Você já se imaginou dirigindo um carro de mais de R$ 3 milhões, com motor V12 de 555 cavalos e fuselagem de um caça? Pois é, algo até difícil de imaginar. Porém aqui no Brasil, que se tenha notícia, apenas um brasileiro conseguiu essa proeza. Considerado a um bom tempo o automóvel mais caro do Brasil, o italiano Pagani Zonda F é uma máquina incrível. Seu potente motor empurra com disposição e sua direção parece adivinhar os movimentos do piloto. Isso mesmo, piloto, porque quem dirige uma máquina dessa não é mero motorista, e sim um piloto hábil para comandar esse automóvel. A idéia é que o carro seja uma extensão do piloto, tanto é que o Zonda pode ser construído sob medida para o proprietário por ser um carro de produção artesanal, 25 unidades por ano.
Essa adequação do projeto não se limita à compleição física do motorista. O comprador pode encomendar acessórios exclusivos como bancos de competição e tomadas de ar extras na carroceria. E a fábrica privilegia as preferências pessoais no ajuste do carro. Na estrada, o Zonda se mostra um carro “nervoso”, mas sempre firme e equilibrado. O motor do Zonda é o Mercedes-Benz AMG 7.3, preparado especialmente para a Pagani Automobili, com bielas de titânio e coletores de admissão específicos. Gerando uma enorme força – 555 cavalos a 5900 rpm e 76,5 mkgf de torque a 4050 rpm – e um ronco estimulante. A história desse motor é curiosa. O Zonda é único modelo feito por uma empresa de fora do grupo DaimlerChrysler a utilizar um motor com a inscrição Mercedes-Benz, com a autorização da fábrica. Essa regalia foi conseguida graças à influência do piloto Juan Manuel Fangio, amigo do construtor do Zonda, o argentino Horácio Pagani, junto à Mercedes. Mesmo assim, Pagani teve de submeter seu projeto à avaliação dos alemães. Por pouco o Zonda não se chamou Fangio. Com a morte do corredor, Pagani optou pelo nome de um vento que sopra nos Andes argentinos.
O PAI DO ZONDA
PILOTANDO O “CAÇA”
Essa experiência na Lamborghini, trouxe ao Zonda influências no seu design. Além da inspiração nos carros de corrida do Grupo C europeu como o Jaguar XJR 12 e o Aston Martin AMR-1. Para quem está na cabine, a sensação é a do cockpit de um verdadeiro carro da categoria protótipo. À frente, o motorista vê as duas saliências laterais dos pára-lamas, como as que existem nos carros que correm em Le Mans, Daytona e Donington Park. Para trás, o mais interessante é olhar pelo retrovisor e ver as ondas de calor e vapor de gasolina subindo do escapamento de quatro bocas, localizado bem no centro da traseira. Os engates suaves das marchas lembram um automóvel de luxo, mas o pedal da embreagem exige força como num carro de pista. Com o mínimo de deslocamento do pedal, o sistema entra para decidir.
Com uma velocidade máxima é de 345 km/h, com uma aceleração de 0 a 100 km/h em 3,5 s. O responsável por esses belos números, além da carroceria de apenas 1.344 kg (isso para um carro de 4,44 m de comprimento e apenas 1,14 de altura), é o motor V12 fornecido pela AMG, divisão de preparação da Mercedes-Benz. Não fosse pela aparência, seria possível intuir a força do motor pela medida dos pneus Michelin Pilot Sport 2: 255/35 R19 na frente e 335/30 R20 atrás. Os freios Brembo, a disco ventilado nas quatro rodas, também denunciam o que empurra o Zonda F para a frente: os discos dianteiros, de 380 mm x 34 mm, são “mordidos” por pinças de seis pistões; os traseiros, em medida 355 mm x 32 mm, param de girar com a ajuda de quatro pistões. E param rápido. A frenagem completa, de 200 km/h à imobilidade, leva apenas 4,4 s.
Apesar da aparência de um carro de corrida, em uma coisa o Zonda não lembra em nada um protótipo de corrida: seu acabamento primoroso, algo raro quando se trata de superesportivos feitos em pequena escala. Para os amantes, ou apenas admiradores, de automóveis é possível passar horas apreciando o interior do Zonda, que mistura materiais nobres como cristal, alumínio e couro no revestimento. O CD player é da marca Becker, famosa por equipar os Mercedes-Benz desde 1949.