Nosso roteiro começou na capital Edimburgo, onde visitamos o mais importante dentre uma dezena de castelos medievais que cruzariam nosso caminho pelas estradas da Escócia. A vista do castelo, que foi construído no topo de uma colina, é impressionante, é possível avistá-lo de qualquer ponto da cidade. Do castelo sai à famosa Royal Mile, rua que concentra os principais prédios antigos e monumentos da cidade, ligando o castelo ao palácio da família real Britânica e ao parlamento Escocês. Quem quiser conhecer mais a fundo a história da capital, além de visitar o castelo deve conhecer o Mary King’s Close – encontrado durante uma reforma no prédio da bolsa de valores, o Mary King’s Close é um antigo beco da Edimburgo medieval que ficou preservado e fechado durante anos sob as construções da nova cidade. Uma visita guiada pelos becos escuros revela as condições terríveis que vivia grande parte da população no século XVII quando a cidade foi assolada pela peste negra. Outra atração pitoresca é a Rosslyn Chapel, capela enigmática com supostos segredos templários. Situada a poucos quilômetros de Edimburgo em uma zona rural, foi lá que Tom Hanks e Audrey Tautou gravaram uma das últimas cenas do filme “O Código da Vinci”. Programe ao menos quatro dias para curtir Edimburgo. Ficamos no novo Grand Sheraton hotel que tem localização perfeita para explorar o centro a pé. Com quartos modernos e confortáveis e um belo SPA, o hotel tem bom custo benefício e um excelente restaurante.
Em Edimburgo alugamos um carro e partimos para o norte rumo aos Highlands. Explorar as estradas secundárias da Escócia é a melhor forma de conhecer suas vilas, castelos e lagos. Nossa primeira parada foi Sterling onde fica o segundo mais importante castelo escocês com um belo museu que conta a história de reis e guerras frequentes no passado. Do topo do castelo já se pode admirar belas paisagens rurais e as montanhas dos Highlands. Partimos de Sterling rumo aos lagos glaciais de Glen Coe. No primeiro dia de estrada a dificuldade maior é adaptar-se à mão inglesa pilotando um carro mecânico com tudo invertido. A adaptação é rápida mais vale alugar o carro com cobertura total de seguros para garantir as rodas raspadas ou algum erro de cálculo na baliza inversa. O desafio de dirigir ao contrário é compensador. Dirigir pelas estradas da Escócia foi um dos pontos altos da viagem. No caminho de Glen Coe avistamos as primeiras paisagens totalmente rurais as margens do lago Lockmond. São milhas de fazendas de carneiro e antigas vilas com casas de granito. No caminho já avistamos uma Hamish, a vaca dos Highlands. Com seus chifres enormes e rosto coberto de pelo, esse animal dócil e acostumado ao clima frio do norte é um dos sinais de que estamos entrando na região dos Highlands. Em Glen Coe a paisagem muda de forma drástica. Ficam para trás os pastos verdes cheios de carneiro e predomina um cenário árido maravilhoso, montanhas altas de terra vermelha e roxa cercam lagos glaciais e refletem o céu azul. A região tem ótimas estações de ski, mas suas estradas podem ficar intransitáveis no inverno. Na primavera o visual da neve no topo das montanhas, as várias trilhas que se abrem para caminhada e passeios de bicicleta fazem do local um paraíso para um dia relaxante. O charmoso vilarejo de Glen Coe tem pequenas pousadas no estilo Bed & Breakfast com clima de total tranquilidade.
Seguimos viagem rumo ao litoral parando no vilarejo pesqueiro de Mallaig. Daqui saem balsas e barcos para a Ilha de Skye, um dos lugares mais disputados na Escócia no verão, mas que fora de temporada guarda paisagens maravilhosas e vilarejos remotos com rica história dos antigos Clãs. Dormimos em Mallaig e curtimos um belo jantar de frutos do mar com vista para o porto. Na manhã seguinte atravessamos de balsa com o carro até a ilha principal do arquipélago. Do desembarque seguimos por pequenas estradas regionais até a vila de Elgol em um dos pontos mais remotos da ilha. Esse foi sem dúvida o dia mais bonito de estrada que fizemos. A sensação de estar atravessando um local remoto que parou no tempo combinada com paisagens maravilhosas em um belo dia de primavera, fez desse um daqueles dias perfeitos de viagem. Com apenas um pista a pequena estrada cruzou fazendas, ruínas e belos lagos até avistarmos o mar. De vez em quando um carro vinha na contra mão nos obrigando a sair da estrada já que só passava um veículo por vez. O cuidado maior tinha que ser tomado com os carneiros na pista.
Chegamos ao ponto mais remoto da ilha e retornamos pela mesma estrada, ainda entusiasmados com cada detalhe da paisagem. Cruzamos a única ponte que liga a ilha ao continente e fomos almoçar no vilarejo de Plockton. Nessa bela vila a beira mar com arquitetura típica dos highlands curtimos um maravilhoso prato de frutos do mar com pescados locais. À tarde seguimos rumo a Inverness e o famoso Lago Ness. No caminho paramos para visitar um dos principais cartões postais da Escócia – o Castelo de Eilean Donan. Construído em uma pequena ilha no encontro de mar com um lago, e ligada ao continente por uma ponte, o castelo que foi totalmente restaurado pela família proprietária nos anos 30 vale uma visita de algumas horas. Chegamos ao Lago Ness no final da tarde a tempo de ver o por do sol em suas águas negras, sem sinal do famoso monstro Nessie que hoje deu nome a pubs, hotéis e restaurantes da região. Próximo ao lago está Inverness, a capital dos highlands. Com bons hotéis e restaurantes, muita gente usa a cidade como base para passeios de um dia pela região. Em um roteiro de carro vale programar pelo menos um dia e uma noite em Inverness e jantar em um dos excelentes restaurantes da cidade. Nós estávamos lá no dia do meu aniversário e aproveitamos para almoçar no disputadíssimo Rocpool, que faz jus à fama de melhor restaurante da cidade.
Partindo de Inverness seguimos rumo à região produtora de whiskey que tem como centro Dufftown, uma vila com construções de pedra cercada por doze destilarias. Fizemos uma visita a tradicional Glenfiddich que ainda permanece sob administração da família que a fundou em 1886. A visita guiada mostra todo o processo produtivo e termina com uma degustação das variedades 12, 15 e 18 anos. O whiskey é degustado da maneira tradicional escocesa, puro ou com um pouco de água. Após a degustação você pode comprar uma garrafa e cumprir o ritual completo de sacar a bebida do barril, etiqueta-la, colar o rótulo, lacrar e levar para casa uma garrafa com o sue nome. Além das destilarias, as cidades da região valem a visita pela arquitetura, tranquilidade e hospitalidade. Escolhemos como base para passar à noite a cidade de Huntley. Aproveitando a data do meu aniversário ficamos em um hotel castelo da para comemorar em grande estilo. Localizado em uma mansão do século XVII o Huntley Castle Hotel tem quartos amplos e charmosos, com a hospitalidade da família de proprietários que administra o hotel. A uma caminhada de 30 minutos pelo belo jardim pode-se visitar a cidade e as ruínas de um impressionante castelo medieval. O hotel conta também com um simpático pub com uma carta invejável de single malts da região.
Na manhã seguinte iniciamos nossa descida ao sul rumo a Edimburgo, passando pela região de Perthshire, com parada especial na vila de Dunkeld. Aqui a paisagem dos highlands dá lugar a bosques verdes impressionantes. Continuamos nosso roteiro por estradas secundárias descobrindo belos vilarejos e fazendas. Antes de chegar a Edimburgo decidimos visitar nosso último castelo da viagem por recomendação do dono de um dos Bed & Breakfasts que ficamos. O Glamis Castle acabou sendo um dos mais interessantes que visitamos. Propriedade de descendentes da família real Britânica, o Glamis conserva sua arquitetura original e grande parte das salas decoradas da maneira que fora utilizada pelos proprietários. O castelo é hoje conhecido como o edifício mais mal assombrado da Escócia, e uma visita guiada revela histórias surpreendentes sobre as muitas gerações que o ocuparam.
Uma semana depois que partimos de Edimburgo voltávamos para a capital, maravilhados com a Escócia. Reserve de 10 a 15 dias para visitar o país. O roteiro fica ainda mais especial se você estiver bem acompanhado. A tranquilidade e beleza do roteiro rende uma bela lua de mel. Se for com amigos programe de estar aos fins de semana em Edimburgo e Glasgow para curtir a vida noturna. A segunda é a capital dos pubs e Rock da Escócia. Ambas ficam próximas concentradas na região sul do país. No norte, mesmo em cidades maiores como Inverness o clima é bem pacato e só se dão bem os carneiros que fogem da panela.