Artista dos palcos, das ruas, das palavras, dos versos e das músicas, Letícia Persiles é uma mulher que traz a arte na pele. E não apenas pela sua bela tatuagem, mas por transpirar arte de todas as formas possíveis. Digamos que Letícia foi presenteada por Deus por seu talento e teve a sorte de viver em uma família que lhe deu apoio e condições de fazer esse talento se expandir de diversas formas. Atualmente ela está dando vida à personagem Amélia na novela “Orgulho & Paixão”, mas a atriz e cantora já passou por outras produções como a série “Capitu” e novela “Amor Terno Amor”, ambas como protagonista. Sua jornada na arte vem de muito tempo, desde sua estreia nos palcos aos anos 11 anos até seu projeto musical com a banda “O Cabaré do Xote Moderno” que traz ritmos e cultura popular com muita personalidade. Com seu olhar sereno e uma sensualidade natural, Letícia é isso, pura inspiração e total conquista.
Música, poesia, literatura e dramaturgia. Você transborda arte. Como despertou para isso? Na minha opinião todo mundo nasce artista. Toda criança transborda arte e a gente tem que crescer batalhando pra não perder isso.
O que veio primeiro na sua vida, o desejo de ser atriz, escrever ou cantar? Acho que veio tudo junto. No teatro a gente precisa fazer de tudo um pouco. Inclusive, às vezes, cantar, dançar, ser poeta…
Você tem uma banda com nome e proposta bem interessantes, “O Cabaré do Xote Moderno”, que traz forró com ares de cabaré do sertão. Explica melhor isso para nós? O “Cabaré” é uma espécie de coletivo de artistas. Também é uma banda, claro, mas que conta com a participação de músicos e cantores diferentes em cada apresentação, em cada período. No repertório temos músicas minhas e clássicos do forró. Inclusive, agora, estamos com uma campanha de crowdfunding no ar no www.embolacha.com/leticiapersiles para arrecadar fundos para gravação do nosso primeiro live session.
Como você percebe arte e cultura no Brasil hoje em dia? O que tem chegado de novo e o que falta de forma geral? Ariano Suassuna falava da existência de um Brasil real e de um Brasil oficial. O Brasil real tem várias culturas tão ricas que uma única vida não seria o suficiente para conhecer todas elas. Já o Brasil oficial, não reconhece o valor delas e, há muito tempo, o que vemos são nossas manifestações culturais mais valiosas como o circo, as festas religiosas populares, a cultura do vaqueiro, do violeiro, das lavadeiras cantadoras e tantos outros exemplos, agonizando numa morte sofrida. Aos jovens músicos, atores, palhaços e poetas desejo força, resistência e união. É o mesmo que desejo pra mim e para os artistas da minha geração que já não são tão jovens assim, mas que continuam precisando de tudo isso para continuar a seguir em frente.
Em um país onde a música que impera é o sertanejo universitário, funk, sofrência (sem críticas, apenas constatação)… é difícil trazer um gênero musical e cultural como o de vocês? Todos os gêneros musicais são culturais e representam o pensamento de um determinado grupo. A questão é quantos gêneros musicais diferentes se pode ouvir hoje no rádio ou na TV? Poucos, na minha opinião… Há pouco espaço (ou nenhum) para a divulgação e venda de gêneros musicais como a música instrumental, o forró, o choro, o côco, o clássico e tantos outros novos gêneros que ainda não tem classificação ou que estão fora de qualquer mídia ou mercado.
E como foi o começo como atriz? Veio primeiro o teatro ou TV? Teatro, com certeza! Comecei a estudar teatro com 11 anos. Comecei no teatro de rua.
Sua estreia na Globo foi com Capitu e em seguida veio uma protagonista em “Amor Eterno Amor”. Deu um frio na barriga encarar essas duas personagens marcantes logo de início? Não, ao contrário. Foi muito prazeroso fazer a Capitu e a Miriam de “Amor eterno Amor”.
Agora você está de volta à TV com a Amélia de “Orgulho & Paixão”. Como está sendo fazer esse novo trabalho e que encantos Amélia tem te trazido? Está sendo muito bom fazer a Amélia. Todo trabalho tem seus desafios e traz novos aprendizados. E esse não está sendo diferente! Gosto da ideia de estar fazendo uma personagem que sabe que tem pouco tempo de vida.
Em 2016 e 2017 você esteve no cinema. O que te encanta por lá? Como é estar na grande tela? Participei, ano passado, de um filme dirigido e roteirizado pelo Eduardo Albergaria. Adorei e espero que venham outros trabalhos como este.
O que essa bela tatuagem esconde ou revela sobre você? Na realidade, não esconde nada. Ela apenas revela meu gosto por pássaros e plantas da mata atlântica. Além da bromélia, tenho no braço um gaturamo e uma saíra militar também.
O que homens e mulheres precisam aprender juntos (ou separados)? Acredito no feminismo como revolução. Acho que todos nós, homens, mulheres, trans, bichas, sapas, bis, só temos a ganhar com o avanço das ideias feministas.
Letícia, resumindo para você… o que é arte? Arte é expressão e transformação.