Trabalho num mercado onde a beleza é algo mais do que do cotidiano. Para me encantar precisa de um pouco mais do que só a beleza. Uma boa conversa, um bom humor, criatividade ao desenvolver um assunto, além de uma bela panturrilha seria alguém que me chamaria atenção. Sou apaixonado por uma bela panturrilha feminina, num salto alto então? (Risos).
O que você pretende com sua vocação de ator? Onde quer chegar? Atingir os expectadores com uma dramaturgia de qualidade, por alguém que andou na contra mão, sem seguir o estigma da sociedade, não se fez como mais um produto do meio, nem precisou se corromper. Quero ser uma referência para meus filhos e para os jovens que viram de onde eu vim. Quero ser reconhecido como um homem íntegro, que ama sua família, que honra seu Deus e que mirou no céu e atingiu o mundo com seu trabalho. Quero viver do meu trabalho e sustentar minha família com ele, de forma digna e honesta.