CAPA: Hugo Bonemer volta com força total na 1a fase de “A Lei do Amor” e no cinema

 

A lei do ator Hugo Bonemer é sempre sair da zona de conforto. Confrontar seus medos e inseguranças e se jogar no trabalho como se fosse a 1ª e última vez em que atua. Não é à toa que hoje em dia ele é uma das grandes promessas da nova geração na TV e um dos grandes atores de musicais no Brasil atualmente. Perto de completar 30 anos, Hugo traz em sua trajetória filmes, novelas, peças, musicais e shows. Todos com muita intensidade e dedicação quem faz o que ama fazer. Com jeito simples, Hugo segue conquistando seu espaço e mostrando à que veio. Assim como seu mais recente trabalho, curto porém marcante, na 1ª fase da novela global “A Lei do Amor”. Na verdade o título serve muito para Hugo, a sua lei do amor é essa, o talento pelo seu trabalho.

Depois de um período focado em outros trabalhos você volta na 1ª fase de “A Lei do Amor”. Como foi participar desse novo trabalho na TV? Cada retorno à TV Globo vem acompanhado de muitas perguntas. Vou dar conta? Vão gostar de mim? Vou conseguir novos trabalhos depois deste? Tenho dito “sim” pro universo. Ainda mais agora numa trama das 21h e que tem passagem de tempo, preciso deixar tudo muito amarrado para a fase seguinte. Sem dúvida mais um trabalho desafiador.

Na fase seguinte seu personagem será interpretado por Ricardo Tozzi. Como foi esse trabalho em dupla? Que desafios o Augusto Tavares te trouxe? É um trabalho naturalmente feito à muitas mãos. O personagem acontece de conversas com a equipe criativa, com os amigos, com os atendentes do restaurante, com os seguranças, com quem cruza meu caminho seja pessoalmente ou nas redes sociais. Faço perguntas no Twitter, puxo assunto no metrô e me interesso em saber como afetar alguém com determinado assunto. Ter outro ator, pra ajudar nesse trabalho, só enriquece ainda mais a experiência. O desafio está em transformar tanta informação abstrata em resultado concreto.

 

Falando em outros projetos, de “Alto Astral” (última novela na TV) pra cá você passou pelo teatro e cinema. Você realmente não para. O que te desafia em cada novo trabalho? O desafio em cada trabalho é o de fazer algo que ainda não sei fazer. A sensação que aprendi algo me dá mais gás. No último musical que fiz, Ordinary Days, alternei personagem com outro ator a cada apresentação, em Lisboa com “Rock in Rio” cantei para 70 mil pessoas, no filme TROLLS dublei um personagem focando em trazer a interpretação apenas para a voz, na série “O Negócio” fiz a minha primeira cena de sexo explícito, em “A Lei do Amor” gravei em praça pública, em Campinas, com mais de duzentas pessoas me vendo errar, ou acertar, as cenas. Em cada trabalho fiz algo que nunca havia feito na vida e não tem sensação melhor que essa.

O teatro é o espaço onde você mais trabalha. Em especial em musicais como “Hair”, “Ordinary Days” e “Rock in Rio – O Musical”. É onde você se sente mais em casa? Investir fora do teatro é um foco seu ou deixa acontecer? Penso na felicidade que desejo experimentar na vida e em espalhar essa alegria e satisfação. O restante acontece sem que eu me sinta com poder de determinar o que, como ou quando.

 

Falando no Rock in Rio você abriu vários shows no festival aqui no Brasil e Lisboa. Como foi isso? À primeira vista parecia uma pintura do Monet! Pontos coloridos formando uma paisagem. Eu entendi que eram seres vivos, principalmente, quando escutava eles gritando ou cantando junto! Sim, é assustador, mas também muito emocionante.

Sua paixão pela música é tão grande quanto sua paixão em atuar? Alguma vez já pensou em decidir só por uma coisa? Não consigo escolher, por isso gosto de teatro musical, onde posso fazer ambas funções e ainda dançar.

Seja no teatro, cinema ou em shows a música sempre está presente em sua carreira. Como avalia isso? Quando descobriu que não podia viver sem a música? É uma troca, ela vive de mim e eu dela, fizemos esse acordo quando eu era bem novo, gostava de ficar no meu quarto o dia todo escutando boas músicas.

Ainda nesse universo musical, seu novo filme “Minha Fama de Mau”, que estreia em 2017, trará duas canções suas. Foi um prazer duplo poder atuar e ter músicas no mesmo filme? É muita felicidade! Entrei para fazer um trecho curto de uma canção e de repente fui convidado para gravar parte da trilha…

 

Aliás, esse filme deve ser tudo de bom… Conta um pouco de como foi e o que podemos esperar dele. Faço uma participação relâmpago, como Bobby Darin, que foi um cantor norte-americano e uma das inspirações para Erasmo Carlos. Além da cena, minha voz pode ser ouvida em outros momentos do filme, na trilha sonora.

Inquieto e multi talentoso você ainda faz dublagem de filme infantil (Trolls). Que desafios a dublagem traz que diferencia de atuar no filme? O prazer maior é trabalhar a interpretação sem me preocupar com o visual. É libertador! Tenho a honra de ter sido escolhido para dublar o Justin Timberlake aqui no Brasil e ganhei esse presente que foi cantar “True Colors”. A estreia é no próximo dia 27 de Outubro em todo o Brasil. Como todo filme de animação, ele é feito para crianças e acaba que todo adulto se emociona.

Com tanto trabalho assim sobra algum tempo livre? E nessas horas o que curte fazer? Sobra bastante tempo livre, porque a minha vida vem de safras e entressafras, posso acabar passando até meses sem trabalho remunerado e nessas horas faço projetos musicais como o Ordinary Days, curta-metragens dos amigos, faço leituras pra divulgar o trabalho de uma poetisa com quem me identifico, e o que tem me dado mais prazer no momento é a composição musical.

 

O que curte ler, ver e ouvir? Gosto de ler, ver e ouvir aquilo que me desconstrói, já passo muito tempo do dia construindo coisas e quebrar as minhas certezas me faz um cara mais feliz.

E com tantas atividades, sobre tempo para curtir, amar? Como administra tudo isso? Me sinto mais livre para amar. Amar é aceitação, depois cada coisa tem seu nome. Paixão? Afeto? Carinho? É tudo farinha pro mesmo bolo, mas amor é outra coisa. É fácil amar (=aceitar) quem a gente não conhece. O bicho pega quando começamos a conhecer, aí vem a tentativa de controlar, o que pra mim, é o oposto do amor.

O que admira numa companhia? Aceitação. Defino bem, por exemplo, se meu objetivo é estar contigo, ou ir ao cinema. Se for ir ao cinema posso ir só e chego na hora, mas se for estar contigo dane-se se atrasamos pra sair de casa! Meu objetivo é estar contigo, no cinema, ou em qualquer lugar, inclusive ali te esperando pra sair.

Você está com 29 anos hoje, como se vê daqui a 10 anos? Aos 39 não sei, mas aos 89 me vejo solteiro, viajando com outros velhinhos, viúvos e solteiros, todos com seus andadores e fraldas geriátricas, fazendo a maior farra naqueles ônibus de excursão pelo Brasil afora, jogando muito baralho e falando bobagem. Com a certeza de que vivi excelentes relacionamentos, pelo tempo que precisaram durar para experimentarmos a felicidade pura que acontece da conexão entre as pessoas.

 

Fotos Luciana Sposito
Direção criativa Marco Antônio Ferraz  
Beauty Albert Júnior 
Styling Aline Sasson 
Agradecimentos Rio Forest Hostel 

Hugo Bonemer veste: terno Ricardo Almeida, moletom Gap, casaco vintage Benetton, casaco Zara, chapéu Wad, calça Diesel, camisa de botão Gap, camisa de malha Hugo Boss