CAPA: MICAEL BORGES, CONQUISTA O PÚBLICO NO RITMO DE “FUZUÊ”

O sucesso que o personagem Jefinho Sem Vergonha, na novela Fuzuê, está fazendo é uma prova do talento e carisma de Micael Borges. Para alguns ele até pode parecer uma revelação, mas para quem acompanha o trabalho de Micael desde a época de Rebeldes e Malhação já era bem ciente desse talento de Micael. Do grupo Melanina Carioca veio a música, que entre um trabalho e outro foi mostrando que nosso homem da capa não estava só de passagem. E que tem muito que mostrar seja atuando ou cantando. De uma forma ou de outra, além da presença ele tem muito carisma.

Micael, olhando para trás percebe-se como o trabalho de ator e a música se misturam ao longo de sua trajetória. Como você percebe isso? Foi algo planejado? É um privilégio poder interpretar personagens que tem envolvimento com a música. Para mim, é o melhor dos mundos. Sou músico desde pequeno e uma coisa acaba puxando a outra. Interpretar personagens musicais não é tão fácil. E não foi nada planejado.

A peça É Proibido Brincar foi seu primeiro contato com os palcos. Daí em diante não parou mais. Quando percebeu que era isso que você queria para a vida? Eu tive a certeza no dia em que eu pisei no palco e vi a plateia toda assistindo. Teve aquela adrenalina toda e, ao final do espetáculo, a sensação de dever cumprido. Poder dar vida a personagens, é maravilhoso. 

Em 2009, depois de alguns trabalhos na TV, você estreou como protagonista na décima temporada de Malhação ao lado de Caio Castro e Bianca Bin. O que representou para você isso na época? Sentiu que tinha “chegado lá”? Ter feito parte de Malhação, foi um grande aprendizado. Foi meu primeiro contato com o universo da televisão e foi muito construtivo, tanto pessoal quanto profissionalmente. Eu sinto que “cheguei lá” quando ouço meu filho dizendo TE AMO. Fora isso, eu foco no trabalho, estudo e evolução.

Paralelo a isso surgiu o grupo Melanina Carioca com a turma talentosa do Vidigal. Mais uma vez atuação e música andando juntas. Como surgiu o Melanina na tua vida? O Melanina Carioca foi o grupo dos meus sonhos, fundado por amigos de infância. Estar no palco, olhar para o lado e ver seus amigos da comunidade, fazendo música, lotando casas, é a realização de um sonho. Ouvir as pessoas cantando nossas músicas era maravilhoso. 

Essa temporada de Malhação foi muito falada por trazer um protagonista negro. E numa época que não se falava muito em protagonismo negro. Como você observa isso na época e hoje em dia? Eu costumava dizer que eu era o primeiro protagonista miscigenado porque tenho negro e índio em minha raça. Mas sabia da importância daquele momento. Meu perfil não era tão comum de se ver na televisão. Hoje, podemos observar uma mudança e espero que permaneça pelas próximas gerações. Temos muitos atores pretos potentes. 

E na sequência veio Rebeldes que revelou talentos, atrelando a música à trama que conquistou o público. Diria que Rebeldes foi um divisor de águas na sua carreira? Rebeldes foi um projeto maravilhoso e, sem dúvida, foi um divisor de águas. Mas digo também que todos os projetos dos quais faço parte, de alguma maneira, são um divisor de águas na minha carreira. Por eu buscar a evolução em cada trabalho, acaba trazendo mudanças em todos os aspectos da minha carreira. 

Na época você (e seus colegas) virou um “pop star“. Isso chegou a assustar? Como foi curtir esse momento? Foi inusitado. A gente trabalhava muito e não tinha muito tempo de sentir como o público estava recebendo o projeto. Mas, quando começamos com os shows e a multidão fazia campana na porta do hotel e em todos os lugares onde a gente ia se apresentar, isso deu uma leve assustada, mas no bom sentido. Era uma loucura chegar em alguma cidade e ter uma galera esperando a gente no aeroporto. Eu curtia e aproveitava cada momento. 

Daí em diante você passou alguns anos dedicado à música. Gravou disco solo, cantou com Anitta… como a música te move? O que representa para você? A música sempre esteve em minha vida. Faço música por amor, independentemente de números e do mercado. Por meio da música, eu me expresso de uma forma diferente.

Depois de alguns trabalhos no streaming… chegou o convite para interpretar Jefinho em Fuzuê. Onde mais uma vez o ator e o cantor se misturam. Como surgiu o convite e como foi sua preparação? Quando recebi o convite para fazer o teste para o Jefinho Sem-Vergonha, eu não sabia muito sobre o personagem, só que tinha música envolvida. Eu estava em outro projeto. Mas, mesmo assim, fiz o teste e o fato de ser um personagem musical me fez ainda mais querer fazê-lo. Eu mergulhei no universo sertanejo desde as gerações passadas e fui compondo o personagem.

O personagem tem um tom de galã divertido e ingênuo. Como está sendo interpretar o divertido Jeferson sem-vergonha? Como achou o tom certo? Jefinho Sem-Vergonha é um personagem maravilhoso, diferente de tudo que já fiz. Eu nunca tinha feito um personagem com o lado da comédia muito presente. Então, me divirto muito, principalmente por ter uma liberdade por parte da direção. Mas não é uma tarefa tão fácil. Eu tomo alguns cuidados e isso tem refletido no público. Jefinho foi muito bem aceito. 

O porte físico ajuda na composição. Mas e aí, com esse ritmo louco de gravação, como segue sua rotina de treino e dieta? Qual a dica? Independentemente de qualquer coisa, o treino e a alimentação fazem parte da minha rotina. Com o ritmo corrido das gravações, eu vou adaptando os treinos e a alimentação com o cronograma da semana. Mas não abro mão de treinar, me exercitar e me alimentar bem. 

Fora das câmeras como é o Micael pai? Tento todos os dias aprender e evoluir, focando na criação de um cara legal, respeitador. Educar não é fácil, mas o Zion é um menino muito carinhoso, e levado (risos). Mas o fato dele ser amoroso, educado, generoso me mostra que eu e minha esposa estamos no caminho certo.

Qual pecado difícil de resistir? Procuro fugir do que é pecado. 

E por fim, como recarrega as baterias para dar conta de tudo isso? Estando com o meu filho e trabalhando. Eu amo o que faço. Então, minha bateria está sempre carregada. Ela descarregava mesmo quando faltava água lá na minha comunidade e eu tinha que pegar água no poço e subir 40 degraus, com balde d’água pra minha mãe lavar roupa (risos).

Fotos Marcio Farias

Styling Samantha Szczerb

Video André Ivo

Agradecimentos Rio Scenarium

Micael usou: Amil Confecções, Index Denim, Handred, Ph praia, Hermes Inocêncio