O Sergio Kamalakian é um jovem empresário, de descendência armênia, que está à frente de uma das maiores marcas do país. E não é que a MENSCH ficou curiosa para saber um pouco mais sobre a sua historia; desde como tudo começou, as suas campanhas ousadas, algumas delas fruto de parcerias com ícones como Terry Richardson, além da sua visão sobre o mercado e seus gostos pessoais. Nessa entrevista, poderemos ver a ascensão de um negocio criado por um jovem e tocado por jovens. O que nos dá a impressão que às vezes as idéias mais inusitadas e um foco diferenciado sobre um determinado segmento, podem ser o caminho para o sucesso, que além de render muitas risadas, pode gerar altas cifras. Vale também frisar que esta marca se espalhou pelo Brasil e já esteve associada a gigantes como Land Rover, Copag, Jameson, Stella Artois, C&A entre outras, e mantém atualmente parceria com a vodka Belvedere do grupo Moët Hennessy. Então, aproveite a leitura e seja bem vindo ao mundo divertido e corporativo de Sergio K.
Hoje a marca que leva o seu nome é uma das mais requisitadas do país, e o fato de você ser tão jovem, desperta uma curiosidade: Como a sua carreira começou? Nunca tinha trabalhado com moda antes da Sergio K. Trabalhava com o meu pai no ramo de eventos e comecei a minha carreira com uma loja de sapatos. Eu sou de origem Armênia e os armênios têm uma tradição com a venda de sapatos. Foi aí que comecei fazendo sapatos feitos à mão, no Brasil e na Argentina. Vendia apenas para meus amigos, depois novos clientes viraram meus amigos e fui criando uma grande rede. Pela proximidade com todos, fui percebendo a necessidade deles, o que desejavam e o que faltava no mercado de moda. Foi um processo lançar a Sergio K em 2004, com uma loja na Oscar Freire. A história com os sapatos deu tão certo que partir para roupas e acessórios foi uma conseqüência.
Pelo fato de sua marca ter começado a ser usada pelos formadores de opinião de São Paulo, você acredita que este público inesperadamente acabou dando credibilidade a sua marca e conseqüentemente tornando-a mais conhecida? Com certeza, esse foi o aval que faltava. O meio da moda, como estilistas e jornalistas, tiveram, no início, preconceito por eu ser jovem e de família rica. Para este público meu negócio não passava de uma brincadeira de playboy. Tudo pra mim sempre foi mais caro – desde o costureiro até o marceneiro cobravam pelo sobrenome e pela idade.
Acredito que as camisas pólos com frases engraçadas são algumas das peças mais procuradas da marca, tanto que é comum vermos vários famosos usando. Como surgiu a idéia de colocar um pouco de humor nas roupas? Sou bem humorado no dia a dia, é algo legítimo, natural e sensorial. Apenas faço o que gostaria de usar.
Você já se arrependeu de ter colocado alguma frase em uma camiseta? Me arrependi é de não ter colocado frases com nomes de 3 políticos nojentos.
Pode-se encontrar a marca Sergio K nos melhores shoppings do Rio de Janeiro e São Paulo, além da loja na Rua Oscar Freire. Existe algum projeto de abrir novas lojas pelo país? Além de São Paulo e Rio de Janeiro, a marca também está presente em Campinas, Brasília, Alphaville e em 130 multimarcas espalhadas pelo Brasil. Temos outras cidades em negociação e novidades virão em breve.
A loja online tem sido bem divulgada e comentada, você acredita que é um segmento que está crescendo no Brasil? A moda está cada vez mais consagrada no comércio eletrônico brasileiro. A cada dia, surgem novos facilitadores para o consumidor comprar sem medo de errar no modelo, cor ou tamanho como, por exemplo, recursos multimídias como vídeos e realidade aumentada. Acredito que estamos em um bom momento para o e-commerce, mas ainda tem muito espaço para o brasileiro comprar peças de vestuário pela internet. O sucesso da loja online da Sergio K se deve grande parte pelo bom desempenho da marca nas redes sociais, os usuários trocam informações e colaboram na divulgação da loja.
O que não entraria de forma alguma no seu guarda roupa ou na sua loja? Pochete e bolsa capanga.
As suas roupas seguem algum estilo? E a que perfil de homem elas pretendem atender? Minhas roupas têm um estilo clássico repaginado, uma mistura do clássico com o despojado. Fazemos roupas para homens de bem com a vida, ousados, que gostem de um look bacana. A marca tem muito do que eu sou e do meu estilo. Tudo o que eu não usaria eu não coloco para vender. Posso dizer que temos clientes de 2 a 70 anos – a linha Sergio K Bambini, para crianças, foi lançada em 2006.
As suas campanhas sempre são inusitadas, que apelam para algum desejo masculino, o que só fez com que a marca ficasse com uma identidade única. Quem está por trás de tudo isso? Somos uma equipe bastante jovem (o mais velho da criação sou eu com 28 anos). Conversamos o dia todo, damos risada, assistimos a coisas engraçadas e inusitadas na internet, estamos sempre conectados a tudo o que acontece à nossa volta. Tudo isso ajuda no processo de criação, que não tem uma hora exata para acontecer, é natural, sensorial e por isso dá certo. Às vezes deixo meu diretor Marcelo Seba meio louco, mas acho que ele é mais audacioso que eu, por isso as campanhas sempre são um sucesso.
O que podemos esperar da próxima campanha? Das campanhas com Terry Richardson podemos esperar sempre algo inusitado e polêmico. As últimas fotos foram feitas com o Jon Kortajarena no apartamento da Narcisa Tamborindeguy, no Edifício Chopin, e com certeza vão dar o que falar.
Como são criadas as coleções e como você faz para se atualizar com o cenário da moda mundial? Nosso trabalho tem como regra buscar referências nas ruas, na internet e em viagens situações que rendam boas risadas. Também não deixamos de aproveitar os acontecimentos que são atuais e causam burburinho para lançar os produtos.
Mesmo com todas as dificuldades do país e a concorrência com as marcas internacionais, a Sergio K está em constante ascensão, como você driblou estas barreiras? Com a combinação de variedade, bom preço e qualidade. Entregamos sempre um pouco a mais do que cobramos, o famoso “chorinho”.
O que corre mais no sangue do Sergio Luiz Kamalakian Savone, um estilista inovador ou um empresário empreendedor? Um empresário estilista, inovador e empreendedor, que acredita no que os outros deixaram de acreditar.
Como você definiria o mercado de moda masculina no Brasil e no mundo? O mercado masculino está crescendo a passos largos no Brasil. Isso mostra que os brasileiros estão mais vaidosos e interessados pelo o que está acontecendo no mundo da moda. Hoje eles já não têm mais receio de entrar em uma loja sozinhos e escolher o que os veste bem. O número de publicações voltadas ao público masculino vem aumentando nos últimos anos e isso é mais um reflexo que os homens estão ligados no mundo fashion. As roupas masculinas cada vez mais arrojadas e tecnológicas representam o lifestyle do homem moderno. O brasileiro é sensual, alegre e caloroso e vem assimilando melhor cortes slim, cores vibrantes e saindo do mundo bege, khaki e gelo.
São vários os produtos da marca que foge do vestuário, como perfumes e até camisinhas, o que mais vem por aí? Tudo que tenha a ver com o universo de cliente Sergio K.
Se fosse convidar uma personalidade para usar uma camiseta Sergio K; quem seria? E o Qual frase estaria estampada na camiseta dela? Desculpe, impublicável (risos)!