Nossa estrela de capa Juliana Paiva tem tido uma bela trajetória ao longo de sua carreira. Que começou lá atraz quando passou uma temporada morando em Fortaleza e pisou pela primeira vez nos palcos. Depois morou na Bahia por três anos até voltar para sua cidade natal, o Rio de Janeiro, onde entrou para uma agência de modelos e depois de alguns testes fez sua estreia na TV em “Viver a Vida”, em 2009. De lá pra cá, foram muitos outros trabalhos e personagens queridas. A empatia com o público foi instantânea e hoje Juliana está como protagonista de “O Tempo Não Para”, que estreou essa semana na Globo no horário das 19h. Simpática e atenciosa como sempre, Juliana conversou com a MENSCH e nos contou um pouco do seu início de carreira, sua vida com família e amigos e da nova personagem, a Marocas, que chegou congelada e desperta em pleno século 21.
Juliana e aí dá um frio em estrear como protagonista em “O Tempo não Para”? Dá um frio na barriga no momento da estreia. Sempre dá. Porque eu acho que é uma coisa tão nossa e vai se tornar de todos né?! A gente está gravando ali já tem uns três meses com preparação, montando essa novela para o público, e chega o momento da estreia onde nós vamos compartilhar essa história com todos. Mas eu acho que acima de um frio na barriga é a felicidade de poder estar contanto uma história que a gente acredita tanto. A gente está se entregando tanto e é uma delícia esse momento de poder ver como está ficando o trabalho. Porque até então a gente só está gravando, tem hora que é necessário estrear e ver o que a gente está preparando.
Como recebeu esse convite para interpretar um mulher que ficou congelada por mais de 100 anos e acorda nos dias de hoje? O que podemos esperar de Maria Marcolina? Recebi com muita gratidão, com muita alegria. Veio num momento muito bom. Eu adoro desafios, e a Marocas é um desafio lindo que vem falar da missão de duas épocas, de valores. É uma novela que vai tocar muitas pessoas porque a gente vai trazer boas mensagens. Além de ser uma novela divertida, uma novela das sete, alegre e bem humorada. A gente vem trazendo mensagens muito importantes, vamos levantar questionamentos em casa pra quem está assistindo. E a Marocas tem essa força, é uma menina-mulher à frente do tempo dela. Romântica na sua essência, lembrando que o romantismo não é só suspirar por alguma coisa, mas você lutar por uma coisa em que você acredita, por uma causa que você de repente é capaz de morrer por aquilo, por defender aquilo. Então ela vem do auge do romantismo do século XIX, com todo esse coração pulsante, chegando no século XXI cheio de novidades, um mundo que ela desconhece. Mas com muita curiosidade, por ser tão jovem, ela é aberta à novidades, ela começa à descobrir sua essência. Então ela vem questionar o que mudou, vem entender, ensinar e reaprender. É uma personagem muito rica e que eu estou me entregando mesmo e curtindo em fazer.
Ao longo desses quase 10 anos de carreira você tem interpretado personagens bem diferentes umas das outras. Como você avalia essa trajetória e que personagens ainda faltam? Eu agradecendo sempre e sou muito feliz por ter tido essas oportunidades. Eu acho que para o ator quanto mais diferente o personagem dos outros melhor porque abre um leque de oportunidades. Possibilidades de mostrar trabalho, se experimentar, diferentemente na arte. Então eu fico muito feliz por ter tido essas oportunidades, ter abraçado essas oportunidades. E ter visto o reconhecimento daquilo né?! A Marocas não deixa de ser um reconhecimento que chegou num momento muito lindo pra mim. Eu acho que é por aí. E de repente falta uma vilã, uma vilãnzona para poder experimentar um pouco esse lado, de aprontar um pouco mais assim…Fora da comédia. Uma vilã mesmo. Mas tudo tem seu tempo.
Sempre há uma troca entre você e a personagem ou não? Você aprende com elas ou entrega algo a elas? Sempre tem uma troca entre a atriz e a personagem. A gente aprende sim. Esses valores que a Marocas vem colocar são muito interessantes por que muitas vezes a gente simplesmente abraça as novidades pela correria do dia a dia e a gente não para pra questionar o porquê delas existirem, por que que a gente tem que abraçar. E a Marocas vem com esse HD zerado então ela vem questionar tudo, o porquê disso, o porquê daquilo, que bela abolição é essa que aconteceu que até hoje tem trabalho escravo. Por que o valor da palavra se perdeu, se eu estou dizendo quem eu sou, por que tenho que te provar com um documento. Sabe? Por que tem que atestar tudo que eu digo. E são coisas que infelizmente o tempo foi levando e não deveria ter levado né?! Eu acho que a palavra, que antigamente era a honra da pessoa, deveria continuar sendo. Eu acho que as relações seriam mais fáceis assim. Então esse lado humano, a Marocas, não que ela tenha me trazido, mas ela tem aguçado mais. Então acho que sempre rola emprestar de via dupla. E a Juliana assim como a Marocas, é muito determinada, sabe o que quer, corre atrás dos seus objetivos. Nunca passando por cima de ninguém, apenas querendo o que é seu. Mas lutando para que aconteça da melhor forma possível. Eu acho que são nesses pontos que a gente se encontra.
Suas personagens já foram de fúteis, sérias, engraçadas, responsáveis… Que nuances mais te agrada passar em uma personagem? O que te desafia mais? Ah eu gosto…é muito difícil escolher. O humor me agrada muito, eu tenho uma entrega natural pro humor. Eu vou descobrindo fazendo mesmo. E vendo que as pessoas foram curtindo e tal…Mas é sempre um desafio enorme. Eu acho que quando você pega o personagem que você se sente na ponta do abismo, que você tem que estrear e não sabe como, é sempre muito instigante. E eu acho que seria mais o lado do desafio, não teria muito como escolher exatamente qual me agrada mais. Eu acho que uma boa história me agrada. Se dentro dessa história tiver boas oportunidades de mostrar várias nuances da personagem, perfeito.
Ano passado você fez Simone em “A Força do Querer” que era a amiga que todo mundo queria ter. Juliana tem um pouco de Simone nesse caso? Você parece ser bem tranquila e amigável com todos. A Simone veio trazer boas mensagens pra gente né?! Foi uma personagem muito querida do público, que tinha a questão da empatia de você não necessariamente ter a questão do outro, mas você entender o peso daquilo no outro, pensar como se fosse uma causa sua e querer ver o outro bem. A Juliana tem um pouco disso sim! Bastante aliás. Eu gosto de ver quem está ao meu redor bem, feliz. Tento poder fazer o possível pra vê-los dessa maneira, estar com eles dessa maneira. Eu acho que isso é amor. Não é “ah tudo bem?” e não se aprofundar nas coisas. Eu acho que é fazer o outro ficar bem.
Que desafios enfrentou no início da carreira? Tinha alguma barreira pessoal ou algo que você foi perdendo com o tempo? Desafios? Eu acho que tiveram sim. Mas não tem uma história triste pra contar. Eu acho que seria mais um desafio pessoal, íntimo sabe? De me instigar. A própria profissão ir me instigando e eu me dedicando para ultrapassar barreiras minhas. Me aperfeiçoar como atriz, estar sempre estudando, sempre me dedicando, estar evoluindo. Eu acho que cada trabalho ensina, traz bagagem. Então eu acho que é mais nesse aspecto.
Se não fosse atriz o que seria? Difícil responder essa pergunta…Eu acho que hoje eu não conseguiria te responder o que eu seria se não fosse atriz. Eu cursei faculdade de publicidade… mas puxando lá na infância eu queria ser professora infantil. Sempre gostei de estar em contato com criança, de ensinar, de trocar. E eu acho que nossa arte nos permite isso também.
Você passou um ano da sua vida no Ceará. Que recordações guarda dessa época? E como foi voltar a morar no Rio? Eu passei um ano em Fortaleza e três anos na Bahia. Meu pai é diretor de marketing, foi transferido e a família foi junto. Foi demais. O Nordeste é maravilhoso! É rico de belezas naturais… sou apaixonada pelo Nordeste. E foi lá que tudo começou. Comecei a fazer teatro em Fortaleza com meu diretor Marcelino Câmara, e foi maravilhoso. Foi fundamental para eu escolher a minha profissão, pra me identificar, pra me encontrar. Tenho muito carinho e sempre que posso, por exemplo, Carnaval vou pra Bahia, todo ano. Eu gosto sempre de estar em contato. Tenho lindas recordações da minha primeira experiência no palco em Fortaleza. Eu era uma das mais novas do grupo de teatro. E voltar a morar no Rio foi muito legal porque eu reencontrei amizades de antes, que já estavam em outro momento de vida. E você está perto de toda sua família, toda minha família é do Rio, é muito importante. Família deixa muita saudade. Então foi bom esse reencontro. E voltando pro Rio voltei a ser procurada por agências, e aí falei é isso que eu quero! E quando fiz de 14 pra 15 anos a gente começou a ver as coisas, entrei para uma agência, que na época foi a “40 Graus”, e daí começaram a pintar os testes de modelo e atriz…e foi quando tudo começou a caminhar.
Hoje é a típica garota carioca de praia e baladinhas? Como é juliana na hora de relaxar a mente? Eu adoro praia. Adoro ter contato com natureza, praia, cachoeira…é sempre muito bom. Acho que a gente fica mais perto de Deus. Eu gosto de estar com meus amigos, sentar num barzinho pra conversar, ouvir uma MPB, alguém tocando um violão…adoro ir no cinema, teatro. É uma forma de relaxar e estar em contato com nosso ofício. Observando colegas, prestigiando colegas, aprendendo. E dançar, adoro dançar. Mas assim, não sou de sair muuuito toda hora, todo final de semana não. É só quando eu quero realmente sair pra dançar, me divertir.
Depois de se relacionar com colega de profissão o que incomoda mais a mídia em cima o tempo todo ou as fãs mais atiradas? Como lidar com isso? Na verdade só tive um relacionamento com uma pessoa do mesmo meio. Mas eu preservo muito minha vida pessoal. Como o próprio nome já diz, diz respeito a mim. Então eu protejo quem eu amo. Busco compartilhar o meu trabalho, os meus personagens…eu acho que aí que mora a troca com o público. Agradeço quem torce por mim. Ter gente vibrando e mandando boas energias é sempre muito bom. Ter o respeito mútuo que é o que acontece, eu valorizo muito o lugar do fã, paro, tiro foto, troco… Mas vida pessoa é vida pessoal e eles respeitam. É uma boa relação que a gente tem. Eu sempre digo que se eu estiver com uma pessoa, naturalmente vão me ver com essa pessoa por que ela estará comigo. Agora não preciso falar: “mundo, estou com fulano… não estou mais com fulano”. Não me identifico muito com isso.
O que te atrai em um homem? Eu acho que a espontaneidade. Não tem uma lista assim… Eu acho que quando a pessoa é o que ela é, e ela mostra pra gente, a gente tem essa opção de escolher, de ver o que bate, o que não bate. Acho que ser verdadeiro acima de tudo, para um bom relacionamento dar certo, é ter respeito, admiração e amor. É a base.
É muito vaidosa? Sou vaidosa na medida certa. Assim, não perco muito tempo fazendo longas arrumações. (risos) Mas eu gosto de estar bem cuidada. A gente trabalha com a imagem, então a gente tem que que estar ligada nisso. Cheiro, perfume, é sempre muito importante. Eu busco fazer exercícios físicos, mas com a rotina das gravações fica mais complicado. Hoje por exemplo, no domingo, conversando com você, eu procuro dar uma corrida, fazer alguma atividade física. Tem o meu personal, Eduardo Mello, que já está comigo há uns três anos, é muito bacana para esses momentos em que eu tenho uma horinha livre e aí nesse tempo você ter o auxílio de um profissional pra te ajudar, te orientar… Então é isso, eu tento pelo menos ir umas três vezes por semana fazer exercício físico. Quando o roteiro permite é maravilhoso.
Como lida com o espelho? Eu acho que é importante você estar conectado com você mesmo. A beleza que as pessoas enxergam é muito o que você erradia de dentro. Então a gente tem que cuidar mais dentro do que fora. Tem muita gente que se preocupa muito com a aparência externa e esquece de cuidar do que realmente importa né? Do que alimenta nossa alma. Então eu me conecto muito comigo, procuro estar bem comigo mesmo. Então é aí é a luz que a gente erradia.
O que homens e mulheres precisam aprender juntos? Eu acho que a gente tem que estar bem com a gente mesmo sabe? A gente não ter que precisar do outro, ou depositar no outro uma felicidade que deveria ser nossa. Se a gente está bem, então naturalmente a gente vai se relacionar de forma mais leve com o outro. E eu acho que no relacionamento de homem e mulher a troca é fundamental. Eu acho que as pessoas quando se juntam elas tem que se juntar para fazer com que o outro evolua, que o outro cresça, que traga mais força para vida um do outro. Então eu acho que é esse sentimento de trazer paz, calmaria, puxar o outro pra cima e somar. Eu acho que é isso, fazer somar o relacionamento.
Para conquistar Juliana basta… Ah não vou entregar não! (risos) Ah eu acho que é ter pelo menos o básico compatível. Os princípios de tudo tem que bater. Por que aí fica muito mais fácil de se relacionar. Ver se o outro tem a mesma visão de vida, família, de relacionamento… Ai eu acho que é mais fácil que dê certo. E tem que ter bom humor. Acho que pra você encarar a vida, bom humor é fundamental. Por que aí nas dificuldades a gente consegue trazer uma leveza e vai ficar tudo bem. Vamos juntos. E ter sempre a gratidão dentro de si. Pra valorizar os pequenos momentos, os pequenos e bons momentos. E estar sempre disposto à celebrar. Eu acho que é por aí. Bem aquela questão que eu falei, de você ser fiel a sua essência.
Um recadinho para nossos leitores… Foi um prazer. Obrigado equipe da MENSCH, foi muito bacana fazer as fotos. Eu acho que a matéria vai ficar linda e que traga muitas boas energias para nossa estreia. “O Tempo Não Para”, uma história divertida, cheia de mensagens, mas acima de tudo uma história de amor que a gente vai contar para vocês. E que vem para dar um brilho especial para esse século 21 onde as relações estão um pouco banalizadas. Um beijo gente! Obrigada!
Fotos Beto Gatti
Produção executiva Marcia Dornelles
Stylist Paulo Zelenka
Beleza Walter Lobato
Look 1:Colete smoking Lina Delic, Calça La Máfia, Bota Van Gogh, Cap Top Shop; Look 2: Jaqueta Calvin Klein, Body Massam; Look 3: Vestido Lança Perfume; Look 3: Top My Favorit, Calça Lina Delic