Desde quando pisou no palco pela primeira vez Michelle Batista já sabia que aquele era seu lugar. “A arte é algo tão impressionante que a gente sente desde muito cedo”, comentou nossa estrela ao longo dessa entrevista. Michelle apareceu na TV ao lado da sua irmã gêmea, e cúmplice nessa trajetória, e logo cedo passamos a admirar esse talento em dose dupla das duas. Aos pouco a carreira de cada uma foi tomando seu rumo, ainda assim mantendo alguns projetos em comum, e cá está Michelle em nossa capa e em destaque na novela “Gênesis” em um papel marcante. Vamos lá conhecer um pouco mais dessa taurina que ama feijoada e que não dispensa um bom livro.
Michelle, como despertou esse lado de atriz em você? Aliás, surgiu entre você e sua irmã ao mesmo tempo? Ela ou alguém te influenciou? A arte é algo tão impressionante que a gente sente desde muito cedo. Eu já dizia que queria ser atriz sem nunca ter ido numa peça de teatro, quando isso parecia uma realidade impossível. Algo me conectava a este universo, daí quando comecei a estudar teatro aos 14 anos eu tive a certeza dessa escolha, o que me levou a fazer faculdade de Artes Cênicas em seguida. Depois tive a oportunidade de fazer “Malhação”, que foi uma grande escola e, até hoje, as pessoas se lembram da minha personagem, a Clarissa. Acredito que eu e minha irmã, de alguma forma, embora com trabalhos e personagens bem diferentes, inspiramos a caminhada uma da outra. Temos a mesma profissão e uma troca valiosa que nos aperfeiçoa como pessoas, mulheres e atrizes.
Uma das primeiras participações sua na TV que marcou foi em “Clandestinos” (2010, na Globo), onde você era você mesma. Era isso? O sonho de fato começou ali? Sim, foi um marco em minha carreira porque tínhamos, nesse projeto, a oportunidade de unir teatro e televisão. Embora sejam expressões artísticas diferentes, cada uma tem suas peculiaridades. E nós começamos no teatro, os personagens foram ganhando novas formas e depois estávamos na tv. Essa foi uma produção que me deixa orgulhosa e me lembra do início de muitas coisas em minha trajetória. É bom saber que essa história foi contada e que tive a oportunidade de fazer parte disso. Era um sonho começando e se fortificando. E ali eu fiz grande amigos que eu vejo brilhando por aí até hoje e fico muito feliz.
Você estreou na TV na novela “Cobras e Lagartos” (2006, na Globo) e ao lado da sua irmã. Essa parceria entre vocês foi necessária entre vocês, mas depois virou um “problema” pois os autores só enxergavam vocês duas juntas? Estar com a minha irmã é sempre um prazer e nunca um problema. Mas no campo profissional precisamos fazer escolhas. E nós escolhemos nos encontrar na dramaturgia pontualmente, em trabalhos específicos. E acho que essa foi uma escolha acertada pra o desenvolvimento do nosso trabalho individual. Mas, além das telinhas, para o público ter a oportunidade de nos ver juntas, criamos o canal ‘GiMi’, onde produzimos conteúdos sobre feminismo, culinária, projetos profissionais e vida pessoal. Essa ideia do canal é justamente porque ali não tem atuação ou personagem, somos nós na nossa vida real, e na nossa vida real a gente gosta mesmo é de estar juntas, sem limites.
Até que chegou um ponto em que vocês alçaram voos solos distintos. Foi um momento delicado para vocês? Encaramos com muita tranquilidade porque isso é parte, também, das nossas escolhas dentro do universo artístico. Claro, como disse anteriormente, isso não nos impede de gostarmos de um determinado projeto e termos o desejo de fazê-lo juntas. Porém gostamos desse direcionamento que damos pra nossa carreira. É algo natural para nós. Potencializador também. E eu torço por cada conquista dela. E ela pelas minhas.
Falando em trabalhos, seu mais recente é a Lia em “Gênesis” (Record). Como foi participar desse trabalho e gravar em meio a essas restrições? Foi lindo e desafiador, mas de um aprendizado que não se dá nem pra pôr em palavras. É um misto de gratidão e alegria, porque estamos entregando, mesmo em tempos tão sensíveis, um produto novo, uma superprodução. Mas, como temos seguido rigorosamente todos os cuidados da OMS, nos sentimos seguros e ainda mais preparados. Esse trabalho é meu primeiro como protagonista de uma personagem que já existe no imaginário popular, que está na bíblia, o livro mais lido do mundo. É uma grande responsabilidade! Acredito e espero que o público se emocione conosco. É uma história de fé e resiliência. E temos precisado disso mais do que nunca!
No cinema também vimos que tem novidade com sua participação em “O Auto da Boa Mentira”. Como foi participar e o que podemos esperar desse trabalho? Vai ou já foi para o cinema? Esse projeto é lindo, divertido e que reafirma, também, o talento do nosso cinema brasileiro. É um roteiro inspirado em narrativas de Ariano Suassuna, que adorava apresentar ao público histórias que instigassem, deixassem certo mistério e, claro, garantisse boas risadas. Mas, também, gosto de frisar que essa obra tem seus toques de questionamento e inquietação. Acredito, inclusive, que a arte deve beber dessa fonte, de olharmos para a sociedade e suas diversas questões.
O que te desafia como atriz? E como mulher, cidadã? Me desafia a oportunidade de contar histórias que agreguem as pessoas. Penso que a arte tem um grande poder de sensibilização. Através dela conseguimos abordar os mais delicados assuntos e deixar uma mensagem potente. Como mulher e cidadã me sinto responsável por tentar ser a diferença que eu quero ver no mundo. Sempre digo que as mudanças começam na nossa bolha mesmo, e temos que ter sempre consciência do nosso exemplo no mundo.
Como foi passar um período em casa sem gravar, com isolamento social… como ocupou o tempo e que novas atividades buscou? Eu tenho lido bastante, visto séries e, também, me exercitado. Aprendi a gostar de yoga nesse período de pandemia porque senti necessidade de fazer algo que ajudasse a organizar as emoções também. Temos necessitado de calmaria pra que os passos sejam evolutivos.
É muito vaidosa? Como lida com o espelho e do que não abre mão? Gosto de me cuidar, de me sentir bem com minha imagem. Isso é o mais importante, você se ver e estar satisfeita. Não abro mão de cremes hidrantes e filtro solar. Considero que isso é necessidade básica no dia a dia (risos). Mas encaro a vaidade com responsabilidade, não quero ser refém disso. Vaidosa sim, mas saudável e feliz acima disso tudo.
E na hora de relaxar, o que faz sua cabeça? Eu gosto de cozinhar ouvindo uma boa música e com boas companhias. Conversar sem pressa, dar risadas, ver bons filmes. Acho relaxante. Deixo os pensamentos fluírem. Esses momentos são intimistas e importantes. Nos conectam com as verdades dentro de nós.
Quando puder viajar, qual o destino certo? Não tenho nada planejado, mas antes da pandemia estava sonhando com uma viagem ao sul da Itália com a Gi, quem sabe agora a gente consiga. Eu ia amar.
O que curte ler, ver e ouvir? Alguma dica? Eu amo ler e sempre peço consultoria dos melhores livros a meu primo Leonardo Nascimento, leitor assíduo e com muito bom gosto. A minha leitura favorita da pandemia foi “Mamãe, eu e Mamãe” de Maya Angelou. Mas eu amo também livros de poesia! Tenho muitos em casa. Meu gosto musical é muito variado, mas acabo ouvindo mais música brasileira mesmo.
Qual seu pecado favorito? Não resiste a que? Eu sou taurina, amo comer bem. Não sou tanto dos doces, meus pecados favoritos são salgados mesmo. Uma boa polenta, uma feijoada, tudo isso me deixa com água na boca.
Michelle, para encerrar… e quais os planos possíveis para esse resto de ano? Sigo gravando a novela e também produzindo conteúdo semanalmente pro canal GiMi. A nossa ideia é que o GiMi possa em breve lançar novos voos e seja a nossa marca pros nossos projetos de parceria, meu e da Gi. Tenho alguns outros projetos em mente, mas estão sendo rascunhados e ainda não consigo adiantar. Mas estou feliz pela oportunidade de falar de arte, de celebrá-la, de chegar nos lares. E espero que vocês curtam a Lia que eu fiz com muito carinho pra vocês.
Michelle Batista usou: Look 1: 7 For All Mankind Brasil, tênis All STAR custumizado by Karl Langerfeld /Look 2: blusa City Blue, hot pants Adriana Degreas, tênis All STAR custumizado by Karl Langerfeld
Foto Fernanda Candido
Edição de Moda Ale Duprat
Produção de Moda Kadu Nunnes
Make Guto Moraes