Marcus Buaiz vive um momento especial na sua vida. Recém-separado e solteiro depois de longos relacionamentos, ele tem dito que está feliz de poder estar namorando ele mesmo. Com gás para retomar ao showbusiness, universo onde fez seu nome e grandes conquistas. Vindo de uma família abastada, o neto de libaneses não quis seguir o caminho natural de sucessão em empresas da família, quis ele traçar o que acreditava ser o seu ideal. Nascido no Espírito Santo, formado em Administração pela UVV e pós graduado em marketing pela Fundação Getúlio Vargas, é um exemplo de capixaba que saiu de seu estado para voar mais alto pelo Brasil. Hoje, aos 43 anos, Marcus volta à organização de grandes eventos com o retorno do Vitória Pop Rock, em abril, e previsão de mais de 40 festivais por todo o Brasil, com grandes nomes da música atual para 2023.
Marcus, ao longo de toda sua trajetória podemos dizer que seu maior “patrimônio” construído ao longo dos anos é sua rede de relacionamentos, seu network? Sem nenhuma dúvida. Meu maior ativo nessa caminhada é a minha agenda de contatos.
Você veio de uma família abastada e praticamente tinha o futuro certo dentro dos negócios da família, mas preferiu se arriscar e desbravar seu próprio caminho. Isso, em algum momento, gerou algum atrito familiar? Teve apoio? Eu sou o neto mais velho de Américo Buaiz, o fundador do grupo. Naturalmente, numa família libanesa como a nossa, eu estava na posição de possível sucessão no futuro. Mas, sempre fui, desde jovem, inquieto e com muita vontade de construir minha própria história, apesar de todo o orgulho que sinto da minha família. Quando decidi trilhar meu caminho fora dos negócios familiares meu pai, desde o primeiro momento, disse que se o meu sonho era esse eu deveria batalhar para conquistá-lo sem o apoio deles. Eu acredito hoje, olhando essa história, que foi um grande acerto da parte dele. Se não fosse dessa forma, talvez não valorizasse tudo o que alcancei.
Quais as maiores barreiras enfrentadas nesse início e que lições levou para a vida? Foi muito difícil porque eu tinha uma vida cheia de regalias e benefícios proporcionados por minha família. Era tratado como intocável na minha cidade natal, Vitória, e no Rio de Janeiro, onde foi minha primeira etapa antes de chegar a São Paulo. Eu era mais um e tinha que ser respeitado pelas minhas próprias conquistas e méritos. Isso foi muito impactante a princípio, mas me abriu os olhos e marcou para sempre a minha história.
Agora, depois de uma década afastado de grandes eventos, você está voltando com tudo para 2023. Que paralelo você faz do Marcus de antes com o que hoje? Algo mudou? O mesmo sangue nos olhos e o faro aguçado para tudo dar certo? Os grandes eventos foram o que me proporcionaram transformar meus sonhos em realidade. Acordar de madrugada, escrever um projeto chamado Vitória Pop Rock, batalhar por ele, construir um plano de negócios, ver ele dando certo e de pé, me fez enxergar a magia do entretenimento. Eu me apaixonei e entendi que esse era o meu ofício. A paixão, faro aguçado e a vontade de fazer não mudaram, o que mudou é que retorno para esse mercado com mais maturidade.
Você já fez de tudo um pouco na área de marketing e eventos, de corridas de carros, a shows, festivais e até cuidou das carreiras de atletas. Quando percebe que determinado negócio vale a pena investir e quando não, dentro de um universo tão amplo? Corrida de carro, festival de música, casas noturnas, tudo isso era parte do foco da empresa que eu participava, em uma sociedade com Pedro Paulo Diniz, a Host. Depois, em um segundo momento, aumentei o escopo para esportes e entretenimento na minha sociedade com Ronaldo. Foram grandes escolas e com projetos sendo colocados em prática que eram desacreditados de início, por seu ineditismo. Tem um sabor especial fazer dar certo uma aposta que as pessoas não davam nada por ela, no começo.
O que você tinha em mente quando cursava Administração e na sequência Marketing? O que almejava nessa época? Desde muito jovem, eu entendia que administração era o curso que queria fazer. Eu tinha ainda o benefício de, nas festas familiares, ter uma mentoria indireta. Meu pai e meu avô, que são minhas grandes referências empresariais, tinham muitas conversas sobre negócios nessas ocasiões. Eu sabia que, independentemente do ramo em que iria atuar, aprender princípios básicos de contabilidade, construção de um plano de negócios e economia ia ser a base que eu precisava para construir oportunidades. Quando conheci o entretenimento e entendi que esse era o meu caminho, a especialização em marketing foi inevitável porque eu sabia que era algo complementar. Jamais abri mão, e não acho que as pessoas têm que abrir, de unir a teoria com a prática. Isso foi super importante quando passei por dificuldades nos negócios.
Aquela frase de se aprender com os fracassos é algo que você colocou em prática ao longo da sua trajetória? Sou um empreendedor que também fracassou, não foram só acertos. O mais importante é como lidar com a derrota. Você pode aprender com elas e utilizar o obstáculo como um degrau para chegar aonde você queria ou desistir. Na minha vida eu sempre busquei essa primeira possibilidade, que foi transformar os erros em acertos.
Quais as ciladas que podem fazer você derrapar nos negócios em geral? As ciladas são inúmeras, mas o ego, a falta de humildade, o achar que sabe tudo, a personificação de projetos, achar que você vai construir algo sem ter um time que te apoie e não se dedicar a trabalhar bastante por aquilo, são os que vejo como principais.
Você é um cara que tem muitos conhecidos e poucos amigos? Como definir as coisas? De fato eu tenho poucos amigos e muitos conhecidos. Acho que a gente aprende nos momentos da dor, quando você precisa contar com pessoas e vê quem de fato está do seu lado. Isso a maturidade traz de forma clara. Eu sempre fui, mesmo na época de investimento na noite, que é um ambiente mais social, o primeiro a chegar e o primeiro a ir embora, porque sempre tratei aquilo como trabalho.
O quanto a amizade faz bem para os negócios? Tem que ter muito cuidado quando se mistura amizade com trabalho porque pode, sim, comprometer. Pra mim, muito mais importante do que ganhar dinheiro é manter os meus verdadeiros amigos. Hoje só faço negócios com amigos se tenho a absoluta certeza da missão de cada um e da complementaridade, para que se preserve o bem mais importante, que é a amizade.
Depois de longos relacionamentos você está na fase solteiro. Tem achando estranho ou a maturidade fez você encarar esse momento com outro olhar? Esse momento tem sido muito especial pra mim. Eu tô muito feliz de poder estar namorando comigo mesmo, de me curtir e ter liberdade para escolher o que de fato são as minhas prioridades e buscando ser uma pessoa melhor em todos os sentidos. E é muito claro, quando a gente tá feliz consigo mesmo, consequentemente pode ser feliz com outra pessoa.
Você se considera um cara vaidoso? Do que não abre mão? Nunca fui uma pessoa vaidosa, ao contrário. Sempre fui muito simples na hora de comprar as minhas roupas. Agora, que estou despertando um pouco mais meu interesse pela moda, com o apoio do stylist Dudu Farias, e apreciando cada vez mais esse olhar. Do que não abro mão é do meu tripé de vida, que conta com fé, conhecimento e saúde. Se você tiver uma alimentação saudável e o hábito de buscar qualidade de vida, naturalmente vai ter como resultado, um visual melhor.
Na hora de relaxar o que faz sua cabeça? Onde recarrega as baterias? Tenho alguns hábitos de relaxamento. Na minha casa nova fiz uma sauna que gosto bastante, ouvir música também é algo terapêutico pra mim e a atividade física sempre é uma forma de relaxar a cabeça e abrir minha mente. Sou muito conectado com o mar e quando estou em momentos de reflexão, de tomada de grandes decisões, ele também é um bom alinhado.
Alguma dica ou conselho para quem quer empreender nesse momento pós-pandemia? A pandemia foi uma catástrofe em todos os sentidos e quem saiu dela igual tem que rever o conceito de humanidade. Como eu fiquei muito em casa, como todos, esse período me fez pensar em outras ideias e possibilidades. Por exemplo, o Ventre Studio é um investimento que surgiu a partir da pandemia. Com a minha família assistindo streaming o tempo inteiro e a partir de uma grande admiração que eu tenho pelos sócios, em especial pelo Celso Loducca, eu acabei me associando a eles. A DryCat também surgiu na pandemia, quando fui presenteado por algumas pessoas com o gin. Adorei e acabei me tornando investidor. O mercado mudou muito a partir da pandemia, principalmente o digital. Acho que olhar para esse segmento de tecnologia e novidades à distância tem sido um dos caminhos interessantes para se analisar. Outro mercado para ficar de olho é o do entretenimento, para onde estou voltando em 2023. As pessoas ficaram muito tempo sem conseguir se divertir. Então, qualquer experiência de entretenimento, seja musical ou em outras áreas, pode ser um caminho interessante para ter bom retorno nos investimentos.
Quem é Marcus Buaiz hoje em dia? E o que quer do futuro? O Marcus Buaiz de hoje é um homem buscando ser uma pessoa melhor diariamente, sempre com base no tripé fé, conhecimento e saúde. Sou um pai apaixonado pelos filhos e um empreendedor cheio de energia para transformar projetos em realidade. No futuro, gostaria de consolidar e propagar conhecimentos que possam fazer a diferença na vida dos outros. Viajar e conhecer o mundo também entram na minha lista de desejos.
Com tantos projetos para breve, o que podemos esperar de Marcus Buaz para 2023? No profissional podem esperar muitos eventos e festivais, começando pelo retorno do Vitória Pop Rock. Aguardem também o lançamento da nova temporada do meu podcast com o BTG Pactual, o Conselhos de Negócios. A consolidação da Spark como a maior empresa de marketing de influência do Brasil, lançamento de novas séries e filmes do Ventre e a expansão nacional da DryCat estão ainda nos planos e objetivos para 2023. Em novos negócios, estou de olho em investimentos no setor de construção, com uma proposta inovadora. Na vida pessoal, quero continuar aproveitando minha companhia e, principalmente, a dos meus filhos. Falo sempre que ser pai foi o meu maior ato de empreender!
Fotos Thiago Bruno @euthiagobruno
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