Marcelo Serrado fez de tudo um pouco com seu personagem Moa em Cara e Coragem (Globo), que encerrou nesta sexta-feira 13. Ele escalou, saltou, correu, usou salto e tudo o mais que um verdadeiro dublê de ação precisa fazer. Com os altos e baixos que o personagem lhe proporcionou, ele deixa esse trabalho pronto para seu novo desafio, ser um pai do outro mundo em sua volta aos palcos depois de um hiato de cinco anos (por conta de pandemia e novela). Marcelo está de volta à MENSCH para contar um pouco desse fim de novela e esse início de peça.
Seu personagem nessa reta final de Cara e Coragem descobre uma paternidade que até então era segredo. No teatro, você estreou uma peça que fala de paternidade… Ou seja, a ficção lhe levando a debater sobre o tema. Como isso lhe toca, você sendo pai de três? Isso me toca de uma maneira muito profunda porque a paternidade todo mundo que é pai, tem essa visão de como era a vida antes e como é a vida depois de ser pai. É a ficção, de uma certa maneira, imitando a vida real. Ser pai de três é uma benção, os meus filhos têm essa diferença, né? Meus filhos pequenos tem nove anos e minha filha tem 18 – adolescente. Eu sempre quis ser pai. Os três me completam, são muito meus parceiros. Ser pai não é fácil, é uma luta diária, você tem que acertar, dar limite. Empreender demais é uma equação difícil de acertar.
E como você é como filho? Como foi/é a relação com seu pai? Eu me dou muito bem com meu pai, com minha mãe, sempre tive uma relação muito boa com eles. São pessoas incríveis, sempre me ajudaram muito na vida.
Voltando à Cara e Coragem, da última vez que conversamos você estava para estrear na novela. A realidade supriu as expectativas nesse trabalho? Gostei muito de fazer Cara e Coragem, fazer um dublê de ação. Foi bom que eu deixei o meu corpo muito em cima, muito preparado pra isso. Trabalhar com a Claudia, autora com quem eu já tinha trabalhado em Pega-Pega, uma parceira. Nathália Grimberg, uma incrível diretora, a equipe toda é genial, os atores. A Paola foi uma grande parceira, Taís Araújo, Paulinho Serra. Foi incrível, uma novela que eu fiquei muito feliz de ter feito.
O Moa passou por muitas emoções. E que momentos você destacaria neste trabalho? O que fica de bom? O Moa teve altos e baixos na vida pessoal dele, no trabalho… O que fica de bom é um trabalho feito com dignidade, concluído com amor, com dedicação, muita dedicação, muito suor. E os amigos que eu fiz neste trabalho, que vão ficar pra vida toda, isso é muito legal. A novela me deu muito prazer de fazer.
Dentre as aventuras de Moa, teve algo que lhe fez superar algo? Tipo medo de altura? Qual a maior aventura na pele do dublê Moa? Medo de altura sim, mas a Paola sempre estava do meu lado falando “Vai, Serrado, pula, pula!”. Ela me ajudou muito, foi uma grande parceira.
Indo para a peça Um Pai do Outro Mundo, que você estreou dia 13 – conte um pouco do que o público pode esperar por essa história e personagem. A peça fala basicamente desse pai, o Paulo Hernesto, um cantor de jingles classe média que tem uma filha, e depois os filhos gêmeos. Ele está vivendo uma relação difícil com a mulher – é um cara que não tem muita grana, e uma hora ele se separa dela e tem que conviver com esses filhos, tem que cuidar um pouco dos filhos sozinho. Depois, a mulher volta para ele. Enfim, essa relação desse pai com as agruras de um pai solteiro, casado, divorciado, e que depois volta pra mulher. É muito legal, é uma comédia com que o público vai se identificar muito, vai rir muito das histórias que tem na peça.
O texto da peça é uma parceria entre você e Claudia Mouro. De onde surgiu a ideia e como foi escrever em paralelo com o trabalho na TV? Sim, é uma parceria minha com a Claudia. Eu já estava escrevendo o texto, e achei que tinha que ter uma pegada feminina, um olhar feminino sobre essa escrita. Fui ver a peça da Claudia, A vida passou por aqui, e fiquei encantado com o jeito dela escrever. Daí a convidei, aí a gente começou a escrever juntos.
Qual a “moral da história” de Um Pai do Outro Mundo? A moral da história é que você tente fazer o melhor como pai, que nós não podemos moldar nossos filhos só com o que desejamos. São indivíduos, e a gente tem que criá-los para o mundo com muito humor. Com amor e humor.
Essa é sua volta aos palcos depois de quase cinco anos. Que emoção lhe traz? A volta para o palco – também teve a pandemia, né? – gravando uma novela, foi difícil. Estou muito feliz. É uma emoção poder voltar ao teatro num monólogo escrito por mim e pela Claudia, com direção do (Marcelo) Saback. Acho que vai ser um barato, muito divertido.
Você é um ator que sempre trabalhou muito nos três modos (TV, teatro e cinema). Como cada um lhe completa? Acho que os três me completam. Eu me formei na televisão, né? E no teatro, eu sou um ator de teatro. E o cinema é uma paixão. Faço os três com amor e dedicação. É isso.
Você se considera um cara hiperativo? São raros os momentos de calmaria em sua vida? Como administra isso? Eu sou um pouco hiperativo, sim. Eu gosto de trabalhar, é o que me deixa feliz. Sou um cara que gosta de estar no teatro, no cinema, na TV, uma coisa que me completa por inteiro. Mas eu tenho também os meus momentos de calmaria com os filhos, em casa, quando jogo meu tênis com os amigos, futebol, vou à praia… tranquilo.
Teatro depois da TV… E ouvimos falar que já tem projeto para voltar à TV neste ano. É verdade? O que vem por aí, fora a peça neste ano? Sim, tem um projeto meu, de um piloto que vou gravar para TV Globo, um projeto chamado Vamos para o after, meu e do Fernando Ceylão, e acho que vai ser bem bacana. A gente começa a gravar o piloto em abril. Depois, eu começo a gravar Verônica, uma série para a Globoplay do José Júnior, do Afroreggae, meu parceiro querido. O trabalho do Afroreggae é fundamental no país. Sou muito fã. Depois, eu faço um filme com Andrucha Waddington, a história de um autista. Muita coisa, streaming, TV, acho que vai ser um ano produtivo.
Um desejo de ano novo seria… Um desejo para o ano novo seria saúde para todo mundo, amor, ser mais paciente com as pessoas, e dar muito valor às amizades, aos afetos. Acho que é um ano de reencontro. Este vai ser um ano muito importante, de reconstrução do país. Estou muito feliz com esse país novo que vem por aí, também.
Fotos Guto Costa
Styling Samantha Szczerb
Agradecimentos Amil e Eduardo Guinle