De 1941 a 1945, os Estados Unidos se viram envolvidos o maior conflito militar da história, a Segunda Guerra Mundial. Nos céus da Europa e do Oceano Pacífico, a força aérea americana rasgava os céus na defesa dos seus objetivos com vários aviões, entre eles estava o caça P-51 Mustang. O que estava em jogo naquele conflito não eram apenas interesses econômicos e territoriais, mas a manutenção de um estilo de vida, o american way of life. Quase vinte anos depois do fim do conflito, a Ford lançaria o carro esportivo que ajudaria consolidar o padrão de vida americano, e a homenagem seria dada ao avião e caça que ajudou o país a cumprir seu objetivo: estava lançado o Mustang Ford, uma verdadeira lenda americana.
O cavalo selvagem prateado na grade frontal é uma marca registrada do carro que reúne estilo e potência, que já passou por diversas fases ao longo de cinco décadas ininterruptas, um recorde de longevidade entre todos os carros. O tempo passou, e o ano de 2015 marca os 50 anos do Mustang, que está prestes a entrar na sua sexta geração de modelos. É notório no passar dos anos as experimentações de design que fizeram o carro ser amado e odiado a cada lançamento. Não é à toa que diversos modelos de várias gerações ainda sobrevivem nas mãos de restauradores e colecionadores, sendo cobiçadíssimos.
O Mustang é o carro que inaugura os modelos conhecidos como pony cars, que têm um design esportivo diferenciado com traseira curta, geralmente dois lugares, e um extenso capô que abriga um motor realmente potente. Não é um carro de família, definitivamente. Mas, aquele carro que se impõe perante os outros e mostra e muito o estilo de vida do seu dono. A partir do Mustang, a indústria automobilística encontrou um nicho de modelos, e os concorrentes da Ford começaram a fabricar seus pony cars, como o Camaro da GM e o Firebird da Pontiac.
Curiosamente, o primeiro modelo do Mustang é conhecido como 1964½, por ter sido lançado em meados do ano, mas só sendo comercializado no ano seguinte. Este era o marco inicial de uma história de gerações, que em 2015 chega na sexta etapa dos seu desenvolvimento, trazendo design, potencia, experimentações e, como de costume, muito estilo.
O sucesso do Mustang talvez não consiga se explicado. A ideia dos idealizadores é que o carro fosse algo como o “thunderbird” dos trabalhadores, em contraposição ao carro de luxo, acessível a poucos. Parece que deu certo e a popularidade do modelo foi traduzida em vendas e paixão. A Ford tinha uma expectativa de vender 100 mil unidades no primeiro ano do modelo, mas essa marca foi alcançada nos primeiros três meses, chegando a 250 mil ao final de doze meses. Em 1966, a montadora bateu a marca de um milhão de unidades do Mustang vendidas. Hoje, já são mais de 9,2 milhões de unidades fabricadas, um sucesso retumbante e um recorde difícil de ser batido.
Para se ter uma ideia de como este carro mexe com os americanos, a primeira unidade da sexta geração, o Mustang GT 2015, que só sairá da fábrica ano que vem, já tem um dono. Em um leilão, o colecionador texano Sam Pack arrematou o modelo por nada menos que 300 mil dólares, dinheiro que foi doado a uma instituição que pesquisa a diabetes.
Mas para o sucesso absoluto, a Ford precisava prosperar nas pistas de corrida. O então chefe de desenvolvimento do Mustang Lee Iacocca, nos anos 1960, contratou o ex-piloto e construtor de carros texano Carroll Shelby para desenvolver um carro capaz de vencer provas automobilísticas. Nascia o lendário Shelby GT350, um modelo variante de alta performance do Mustang. Construído entre 1965 e 1967, estes modelos até hoje são cultuados por colecionadores e aficionados por motores de alto rendimento.
A primeira geração do Mustang contempla os modelos fabricados entre 1964 e 1973. Nesses dez primeiros anos, os modelos apelaram para a esportividade e para a versatilidade, carregando motores que iam do 2,8L, V6 com 101HP até motor potente V8 de 4,8L que chega a 271HP. Potência pura. O primeiro carro da segunda geração foi batizado de Mustang II, e os modelos foram fabricados entre 1974 e 1978, fortemente marcados pela crise do petróleo de 1973 e pelas novíssimas leis de emissão de gases. O resultado foram carros menores, porém conservando o mesmo espírito da geração anterior.
A década de setenta se encerra com o surgimento da terceira geração, a mais longa, tendo modelos fabricados entre 1979 e 1993. Podemos dividi-la praticamente em dois momentos: até 1986, quando o carro era, digamos, “triangular”, e de 1987 em diante, quando ganhou o formato mais arredondado, conhecido como aero. Em 1994, temos a quarta geração, a primeira em que os lendários modelos hatchback não estavam mais disponíveis. Foi à primeira vez também que a Ford Austrália comercializou os veículos, tendo que realizar severas adaptações para atender à mão inglesa daquele país, em que os condutores estão no lado direito do carro. No ano de 2005. Temos a geração que acaba de ser encerrada debutando. O destaque é a carroceria fastaback, que desliza desde a capota até a traseira em uma peça aerodinâmica cuidadosamente construída.
Ao longo de cinco décadas e cinco gerações de carros, a Ford construiu diversos modelos do Mustang. Muitos deles eram apenas atualizações de motor e engenhos, que tornavam o carro mais eficiente. Outras já eram mais estéticas, inaugurando uma nova era na história do próprio Mustang e na forma de se desenhar carros esportivos para o meio urbano. O que esperar da sexta geração? Bom, veremos com o GT, o que puxa a fila dos novos modelos. Mas temos duas certezas: o Mustang sempre nos surpreende e vai deixar seu legado estético e funcional por mais uma geração de pony cars.
50 anos em 1 minuto. Acesse o vídeo, produzido pela Ford, que conta a história de cinco décadas do Mustang.