Integrante da Companhia de Teatro Íntimo desde 2012, Ana Paula Valverde também soma em seu currículo diversos trabalhos na TV e no streaming. Atualmente no ar como Tânia Matarazzo, antagonista de “Poliana Moça”, atual sucesso do SBT e Amazon, a atriz também é a protagonista de outro sucesso na websérie “RED”, vencedora dos prêmios de Melhor Série Dramática no New York Web Festival e no Rio Web Festival. Em 2019, Ana Paula também ganhou o prêmio de melhor atriz no NZwebfest, na Nova Zelândia, por seu trabalho em “RED” que já soma mais de cinco milhões de visualizações no Vimeo e é assistida em mais de 145 países. A websérie conta a história de Mel Béart e Liz Malmo (Ana Paula), atrizes que se conhecem durante a filmagem de um curta-metragem e acabam por levar para a vida real o envolvimento amoroso que vivem na ficção.
Na televisão, já participou de produções da Globo como “Fina Estampa”, “Malhação”, “Haja Coração” e, por último, “Salve Jorge” onde viveu a personagem Laura. No mundo das séries, Ana Paula também pode ser vista em “Lilyhammer”, produção norueguesa da Netflix, e em “Espinosa”, atualmente em cartaz pelo GNT Play. No teatro, através da Cia de Teatro Íntimo, integrou o elenco de diversos espetáculos, entre eles, “Adélia” e “Ere, Piá, Curumim”, com direção de Renato Farias e Rafael Sieg, “C8H11NO2”, com direção de Thierry Trémouroux, e “Formas Breves”, dirigido por Bia Lessa. Entre seus projetos futuros, estão um filme independente, com coprodução americana, e sua volta aos palcos junto à Cia de Teatro Íntimo, na qual é integrante há 10 anos.
Como surgiu o seu interesse pelas artes cênicas? Quando teve certeza de que queria seguir a carreira de atriz? Eu queria ser atriz desde criança, amava o lado lúdico de ser protagonista das histórias que eu gostava de ouvir ou inventar. Foi só depois que me formei em Publicidade que percebi que não fazia sentido não seguir o que realmente almejava pra mim, então comecei a estudar Artes Cênicas.
A certeza, a decisão de seguir carreira, aconteceu quando eu tinha 24 anos durante um mochilão que fiz sozinha para Europa. Foi em Portugal, em uma praia praticamente deserta, vendo um pôr do sol surreal, que tomei a decisão e encontrei a força que eu estava precisando para seguir esse caminho. Na volta, decidi mudar de cidade, de profissão e redirecionei minha vida.
Tânia Matarazzo é sua primeira vilã. Como está sendo viver uma antagonista em Poliana Moça? É divertido fazer uma vilã na novela. Com a Tânia estou vivenciando potências e valores diferentes dos meus. É sempre um aprendizado, e é necessário ter empatia e humanizar essa personagem que também sofre com questões sérias como maternidade e o abandono. Além de ser maravilhoso contar essa história a partir do protagonismo de uma mulher na trama, a Tânia não apenas apoia um drama construído por um homem, ela vai além, tem suas próprias ambições e dramas pessoais, é uma mulher forte e empoderada que comanda toda uma comunidade. Habitar esse lugar na história é muito interessante, mesmo ela sendo uma vilã. O lugar da mulher é, sim, onde ela quiser e precisamos, cada vez mais, criar histórias valorizando o protagonismo feminino e buscando fugir de estereótipos de gêneros.
Você enxerga uma importância relevante em mostrar esse lado humano da Tânia? Por quê? É importante abraçar a complexidade do ser humano, fugir dos rótulos de que somos apenas bons ou ruins. Somos plurais, seres em construção, passíveis de erros e acertos de acordo com nossas vivências. Quando nos aprofundamos na história da Tânia e nos conectamos com sua vulnerabilidade e defesas, também podemos nos relacionar com suas feridas e criar um pouco de entendimento e empatia com a personagem, aprender com o erros dela e, quem sabe, ressignificar nossa própria história. A arte tem esse poder.
Como tem sido a reação do público na rua? Como tem sido a abordagem já que você vive a vilã da trama? Por mais que não aprove as atitudes da Tânia, o público se diverte muito com ela. Tenho recebido muito carinho nas ruas. Normalmente, eles condenam a personagem e elogiam a atuação. Mas, obviamente, mesmo com a grande maioria sendo positiva, sempre existem os que amam e os que odeiam (risos).
Você tem planos para uma carreira internacional? Como foi sua experiência de trabalhar em outros países? Sim, eu adoraria ter uma carreira internacional, atuar em outras culturas e ter diferentes aprendizados. Sempre gostei de viajar e ter essa troca que me nutre como ser humano, me traz conhecimento e me faz evoluir. Acredito que isso seja o mais valioso nessas experiências, ou seja, ampliar nossa visão de mundo para nos conectarmos cada vez mais.
Tem algum tipo de personagem que gostaria de interpretar? Qual? Sim, existem muitos personagens que quero vivenciar na minha trajetória como atriz. Eu adoro desafios e novos universos! Quero poder contar a vida de alguém real, interpretar um personagem biográfico, que fez história, e que eu admiro. Seria incrível. É algo que espero que aconteça um dia.
Qual a importância da série RED que trata de temas tão importantes? RED é uma série que ganhou diversos prêmios e foi considerada a primeira webserie lésbica brasileira. É um projeto independente, que foi se estruturando e se transformando ao longo de 6 anos. Ser parte de algo tão importante, ser resistência, abordar temas necessários para inclusão e diversidade, ampliou meus horizontes e me trouxe muitos aprendizados. Esse projeto significou muito na minha vida. Além do retorno e do apoio carinhoso das fãs aqui e no exterior, tive a possibilidade de vivenciar o que tanto admiro na minha profissão, ou seja, a arte a serviço da sociedade, rompendo barreiras e diminuindo os espaços entre nós. Foi poderoso e transformador poder fazer parte de uma obra que traz temas tão urgentes e essenciais pra nossa sociedade.
Quem é a sua personagem na websérie? Fale um pouco sobre ela. Na websérie “Red”, minha personagem se chama Liz, uma mulher com dificuldades de se entregar verdadeiramente a um amor e com problemas relacionados às drogas. Me apaixonei por essa personagem, por suas descobertas e evolução ao longo da série. Foi muito especial acompanhar e vivenciar isso na trama.
Quais são seus planos profissionais para este ano? Um dos meus principais projetos profissionais é um filme independente com coprodução americana que está em fase embrionária. Não posso entrar em detalhes, mas ele nasceu da vontade que eu e Luciana Bollina temos de realizarmos algo juntas novamente. Além disso, também quero voltar aos palcos junto à Cia de Teatro Íntimo, na qual sou integrante há 10 anos. No mais, meu coração está aberto para novos desafios e presentes que vierem.
Você tem algum cuidado especial com sua saúde? Tem alguma rotina de beleza? Procuro sempre cuidar com carinho da minha espiritualidade. Além disso, faço academia pra movimentar e fortalecer o corpo. Sou muito vaidosa, adoro me cuidar, então, de uns anos pra cá, não abro mão da minha dermatologista e sigo as receitas prescritas por ela que envolvem tratamento para pele e cabelos. No mais, a única coisa que não pode faltar é o filtro solar.
Que frase você gosta e que te definiria? “Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar.” (Clarice Lispector)
Deixe uma mensagem para nossos leitores. Obrigada pelo carinho e por me acompanharem nessa caminhada. Deixo aqui, pra vocês, uma frase do Caio Fernando Abreu e que eu amo: “Cultive, cuide, queira bem, o resto vem”.
Fotografo Marcos Duarte (@marcospbduarte)
Beleza Sandro Barreto (@sandrobarreto)
Assistente Edson Florindo (@edsonflorindo)