Na edição #18 da MENSCH contei um pouco da minha trajetória e os passos que me levaram a encarar uma maratona. Escolhi para minha estreia uma das provas mais desafiadoras, a maratona de New York.
Cheguei uma semana antes para relaxar e me ambientar com o clima da região. Etapa de treinos livres nas passagens por Atlantic City, Philadelphia e Washington D.C., com corridas de 10k a 16k, fundamentais para minha adaptação. Além dos treinos de corrida, eu tinha que seguir os treinos de fortalecimento passados pelo professor Alexandre Oliveira, os cuidados musculares e articulares passados pela fisioterapeuta Marina Hazin e a orientação nutricional de Ana Paula Lacerda.
Sexta-feira (04/11) – Chegada em New York. Ansiedade querendo tomar conta e a vibração de ver a “Big Apple” tomada por milhares de corredores de todo o mundo. Hora de pegar o kit da corrida com número e chip na “Expo”, e se perder num pavilhão gigantesco com produtos esportivos para corrida. Uma verdadeira “Disneylândia” para corredores. Dalí ao Central Park, abertura oficial do evento da maratona, a chamada “Parada das Nações”, onde desfilam as delegações de todos os países participantes. Arquibancadas lotadas e o Brasil sempre bem esperado por sua animação. A queima de fogos apoteótica declara aberto o evento da “NYC Marathon”.
Sábado (05/11) – Achando pouco os 42k que enfrentaria no dia seguinte, corri a “Dash to the Finish Line” – acompanhando minha esposa – corrida que acontece sempre no dia anterior à maratona, passando pelos últimos 5k do percurso oficial. A energia de correr naquelas ruas foi a degustação do que viria no dia seguinte. À tarde, descansar e seguir para o jantar de massas montado para os inscritos no “Tavern on the Green”, restaurante localizado dentro do Central Park. Retorno ao hotel, tudo preparado, dormir cedo e aguardar o domingo desafiador.
Domingo (06/11) – Finalmente o grande dia! Saída do grupo às 5h40 rumo à Staten Island. Chegamos as 8h. 52 mil corredores distribuídos em três setores de largadas. Cada setor ainda era dividido em “ondas”, começando a primeira largada às 9h20 e a última às 11h. O frio foi menor do que esperávamos, apesar dos aproximados 12°C. Minha largada seria as 10h40. Agora era administrar o tempo entre hidratação, alongamento, aquecimento e muita concentração. Foco!
10h40 da manhã, já posicionado na parte inferior da ponte, um tiro de canhão dá o aviso da largada. O hino americano toca… Na sequência, ao som de “New York, New York”, de Frank Sinatra, milhares de corredores iniciavam suas jornadas com a subida da ponte Verrazano-Narrows. Pessoas aos montes torcendo e incentivando; 130 bandas espalhadas ao longo do percurso formaram a trilha sonora de uma massa de corredores que contava as ruas dos cinco distritos de New York (Estaten Island, Brooklyn, Queens, Bronx e Manhattahn). Irreverente, o Coral Gospel cantava com fé e animação ao passarmos pelo Brooklyn. Em vários momentos eu esquecia até que estava correndo. Organização surpreendente. Marcação de distância a cada milha, hidratação com água e isotônico, banana e carbogel em pontos estratégicos, tudo distribuído por voluntários que se candidatam a trabalhar no evento simplesmente porque amam fazer aquilo. Passados os primeiros km e o fascínio inicial da corrida, precisava me concentrar na estratégia. Meu desafio era terminar a prova, mas tinha um objetivo mais audacioso, pactuado silenciosamente comigo mesmo: concluir a maratona em menos de 4h. O funil da largada prejudicou meu tempo, mas quando percebi o percurso clarear, corri bem abaixo do “pace” (tempo médio) programado. Mas sabia que não seguraria por muito tempo aquele “pace” arrojado, que eu fazia para corridas de 10k. Eu precisava manter meu pace abaixo de 5’30” se eu quisesse garantir meu resultado em menos de 4h. As subidas e os diversos pontos de afunilamento, dificultavam a execução do planejado.
Primeiro marco foi aos 21k – me avaliei bem e imprimi um ritmo mais forte. Mas aos 35k meu corpo estava tomado de dor e fadiga. Cabeça é tudo! Pensei em todos que acreditaram em mim e que possivelmente estavam acompanhando minha corrida a cada milha pelo aplicativo da maratona no celular: família, amigos, profissionais e patrocinadores, e ainda aqueles a quem incentivo e que sabia estarem torcendo por mim. Não podia decepcioná-los. Me lembrava das orientações de Alexandre, Marina e Paula, equipe interdisciplinar que fez a diferença até no momento de decidir continuar. A dor seria momentânea, mas o prazer daquela conquista eu queria sentir e levar comigo.
Aos 37k, já em Manhattan, renovei as energias. Entrando no Central Park, faltavam 700 m. Ouvi meu nome vindo do lado esquerdo – era minha esposa que, do acesso público, gritava ao me localizar entre os corredores. Ela gritava e tentava me fotografar. Fiquei feliz! Mais energia! Agora não era corpo, não era cabeça, era coração, muita adrenalina, arquibancadas lotadas, as pessoas gritando palavras de incentivo, relógio no limite, e eu ali, a poucos metros da chegada! Alguns quebraram ao longo do percurso, doía ver. Mas eu estava bem apesar das dores musculares e do cansaço. Prestes a realizar um sonho que havia consumido nove meses de dedicação, com a bandeira do Brasil nas mãos, representando meu país, pensei: Cheguei!!! Com 3h54 de prova, cruzei a linha de chegada, sub4! Muita emoção, uma sensação inexplicável de felicidade e prazer, um filme na cabeça… Consegui!!!
“O programa de treinamento para a maratona foi dividido ao longo de treze semanas, no modelo de pirâmide, chegando a realizar até 80k de volume/semana, divididos em treinos intervalados, ritmo, aclives e “longões”. Houve registro de redução no percentual de gordura e ganho de massa muscular pelo atleta. A parceria interdisciplinar e o respeito a cada estágio do programa de treinos pelo Fábio, resultaram no seu êxito de completar a prova sem lesões e com um excelente tempo, superando as expectativas.”
Alexandre Oliveira, CREF 7035-G/PE, e-mail: [email protected]
“O atleta foi orientado por um programa de reeducação cinético-funcional, visando reduzir seu pico de impacto, melhorar sua postura na corrida e consequentemente sua performance. O programa de prevenção contou com consultas de osteopatia e exercícios específicos para melhoria do controle motor, flexibilidade e propriocepção. Contamos com parceria interdisciplinar. O resultado: excelente prova, atleta sem lesões e com relatos de continuidade das atividades habituais pós maratona…”
Marina Hazin, CREFITO 144650-F, e-mail: [email protected]
“A atenção na alimentação de ser redobrada nos dias que antecedem uma maratona, visando o armazenamento de energia no músculo (glicogênio), pelo que se indica maior consumo de carboidratos. Deve-se evitar ingerir alimentos ou suplementos incomuns à dieta do corredor. Uma dieta personalizada, como a que Fábio seguiu, contribui para aprimorar o desempenho físico durante a prova, retardando a fadiga do corredor e facilitando a recuperação dos tecidos, prevenindo/reparando lesões e reduzindo os danos dos radicais livres.”
Ana Paula Lacerda, CRN 5329, e-mail: [email protected]