ENTREVISTA: Sergio Marone em perfeita harmonia com as obras de Niemeyer

Por Nadezhda Bezerra / Fotos Kadu Niemeyer
Quando se fala que vocação é algo que se nasce com ela, o ator Sergio Marone não foge à regra. Pois desde muito cedo o seu teu talento e desenvoltura para a arte de representar chamava atenção. Ao longo de mais de dez anos de carreira dedicados com muito empenho e profissionalismo, Sergio Marone foi somando personagens e elogios a cada novo trabalho. Seja como mocinho ou vilão, Sergio cativa o público pelo seu carisma e simplicidade com que se dedica a cada novo trabalho. O talento e a dedicação que ele mesmo também nutre por outros artistas, como no caso do arquiteto Oscar Niemeyer, de quem é fã. Foi por isso que Sergio Marone escolheu como cenário desse ensaio as obras do grande mestre, mas é, sobretudo fã de Oscar, o homem, e mostra que assim como o idealista centenário que se inspira nas curvas da natureza para criar suas obras, ele é um admirador da alma humana. E sem fazer projeções para o futuro, Sergio Marone vive intensamente o presente e tem a liberdade como religião.

Que espécie de garoto você era na infância – introvertido, extrovertido, tímido…? Sempre fui extrovertido e popular no colégio (risos). Fiz o Dante Alighieri, narrador do personagem na adaptação da “Divina Comedia” do meu colégio (Dante Alighieri) num festival intercolegial de teatro. A peça ficou melhor do que esperávamos para um espetáculo amador, as pessoas nos cumprimentavam emocionadas. Foi engraçado. (risos)

O seu personagem em “Morde & Assopra” é totalmente dominado pela mãe, o que leva um homem a essa relação de dependência materna? Acho que essa adoração que todo homem tem pela mãe é natural, mas acredito que no caso do Marcos seja patológico, (risos). Apesar de amar a mulher ele idolatra a mãe e seu estilo sovina de vida (risos). E por ser o único homem da casa se sente obrigado a estar ao lado dela, protegendo-a até a morte. Ela faz chantagem emocional com ele. Mas ele é do bem. Bobo mas do bem. (risos)

 

Você estreou em novelas como o paranormal Santhiago de “Estrela-Guia”, você acredita em paranormalidade? É espiritualista? Como lida com a religião? Apesar de católico não pratico. Sou livre de religião e tenho a liberdade como religião.

Em “O Clone” que está sendo reprisada agora você interpretou o Cecéu, jovem de classe alta que se envolve com drogas mas consegue sair antes de se viciar de fato. Em sua opinião o que faz alguém se envolver profundamente com drogas e o que faz conseguir se livrar delas antes de perder o controle? Tantos podem ser os fatores… Falta de carinho e amor verdadeiro, ou de uma boa educação e de oportunidades… E pra sair dessa a pessoa tem que querer, e ser ajudada/assistida pelo governo, pela família e pelos verdadeiros amigos.

Onde está o maior exercício da atuação, no teatro ou na TV? Adoro fazer tudo, principalmente cinema, mas no teatro somos os donos da cena. Se eu mexer o dedo do meu pé, o público vai olhar pra ele.

Já chegou aonde queria na sua carreira ou ainda há muito mais por vir? Espero sempre que haverá mais por vir ou então estarei morto enquanto artista.

A impossibilidade de ser anônimo é o lado ruim do sucesso? Um dos exercícios mais importantes do ator é observar o outro. O fato de não ser anônimo às vezes atrapalha. Porque as pessoas podem perder a espontaneidade. Acho interessante uma mulher inteligente, bem humorada, charmosa… Quando a mulher não se gosta, geralmente fica desinteressante.
O que faz uma mulher ser considerada interessante por você? E a desinteressante? Acho interessante uma mulher inteligente, bem humorada, charmosa… Quando a mulher não se gosta, geralmente fica desinteressante.

Em se tratando de relacionamento, diferença de idade importa? Tem preferência por mulheres mais velhas? O que te fascina nesse tipo de relacionamento? Acho que a diferença de idade não importa e até desaparece num relacionamento em que há admiração, afeto e tesão mútuos.

Pelo que já saiu na imprensa, você já teve muitas namoradas. Alguma dificuldade em acabar relacionamentos? Existe uma forma de se sair bem? Todo término de relacionamento amoroso é difícil e deve acontecer com carinho e respeito. Mas acredito que o amor não acaba se transforma. Como diz Nelson Rodrigues: “Todo amor é eterno. Se acaba, não era amor”

Foi difícil chegar aos 30 anos em forma? Como cuida da aparência? Por ser muito grande sempre tive que ter um corpo saudável, os músculos devidamente exercitados… Caso contrário não conseguiria me manter em pé. (risos) Então a prática de exercício constante sempre foi uma condição sem a qual não me sinto bem e consequentemente me mantém em forma. Nado, corro, faço boxe, musculação… Nunca foi fácil! (risos)

 

O que você não faria pelo seu trabalho? E que papel você recusaria fazer? Não me recusaria a fazer um papel específico porque acredito que, em se tratando de seres humanos, somos capazes de tudo, das coisas mais fantásticas e maravilhosas até a mais sórdida. Mas sou contra esses laboratórios onde as pessoas apanham, comem terra.

Na sua opinião, o que é que os homens odeiam nas mulheres? E como conviver com isso? Acho que os homens em geral odeiam mulheres que falam muito (risos). Filtrar os pensamentos já é um passo pra conviver melhor com isso.

Sexo casual é algo comum para os homens, só que hoje em dia as mulheres também praticam sem culpa. As mais novas então começam cada vez mais cedo e tem muito mais malícia. Alguma vez isso já te assustou? Alguma experiência que pudesse nos contar? Acho saudável a mulher lidar bem com sexo casual quando se é solteira, mas discordo que as meninas estão cheias de malícia desde cedo, não generalizaria dessa forma.

Seja camarada com nossos leitores e nos passe algumas dicas de sedução que você considera infalíveis. Acho importante chegar sempre de mansinho quase como quem não quer ser nada, (risos) ou talvez apenas ser amigo… E o papo e as afinidades e as trocas de olhares se encarregam do resto.

Como você imagina sua vida daqui uns cinco anos? Sou de pensar no presente e viver o agora, prospecto algumas coisas pro futuro, lanço pro Universo, mas não me imagino daqui uns cinco anos.

“Tenho pesquisado muito sobre Oscar Niemeyer. Todos sabem que é um dos maiores mestres da arquitetura mundial, um grande artista, que se inspirou na beleza e sensualidade das curvas da natureza e das mulheres pra compor um conjunto de obras arquitetônicas que não só enchem os olhos, mas também acolhem tão bem o humano e suas necessidades.
O que pouco se fala é do ser humano Oscar, que vem antes de Oscar Niemeyer. Um grande homem que luta ha 104 anos, pelo ser humano, pela importância da educação, da leitura, pela difusão de conhecimento, pela democracia. Oscar percebe nas coisas aparentemente ínfimas da natureza, uma beleza que as tornam incomensuráveis, e nos faz enxergar isso através de sua arte deslumbrante. Por isso Oscar é um ser humano fantástico, um “merchand” da natureza e das coisas belas que ela nos proporciona. Um homem inteligente, sensível e com plena compreensão do que é ser humano.”
Sergio Marone
Idealização: Marco Antonio Ferraz
Fotos: Kadu Niemeyer
Coordenação: Márcia Dornelles – MD PRODUÇÕES www.mdproducoes.com
Styling: Priscila Leal
Sergio veste look total HUGO BOSS
Locação: Caminho Niemeyer
CAPASergio veste camisa DIOR
Beauty: Eliane Medeiros