CARREIRA: A TRAJETÓRIA DE SUCESSO DE JORGE GERMANO NO UNIVERSO DA BELEZA

Muito talento e um desejo de se superar levaram Jorge Germano ao sucesso que ele é hoje. Referência no universo da beleza, em especial da maquiagem, Jorge nasceu com um talento que foi se aperfeiçoando ao longo do tempo. Com apoio total de sua mãe, sua maior inspiração, desde muito novo ele já demonstrava que seria um cara fora da curva. Suas superações e conquistas foram moldando o profissional renomado de hoje. “Um bom profissional enxerga a cliente como uma tela em branco. Conversa antes para descobrir como é a vida, a rotina, os desejos e principalmente a fase da vida que ela está vivendo”, comentou Jorge Germano ao longo dessa entrevista para a MENSCH que você confere logo abaixo. Uma pessoa verdadeiramente inspiradora.

Jorge, soubemos que desde muito cedo você começou a trabalhar com sua mãe auxiliando no trabalho de cabeleireiro e maquiagem. Para quem não sabe da sua história, como despertou para isso e como foi esse início? Fui a um curso com minha mãe e, propondo uma mudança de visual a uma cliente dela com as tendências que tínhamos trazido, fui desafiado por ela a que eu mesmo realizasse o serviço. Como sou movido a desafios, passei uma noite inteira estudando o loiro que ela queria. Um tom mate, difícil de atingir com a tecnologia da época. Passei uma tarde inteira fazendo. E adivinhem? Ela não gostou (risos). Na terceira tentativa, no mesmo dia, deu certo. E a partir daí percebi que todos os dias eu viveria um desafio diferente. E abandonei a faculdade de Direito. 

O que te fascinava, e fascina até hoje nesse mercado da beleza? A oportunidade de transformar vidas. Um bom profissional enxerga a cliente como uma tela em branco. Conversa antes para descobrir como é a vida, a rotina, os desejos e principalmente a fase da vida que ela está vivendo. É um trabalho de pura sensibilidade e psicologia. A partir disso pegamos uma tela em branco e transformamos em uma linda obra de arte. A possibilidade de elevar a autoestima e amor próprio é fascinante. E o mercado de beleza está cada dia mais atualizado nesse quesito. 

Você diria que o curso que fez em um curso em Buenos Aires, na Academia Llongueras, e ter sido convidado para maquiar as irmãs e a mãe do jogador Roberto Carlos foram marcos no seu início de carreira? Se sim, por quê? Como cabeleireiro e maquiador, sim. Trouxe comigo grandes responsabilidades, nada podia dar errado. Fui à festa de casamento também, então pude observar in loco o estilo de produção impressos no visual das celebridades e das mulheres da alta sociedade. Com isso, ganhei notoriedade e uma assinatura para o meu trabalho. Os cursos posteriores que realizei em Nova Iorque, Londres, Paris e Miami vieram para consolidar. 

Como você avalia o mercado atual? Como anda o Brasil em relação aos grandes mercados internacionais? Que mudanças significativas percebe do seu início de carreira para cá? Super concorrido. Hoje na nossa profissão não temos apenas a concorrência dos profissionais. Temos também a internet e a tecnologia, que ensinam e simplificam a vida de quem antes procurava um salão de beleza para se produzir. A informação chega rápido. De 10 anos para cá o Brasil se aproximou, e muito, das tecnologias empregadas nos produtos importados. Quando comecei, por exemplo, só se via lançamentos viajando para fora. Então, tínhamos que importar e só veríamos os produtos e as tendências meses ou até um ano depois por aqui. Com o mundo inteiro conectado, o consumidor hoje tem pressa de experimentar o que acabou de ser lançado lá fora. E isso demandou uma rapidez na atualização por aqui. 

Talentoso e criativo você já lançou dois livros, “Berço de Lobos” e “Armadilhas do Pecado”. De onde surgiu essa veia literária e o que ainda vem por aí? Sou um leitor voraz. Leio até bula de remédio. E da mesma forma que amo a leitura, amo ouvir histórias. E sempre as colocava no papel. Com uma mente inquieta, desde pequeno escrevia histórias no computador. Até que montei uma sinopse de série. Escrevia os roteiros e tinha tudo pronto. Então enxuguei e montei meu primeiro livro, o “Berço de Lobos”. São histórias que já ouvi por aí, com uma pitada a mais de fantasia. Minha liberdade artística permite que eu floreie aquilo que é real. E sou apaixonado por escrever e ver minhas personagens tomando vida. 

Em 2020 você chegou a ir para Londres para novos projetos que terminaram sendo adiados por conta da pandemia. Como foi esse período de resiliência e retomada? Foi um plot twist na minha carreira. Estava por lá quando tudo começou a fechar e a pandemia foi declarada. Tínhamos minha mãe e eu, um salão grande aqui. Assim que cheguei, resolvemos que seria melhor mudarmos para um lugar menor, a fim de manter a qualidade dos nossos serviços. E então a pandemia durou dois anos. E nesse período eu acabei me perdendo dentro do que eu realmente queria. Foi difícil, mas saí dele mais forte. E decidido a recomeçar. 

E um dos seus grandes desafios foi a luta contra o sobrepeso. Como deu essa volta por cima? Sair do sedentarismo e entrar em forma? Pura vaidade (risos). Sempre me olhei muito no espelho. E não estava gostando do que via. Não que não me achasse bonito, mas na adolescência era magro e atlético, então sabia que ficava bem melhor – no meu ponto de vista – daquela maneira. Então, contatei meus amigos, Natália Toledo – minha personal trainer, e Ramon Posse – meu nutricionista, para iniciarmos um projeto audacioso. Nessa mudança também incluo os procedimentos estéticos que minha amiga, Dra. Raquel Demarchi, está fazendo. Não sou mais um jovenzinho e ela não deixou que a perda de peso e a gravidade fizessem meu rosto e meu corpo despencarem (risos). Eu queria ficar definido em menos de um ano. Estamos conseguindo. 

Ano passado você teve uma grande perda que foi o falecimento do seu pai. Como você fala, seu pai, amigo e razão de viver. Com isso veio a quase desistência da luta contra o peso. Como superou esse momento e seguiu em frente? Com a fé em Deus e na certeza de que nada termina aqui. Ele foi meu grande apoiador e incentivador. Por ele, por meu marido, por minha mãe e principalmente por mim, eu sabia que não somente a estética estava em jogo. A minha saúde também. E na certeza de que seria exatamente o que ele queria que eu fizesse. Ele jamais me deixaria desistir. 

Entre perdas e ganhos a vida tem deixado lições. Qual a principal dela que você leva consigo? A de nunca deixar ninguém dizer o que eu devo ou não fazer. Sou dono das minhas próprias escolhas e responsável pelos meus erros e acertos. O que eu acerto, eu continuo, o que eu erro eu uso de aprendizado. Não prejudicando ninguém, não deixo de fazer nada do que tenho vontade. Pobre é o homem cujo prazer depende da permissão de outros. 

Hoje como lida com a vaidade? Até que ponto você vai por ela, seja profissionalmente seja fisicamente? A vaidade é o que controla o mundo. O ego, o ser. Lido bem com ela, sem frustrações. Gosto do que vejo, do que construi e do que o tempo começou a marcar. Vou caminhando conforme o tempo vai passando, fazendo um ajuste aqui, outro ali, e não para parecer mais jovem, mas para envelhecer bonito. No quesito profissional, a vaidade vira egocentrismo. Nunca deixei meu ego me engolir. Sei bem quem eu sou e onde quero chegar, mas nos degraus que vou subindo nunca esqueço os que já subi e como os subi. Conhecer e respeitar o passado é fundamental para acertar o futuro. Então, continuo com a mesma essência de quando comecei. Um pouco mais sábio, talvez. Mas os pés bem fincados no chão. Tudo é muito volátil. 

Onde recarrega suas baterias e o que te coloca um sorriso no rosto? Viajando. Uma viagem marcada é garantia de um sorriso no meu rosto. Gosto da sensação de explorar o novo, porque cada viagem, mesmo que seja para o mesmo lugar, é única. O tempo não permite repetições. O que aconteceu um segundo atrás, nunca mais vai acontecer. Então, viajar me enriquece a alma. E eu volto revigorado. 

O que te inspira e te liberta? Saber exatamente o que eu sou. Independente do que falem, do que pensem, do que julguem. É libertador poder ser você mesmo. Ser chamado de doido, original, criativo, artista. É inspirador saber do que você é capaz. E seguir em frente. Enquanto houver vida, haverá oportunidade. É nessa fé que eu me inspiro todos os dias, e me liberto seguindo as minhas próprias verdades.

Fotos Jr. Scatolin