Com 27 anos de idade o ator Kelner Macêdo vem se mostrando uma das apostas de sua geração. Após participar de sucessos como ‘Onde Nascem os fortes’ e ‘Sob Pressão’, da TV Globo, e da série ‘Todxs Nós’ da HBO, o paraibano está no ar em ‘Verdades Secretas 2’ onde dá vida ao misterioso Mark, DJ oficial da Radar Club, da trama de Walcyr Carrasco. Com o desenrolar da história, que está no ar no catálogo do Globoplay, o personagem teve vários acontecimentos na sua trajetória e o público pode ver novas nuances dele.O paraibano, que completa 10 anos de carreia nesse ano, foi fotografado por Adriano Damas, com direção de Alexandre Herchcovitch, e falou com exclusividade para a MENSCH sobre como foi compor Mark, as expectativas para ver a novela na TV, além de novos projetos para 2022.
Você é um ator jovem, mas já tem no seu currículo trabalhos importantes na TV. Como vê esse momento da sua carreira? Acho que quanto mais trabalhamos mais somos vistos e quanto mais vistos, mais pensados para ocupar outros lugares. Estou bem feliz com a minha trajetória e com os trabalhos que me chegaram até então. É fruto de muita labuta e dedicação exclusiva a vida de ator a qual venho me debruçando desde 2012. Estudei, pesquisei, trabalhei, troquei, encontrei muitas pessoas nesse caminho que foram fundamentais para ser o que sou hoje. É uma carreira de muitos momentos, de altos e baixos, de muito ou pouco trabalho, mas é uma vida regada de muito prazer fazendo o que amo. É muito satisfatório quando a gente vai encontrando os nossos lugares no mundo. E esse é um lugar da minha existência que me nutre, me faz feliz, me faz sonhar, me faz ver o mundo de muitas perspectivas. Hoje posso dizer que estou num momento bom comigo mesmo e com os meus trabalhos. E animado com as possibilidades que se apresentam. Por mim eu sigo esse caminho até o último dia da vida. E quanto maior o desafio, mais entusiasmado eu fico. É um momento de novas possibilidades na minha carreira.
Me fala mais sobre os personagens que viveu na televisão e como cada um influenciou você? Eu costumo falar com amigos que o nosso ofício de ator é um grande exercício de empatia. Talvez um dos maiores que existam. É poder olhar o mundo sobre um novo ponto de vista. E a gente sente, a gente se envolve, a gente se abre pra viver experiências que não são nossas, e isso tudo transforma a nossa existência, cada um à sua maneira. Os personagens que vivi na televisão são bem diferentes, ocupam um lugar muito específico no mundo, e cada um me acrescentou emoções e sentimentos bem únicos. O Vini de Todxs Nós e o Kléber de Sob Pressão são personagens gays, mas dois tipos muito diferentes, com questões muito específicas, e que me levaram a lidar com quebras de paradigmas e desmitificação de temas importantes e pouco pautados na televisão. O Kléber trouxe à tona a questão de um jovem gay que vive com HIV nesse mundo preconceituoso e desinformado, e me deu a chance de poder abrir essa discussão tão importante na TV aberta, que é um tema pouco explanado, e que tem grande necessidade de mais informações. O Vini vem com outras questões, com a construção da sua própria vida e da sua identidade, das descobertas sexuais e das desconstruções de um jovem mais tradicional. O Dj Mark segue por outra via, se envolve num triângulo amoroso com mãe e filha, é heterossexual, mais misterioso, mais noturno, e me fez questionar o limite ético dos desejos e dos apaixonamentos. São muitos atravessamentos que os personagens me trazem, e isso tudo me move e me leva para um outro lugar.
Seu último trabalho, o DJ Mark, de Verdades Secretas 2, causou bastante com o relacionamento com filha e depois com a mãe. Como foi viver esse triângulo amoroso tão polêmico? O Mark é um personagem polêmico mesmo, que traz muitos mistérios e se envolve em relações delicadas. Eu me questionei durante algum tempo sobre os sentimentos reais dele com a Chiara e depois com a Aline, de início eu não entendia muito bem como se dava essa situação. E aos poucos fui me deixando atravessar pelos possíveis sentimentos de apaixonamento dele e as intensidades em alta voltagem. É uma situação nova pra mim. E acho que era uma situação nova pra ele também. É uma relação de campo minado, qualquer passo em falso e tudo iria pelos ares. Foram muitos sentimentos atropelados e acordos perdidos. Foi um desafio encontrar o tom dessas relações. Eu, Paula e Rhay trabalhamos muito juntos para construir esses encontros.
Verdades Secretas 2 foi marcada por muitas cenas de nudez. Como foi essa experiência para você? O meu corpo é meu instrumento de trabalho, e quando estou num projeto eu vou com tudo, eu me jogo e me entrego, tudo está implicado em contar essa história. E acredito que todas as cenas narram um pouco dessa trajetória, e todas são importantes e requerem atenção. Nas cenas de sexo são os mesmos cuidados e outros mais, estamos mais expostos que o normal, mas para mim é algo tranquilo hoje. Geralmente a gente conversa sobre todas as cenas, pensa, desenha, se prepara, e nas cenas de sexo é igual. É uma união ali dos atores, atrizes, atuantes, com a preparação e a direção principalmente, conversamos muito sobre o tipo de sexo que queremos representar, e acordamos os detalhes dessa relação. Tudo muito acordado entre todas as partes. Para mim é mais uma cena, mais um momento da vida dessas pessoas, e mais uma etapa dessa história.
Qual a expectativa de ver Verdades Secretas 2 na TV? A televisão aberta tem uma visibilidade ainda muito maior, leva o nosso trabalho para lugares mais plurais e acho que traz uma resposta mais imediata do público também. Estou ansioso pra ver a novela na tv.
Além disso, você voltará para a última temporada da série Sob Pressão com o personagem Kléber. Qual o sentimento de voltar a esse trabalho que mexeu tanto com o coração do telespectador? O Kléber foi um presente muito lindo que a vida me trouxe e que o Lucas Paraíso e a Cibele Santa Cruz, autor e produtora de Sob Pressão respectivamente, me deram. Era pra ser uma participação de um episódio na terceira temporada, e agora já caminhamos para a quinta temporada e continuamos contando essa história. Sou muito feliz em ocupar esse espaço na televisão e trazer à tona assuntos tão necessários na atualidade. Essa quinta temporada está bem especial, e posso garantir que emoção não vai faltar.
Você vem de muitos trabalhos no cinema. Quais você destaca nesses anos de carreira? “O Corpo Elétrico” é o carro chefe dessa jornada, me abriu muitas portas e me preparou pra tudo que viria depois. “A Mordida”, filme do diretor português Pedro Neves Marques, também me marcou muito, foi super bem recebido nos festivais pelo mundo e bastante premiado. Em 2022 até agora tenho duas estreias no cinema que serão bem especiais, são filmes que me atravessaram muito. Um deles é “A Vida que Resta”, estreia do diretor Flávio Botelho, que foi um grande desafio de composição, é um drama, de emoções profundas, e espero que faça um caminho lindo também. O outro é um curta chamado “Promessa de Um Amor Selvagem” do diretor Davi Mello, que deve ficar pronto em breve e que também me gera boas expectativas.
O que mais te atrai em um personagem? Boas histórias me atraem. Complexidade e contradição são elementos que me fisgam imediatamente. E ultimamente tenho desejado fazer personagens mais distantes de mim.
Em 2022 você faz dez anos de carreira. Qual o balanço que você faz? Me orgulho muito de todos os passos que dei pra chegar até aqui. Sou o resultado de todas as experiências que vivi nesses anos. E só eu sei o corre que foi. Entre altos e baixos, me mantenho firme e cada vez com mais certeza do meu lugar no mundo. Atuar me faz bem, me transforma, modifica meu olhar e minhas perspectivas. Hoje posso dizer que foi a melhor escolha que fiz na vida.
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