Por Soraya Barreto & Daniel Meirinho / Fotos Daniel Meirinho
A cidade de Londres é sem dúvida uma das cidades mais vibrantes e pulsantes que existem no mundo ocidental. Possui a intensidade e loucura de uma grande capital, moderna e agitada, ao lado do tradicionalismo histórico muito forte, repleto de construções industriais, vitorianas e georgianas. É como se cada bairro e cada prédio fizessem parte de uma narrativa que conta a história de uma das cidades mais importantes da modernidade e berço da Revolução Industrial.
O centro de Londres é pequeno e corresponde apenas a 2,6 quilômetros quadrados. Os Britânicos chamam de The Square Mile (a milha quadrada). No entanto, a Cidade de Londres, esta sim, possui quase 9 milhões de habitantes e uma diversidade inacreditável de povos, costumes e religiões que pode ser vista em apenas poucos lugares do mundo. A pluralidade é o primeiro impacto ao visitante que logo no aeroporto se depara com funcionários de todas as crenças, nacionalidades e etnias. Ao andar nas ruas o turista espera ouvir e falar apenas inglês. Doce engano, são mais de 300 idiomas falados na cidade. Um caldeirão de cultura que se reflete em tudo, desde a culinária, a cultura, música, costumes, comportamentos, moda e estilo.
Londres é daquelas cidades onde quanto mais tempo se programa para visitar, mais é preciso para conhecer. É a cidade das surpresas dentro de várias Londres. Algumas exclusivas dos turistas e outras dos londrinos. Após percorrer todos os pontos turísticos tradicionais e obrigatórios, vale a pena se dedicar à Londres dos londrinos. Sem dúvida que além de sua imponência da diversidade e da história que é vista, a primeira atracção e parada obrigatória, por mais simples que seja, é com um britânico. A simpatia e boa educação são acolhedoras e faz qualquer um se sentir bem-vindo na cidade. Ao contrário do que é recorrente pensar, ou seja, uma certa frieza dos povos do norte da Europa, o londrino é aquela figura dotada de um humor sarcástico muito divertido e de uma consciência turística invejável. Conhecem o seu potencial turístico, como explorar e a importância dessa atividade económica para a cidade. Desde os policiais ao cidadão comum, não é raro ver um turista ser parado na rua por eles para ser oferecida ajuda acompanhada de um belo sorriso.
Outro ponto de diferenciação de Londres, para as demais cidades europeias, é a sua “democracia cultural”. Todos os museus nacionais e do município de Londres são gratuitos. Apenas são pagos os museus privados e exposições itinerantes. O visitante pode percorrer os museus e galerias de arte com as peças de arte mais renomadas do mundo sem gastar nada e se beneficiar do conceito “arte para todos”. O Museu de Ciência dá a oportunidade do visitante ser um explorador e descobrir a história da ciência, da física, da matemática, química e transportes. O espaço é todo interativo e lá está a cápsula do Apolo 10. O Museu de História Natural impressiona com a quantidade de fósseis completos de dinossauros e outros animais. Vale ainda uma visita ao Museu da Cidade, que conta a evolução histórica de Londres.
A arte clássica e os grandes mestres pintores renascentistas podem ser visitadas na National Gallery e National Portrait Gallery. Para quem é apaixonado e tenta compreender melhor a arte contemporânea não pode deixar de dar um passeio no Tate Modern e ver algumas das obras de Picasso e outros contemporâneos. Este fica no lado sul do Rio Tâmisa onde pode fazer passeio muito interessante com belas vistas. O museu tem visitas guiadas gratuitas.
Londres é chamada de a cidade dos parques. Entre os mais importantes são o Regent Park, St. James Park, Green Park e o Victoria Park. Nos parques pode encontrar os britânicos fazendo os tradicionais piqueniques. No entanto, o mais famoso, e um dos maiores de Londres, é o Hyde Park. No centro se encontra um grande lago onde pode-se alugar barquinhos e pedalinhos. É muito usado para o desporto, piqueniques e lazer. Se for fazer um lanche neste parque não estranhe se os esquilos se aproximem para dividir as guloseimas. Muitos festivais são realizados nestes espaços no verão.
O Hampstead Heath Park fica nos arredores de Londres onde se encontra um grande parque exótico, praticamente selvagem e com uma maravilhosa vista panorâmica da cidade. No verão pode-se tomar banho nos lagos do parque. O parque de Greenwhich exala geografia e é onde se encontra o marco do Meridiano de Greenwich. A área que fica nas proximidades de Londres é muito pitoresca, pode-se conhecer o Museu Nacional Marítimo, apreciar os parques e o Observatório. É contrastante, pois do outro lado do rio e desta paisagem quase bucólica se encontra Canary Wharf. Esta é uma região de negócios, muito recente, que tem uma arquitetura muito moderna e é chamada de Manhattan Britânica.
Para quem quer fazer uma visita rápida e conhecer algum dos principais pontos turísticos da cidade é bom procurar o Free Walk Tour. A iniciativa é feita, na maioria, por jovens estudantes e é um tour a pé gratuito. No entanto, todos dão alguma gorjeta de no mínimo 5 a 7 libras. Nada comparado aos tour tradicionais que chegam a custar £30. Existem dois Free Walk Tours. O que sai do Hyde Park Corner o turista vai poder ser guiado e ouvir interessantes histórias sobre a Família Real Britânica, a famosa Troca da Guarda Real, o Palácio de Buckingham, onde a família real reside. Passa pela Trafalgar Square e segue até o bairro de Westminster onde vai encontrar o imponente Big Ben e a House of Parliament (prédio do parlamento britânico). Na mesma área vale à pena conhecer a Westminster Abbey, onde a monarquia inglesa costuma casar-se, sendo o mais recente o do Príncipe William com Kate Middelton. Do outro lado do Rio, pode visitar a London Eye. O ideal é fazer a volta no fim da tarde e ver o pôr-do-sol e a cidade que começar a iluminar-se.
O outro Free Walk parte do Convent Garden e passa pela velha Londres através da Catedral de St. Paul, Millennium Bridge, Teatro Globe de Shakespeare, pela London Bridge e termina nos dois famosos prédios, cartões postais da cidade: a London Tower (Torre de Londres), onde eram detidos e torturados os prisioneiros e a Tower Bridge, onde estão as jóias da coroa britânica.
Na London Tower, perto da Tower Hill Station o turista pode fazer o assustador Walk Tour do “Jack, O Estripador” e visitar a pé o bairro de Whitechapel, em East London, ouvir as histórias e passar por onde ele assassinou as suas vítimas. O bairro era um dos mais perigosos da cidade nos anos de 1800 repleto de prostitutas, ladrões e assassinos. Para fechar o roteiro obrigatório turístico, vale uma visita a Leicester Square conhecida pelas lojas e onde pode-se comprar bilhetes para teatros e os famosos musicais pela metade do preço. A Picadilly Circus é a “Times Square” londrina. Famosa pelos edifícios com diversas publicidades gigantes que liga-se a Regent Street, uma das mais célebres avenidas para o mundo da moda, com diversas marcas de estilistas. Esta liga-se também com a Oxford Street, uma das mais afamadas ruas de compras de Londres e do mundo.
Após ter visitado os pontos turísticos principais, e se sobrar ainda um tempinho, é hora de conhecer a Londres dos londrinos. Onde eles frequentam e costumam sair. Um dos lugares imperdíveis em Londres é os mercados. É nestes espaços onde vai encontrar uma maravilhosa comida e alimentos de diferentes partes do mundo. O Borough Market é conhecido pela culinária gourmet e orgânica. Funciona de quinta a sábado perto da London Bridge. Outro mercado famoso é o Broadway Market, que funciona somente aos domingos. Além da excelente comida para chegar ao mercado é preciso passar pelos canais de Londres, onde navegam os tradicionais embarcações que servem de casa para muitos. O Convent Garden além do mercado têm uma galeria com lojinhas e sempre está cheio de turistas e artistas de rua. Não é difícil ver uma apresentação de música clássica por estes lados, ou até de Ópera, porque fica ao lado do Royal Opera House.
Outros mercados ainda para visitar aos domingos são o Old Spitalfields Market, o Sunday Up Market e o Marcado de rua da Brick Lane. Esta rua que é dominada por imigrantes vindos da Índia é onde se encontram os melhores restaurantes da culinária indiana repleta de especiarias, recentemente nomeada “Bangladesh londrina”. Aos sábados, em Nothing Hill, na Portobello Road, se encontra o Portobello Market. O lugar ficou conhecido depois do filme “Um lugar chamado Nothing Hill”, mas já era uma área super trendy, com as lojas de discos, de mapas antigos, antiguidades e de peças de moda Vintage.
Existe ainda o mercado dos livros usados em baixo da Ponte de Waterloo, onde se pode comprar um romance de autores afamados, em inglês, a partir de £2. Mas, um dos mais exóticos mercados de Londres é o Camden Lock. Este fica no bairro de Camden Town, a área mais “underground” da cidade britânica e imperdível. É o lugar onde se vê desde o rastafarys aos punks, todas as tribos e nichos exóticos se encontram aqui. É o bairro do rock in roll e foi residência da Amy Winehouse. No mercado, pode-se encontrar de tudo, desde de comida a roupas góticas. Nos finais de semana é repleto de música e shows ao ar livre.
A NOITE LONDRINA
Londres é uma cidade com uma efervescência cultural muito forte. A noite o visitante tem uma diversidade de opções pode escolher dos famosos musicais, a óperas, recitais de música clássica, shows de Rock e Pubs. Os famosos Pubs são a designação de Casa Pública, onde todos podem ir, conversar e beber. Diferente da Casa dos Lords, onde era frequentada pela aristocracia inglesa, os Pubs eram os espaços da população comum e ainda hoje é o ponto de encontro preferido dos britânicos para uma pint (medida de um copo de cerveja) e uma boa conversa após o trabalho.
Existem Pubs ainda na cidade de 1700, verdadeiras relíquias onde o tempo parou. São nestes lugares onde o visitante pode experimentar o verdadeiro cardápio local. O prato mais conhecido deles é o Fish and Chips, geralmente apreciado nas sextas-feiras por questões religiosas ou pela praticidade e o Roast Sunday, servido apenas aos domingos. Os pubs ficam abertos, na maioria, até as 23h e depois as pessoas mais animadas e que querem estender a noite vão para as boates. O Soho é a área onde estão a aglomerados os pubs, mas é em Hackney e Shoreditch onde podem esbarrar com a elite artística da cidade.
Para os mais calmos, as casas de chá são uma boa opção. Remontam a tradição britânica e lá as pessoas podem, sentar, apreciar um chá com um bolo caseiro e fazer uma viajem rápida pelo tempo para a década de 20.
ANDAR POR LONDRES
Para quem vai passar pelo menos 3 dias ou mais em Londres, a primeira boa ideia será comprar um Oyster. Este cartão pré-pago permite poupar tempo e dinheiro em todos os transportes públicos no centro de Londres e o valor pago por ele pode ser devolvido no fim da viajem.
A rede de metrô de Londres é a mais antiga do mundo e uma das maiores. Tem 268 estações e 11 linhas. No começo é um pouco confusa, mas é maravilhosa para quem quer se deslocar rápido. O Tube, como é chamado o metrô, corta toda a cidade e é muito rápido e frequente.
Os Routemasters, os tradicionais ônibus vermelhos de dois andares, típicos da capital inglesa, são também uma boa opção, embora mais lentos devido ao trânsito caótico no centro da cidade. As paradas são bem explicativas.
VIAJAR PELA INGLATERRA
Quem tiver mais tempo para viajar pelas cidades britânicas uma ótima opção é comprar com antecedência pela Megabus, onde passagens de ônibus e trem podem custar a partir de 1£.
Encontra-se bons descontos também pela Virgin Trains.
Aeroportos: Londres tem quatro aeroportos distribuídos nos arredores da cidade. O Heatrow é o maior e que faz as ligações intercontinentais. Este tem o metrô que vai para o centro da cidade. O demais: Luton, Stanstead e Gatwick tem empresas privadas de ônibus que fazem a ligação centro da cidade. A opção é a www.easybus.co.uk