Por Nadezhda Bezerra
A bicicleta existe há tempos. E há tempos ela vem sendo usada como meio de transporte por milhares de brasileiros. É parte da infância celebrar o dia em que se livra das duas rodinhas de apoio e sair pedalando livremente saboreando a conquista do equilíbrio! Nas academias ela também está no rol dos exercícios para ficar em forma e com a saúde em dia. Hoje com a preocupação ambiental, de trânsito caótico, de cuidar do corpo, mente e da vontade de viver mais a cidade onde se mora a bicicleta ganha cada vez mais status de necessidade básica. Então caro leitor, se você ainda não adquiriu este hábito maravilhoso de pedalar, leia nossa matéria e se anime para tal.
SAÚDE SOBRE DUAS RODAS PARA O CORPO
Pedalar mexe com várias partes do corpo, por isso os benefícios são múltiplos. Podemos começar com os benefícios para o coração, já que o ciclismo melhora as condições cardiovasculares uma vez que as contrações cardíacas se tornam mais eficazes levando o sangue ao cérebro mais rapidamente. E daí, além do coração, a alma também se beneficia, já que essa melhora cardíaca diminui a incidência de angústia, ansiedade e a temida depressão. Isso sem falar das chances de infarto, angina e outros tipos de ataques cardíacos que caem consideravelmente. Coração e mente em equilíbrio a imunidade se eleva e o corpo fica mais forte para combater infecções e bactérias.
Para quem anda com excesso de peso ou gordura saliente, a bike também é uma excelente aliada. Segundo pesquisas, em uma hora de pedal chega-se a queimar até 700 calorias. Como não há impacto nas articulações, consegue-se pedalar mais tempo, sem sentir desconforto ou dor do que outros exercícios. Por isso é bastante comum que idosos e pessoas com algum problema de articulação sejam vistos mais nas bicicletas que na esteira ou transport por exemplo. Outro grande benefício é em relação à coordenação motora, já que para pedalar é preciso equilibrar movimentos de pernas e mãos.
A prática frequente leva a diminuição do colesterol total e LDL (o colesterol ruim), além dos triglicerídeos. Outra vantagem é que com a diminuição da glicemia há um maior controle do diabetes. E para aqueles que querem ter corpo forte, mas não curtem passar horas na academia, a bicicleta também é aliada, principalmente no fortalecimento dos músculos das pernas, com foco nas panturrilhas, coxas e glúteos. Mas não fica só aí, ombros, costas, braços e peitoral também são estimulados.
PARA A MENTE
Por ser um veículo de transporte “aberto”, a bicicleta permite um maior contato com a natureza e com as pessoas. A sensação de liberdade, o perceber a cidade mais de perto e com outro olhar inspira uma calma e uma tranquilidade que fazem bem para o corpo e para a alma. O fato de ser por si só um exercício e trabalhar o corpo, o pedalar já libera hormônios que ajudam e promovem sensação de prazer e bem estar. Associado ao lazer então, permite um contato maior consigo mesmo deixando pra trás o corre-corre do dia-a-dia.
Segundo estudo da publicação Psychotherapy and Psychosomatics, pedalar aumenta a disposição das pessoas em 20% e diminui a fadiga em 65%, ou seja, a bike manda sua preguiça para o ralo e te ajuda a vencer o cansaço. Além de que meu caro leitor, as mulheres andam buscando cada vez mais os caras com hábitos saudáveis, por tanto você tem mais chances de conquistar a gata bacana em uma bike do que num “Camaro amarelo” e acabar com o stress de estar sozinho. Fica a dica.
PARA O AMBIENTE
Quando você pedala não é só seu corpo que agradece, o meio ambiente também. Algumas contas feitas por ambientalistas e gente que entende do assunto mostra as diferenças em níveis de impacto ambiental entre a bicicleta e outros meios de transportes. Quando seu carro fica em casa, em um só dia (o que gera uma média de 30 km não rodados), 6 quilos de gás carbônico (gás poluente se mede em quilos) deixam de ser lançados na atmosfera (média para quem vive nas grandes cidades). Fazendo as contas, se você mantém essa média durante um ano, são duas toneladas a menos de gás carbônico no ar. Bacana, não?
E tem mais, como é menor e pesa bem menos que um carro, de 50 a 100 vezes menos, a bike consome menos metal, borracha e outros materiais poluentes, daí que ela é boa pro meio ambiente até na hora em que está sendo fabricada, além de ter uma vida útil muito longa, já que proprietários não trocam de modelo a cada ano e sim quando elas se desgastam realmente.
Você foi convencido que pedalar é uma boa pra sua saúde, pro meio ambiente e pro seu físico? Agora precisa saber sobre como pedalar sem causar nenhum dano a coluna ou outras partes do corpo.
Vamos começar pelos ajustes que você precisa fazer na sua bike para que ela fique adequada ao seu tamanho. Uma bicicleta mal ou não ajustada pode causar sobrecarga e gerar dores na coluna, joelho e pés, além de outros incômodos.
Selim – Selim muito baixo prejudica os joelhos, muito alto o tendão de Aquiles e o ciático. E como saber a altura certa?
As dicas variam:
– A sola do pé abaixo do calcanhar encosta levemente nos pedais com a perna totalmente esticada e relaxada;
– Montar na bike e pedalar ao contrário com os calcanhares apoiados. Se estivermos movimentando o quadril é sinal que o selim está alto, nesse caso devemos baixá-lo até que o quadril se mantenha estável.
Quadro – Se você ajustou o Selim e ainda assim o quadril não estabilizou então o problema pode ser o quadro. Abaixo uma relação de medidas para que você compre a bike certa para você:
Guidão – o modelo em “U” é indicado para corrida e nesse caso para quem já está em um nível avançado de pedal. E ainda assim não deve ser usado com muita frequência porque pode prejudicar a postura. Um alerta é sobre a pressão que muitos fazem ao segurar o guidão. Deve-se segurá-lo de forma leve e não fazendo força.
Postura – No geral a lombar deve ficar em um ângulo de 30 a 40 graus com um bom apoio das mãos. Se tiver encurvada demais, pode gerar dor nos ombros.
Conversamos com Enio Paipa, ciclista super ativo e voluntário da Bike Anjo para falar sobre regras de trânsito e dicas de segurança.
• Respeito ao trânsito
A bicicleta é um veículo. Um veículo de propulsão humana que, perante ao CTB (Código de Trânsito Brasileiro), tem direitos e deveres. Infelizmente, pouca gente sabe disso e trata a bicicleta como um brinquedo. E não é! Utilizo a bicicleta como meu principal meio de transporte há três anos e tento fazer com que as pessoas que compõem o trânsito na hora que estou pedalando me enxerguem como um veículo e não como um brinquedo que está “invadindo o espaço de carros”. Porém, fazer isso não é tão simples. No começo era difícil seguir algumas das dicas que darei, mas depois fui ratificando o quão importante e seguro seria fazer todas as dicas.
AS QUATRO DICAS BÁSICAS PARA QUEM QUER PEDALAR DIARIAMENTE NO TRÂNSITO SÃO:
– Bicicleta em bom estado de conservação e uso: a bicicleta deve estar lubrificada, com freios e marchas, se houver, regulados, pneus calibrados e altura do selim confortável;
– Pedalar sempre no fluxo e pela via: o ciclista deve pedalar sempre na pista de rolamento no sentido do trânsito (nada de contramão) e não pedalar nas calçadas, já que este é um lugar exclusivo para pedestres;
– Manter-se ocupando pelo menos 1/3 (um terço) da faixa de rolamento e fazer as sinalizações com o braço; o ciclista que fica muito no cantinho da via permite com que os veículos automotores ultrapassem sem mudar de faixa, passando muito perto e com risco de uma batida lateral no ciclista. E a seta da bicicleta são os braços do ciclista, logo a direção de que pedala será informada às outras pessoas através dos braços;
– Bicicleta é veículo, precisa respeitar sinalização de trânsito: apesar da sinalização de trânsito no Brasil ser direcionada aos veículos automotores, a bicicleta também precisa seguir. O ciclista tem que parar no semáforo vermelho, respeitar a faixa de pedestres, bem como todas as outras sinalizações existentes.
• Anjos no pedal
E para quem ainda está com dúvidas de como pedalar, existe o Bike Anjo (@bikeanjo), uma rede de voluntários que ajudam as pessoas a pedalar com segurança nas ruas. O Bike Anjo surgiu no fim de 2010 em São Paulo e Recife foi a segunda cidade do Brasil a ter esse serviço. As pessoas podem tornar-se um Bike Anjo ou solicitar um através do site www.bikeanjo.com.br. O serviço é gratuito e para pessoas de todas as idades. Então se você precisa de um empurrãozinho para pedalar, chame um Bike Anjo! Acesse: https://www.bikeanjo.org/
• Opinião
A estrutura cicloviária (ciclovia, ciclofaixa e/ou ciclorrota) é importante para qualquer planejamento urbano moderno. É muito retrógrada a gestão urbana que não pensa na bicicleta, já que ela não polui, não causa congestionamentos, dentre outras mazelas que vivemos nos grandes centros urbanos por conta da quantidade desenfreada de veículos automotores. As ciclovias (com segregação física) e ciclofaixas (apenas pintura) são estruturas bem delimitadas para o ciclista utilizar. As ciclorrotas são apenas sinalizações na via, indicando que o fluxo de ciclistas ali é grande. Na minha opinião, essas estruturas cicloviárias são importantes para estimular o uso da bicicleta, mas são impossíveis de serem feitas em todas as ruas e avenidas das cidades. Então a população em geral acha que a bicicleta só pode andar por esses lugares, quando isso não é verdade. Defendo o respeito mútuo no trânsito. Pedestres, ciclistas, motociclistas e motoristas precisam saber conviver no mesmo local, porém em alguns lugares específicos precisamos das estruturas para bicicleta por conta da velocidade limite altíssima para automóveis, cruzamentos grandes, dentre outras características rodoviárias que causam insegurança ao ciclista.
AMSTERDÃ (Holanda) – Considerada a capital das bicicletas. No país, existem cerca de 18 milhões de bikes para 16,5 milhões de habitantes. Ao todo, há 17.701 ciclovias e 64.336 vias, totalizando 29 mil quilômetros à disposição dos ciclistas holandeses.
COPENHAGEN (Dinamarca) – Foi a primeira cidade no mundo a promover o empréstimo público de bicicletas. Pelo menos 50% dos moradores da cidade usam a bicicleta como meio de transporte, uma estimativa bem maior do que a quantidade de pessoas que utilizam o carro, que é de apenas 13%. Até outubro de 2010, existiam 388 km de ciclovias e 23 km de ciclofaixas na cidade.
BOGOTÁ (Colômbia) – Com 340 km de ciclovias, mais de 500 mil pessoas usam a bicicleta como meio de transporte, ou a integram ao transporte público, já que vários pontos de ônibus possuem bicicletários gratuitos.
CURITIBA (Brasil) – Com 120 km de ciclovia para 1,8 milhão de habitantes. Com seis bicicletários integrados espalhados pela capital do Paraná, a cidade é considerada uma das melhores do Brasil para andar de bicicleta. O sistema de aluguel é simples e o trajeto é monitorado por aparelhos de GPS instalados nas bicicletas.
MONTREAL (Canadá) – Com mais de 120 parques espalhados, Montreal tem centenas de quilômetros de ciclovias e mais de 5.000 bicicletas disponíveis para aluguel. Há também o sistema de bicicletas públicas, que pode ser pago com cartão de crédito.
PORTLAND (Estados Unidos) – Com mais de 480 km de ciclovias, Portland é considerada a melhor cidade para pedalar nos Estados Unidos. Cerca de 9% de seus habitantes usam a bicicleta em seus deslocamentos diários, enquanto a média nacional é de apenas 0,4%.
BASILEIA (Suíça) – A cidade possui ciclovias, estacionamentos e faixas exclusivas para ciclistas. E não é porque é uma cidade urbana que os ciclistas não têm segurança, pelo contrário. A bicicleta é utilizada em 23% dos deslocamentos diários realizados pelos 230 mil habitantes.
BARCELONA (Espanha) – O programa de aluguel de bicicletas foi lançado em 2007. A cidade espanhola conta também com uma ciclovia que passa por toda a área metropolitana, chamada de “anel verde”. No total, existem 3.250 vagas de estacionamento para bicicletas nas ruas e em garagens subterrâneas.
PEQUIM (China) – Pequim tem uma grande tradição na utilização das bicicletas. Hoje, existem cerca de 10 milhões de bikes que se espalham por toda a cidade. E o aluguel é barato: um modelo comum custa cerca de R$ 2,00.
TRONDHEIM (Noruega) – Por fim, Trondheim, na Noruega. Cerca de 18% da população utiliza a bicicleta diariamente como meio de transporte. Em Trondheim existem elevadores para as bikes que levam os ciclistas nas ladeiras mais íngremes.
Fonte: Askmen