Desde muito cedo estamos acostumados a ver a atriz Paloma Duarte na TV. Filha de atriz consagrada, Paloma nunca ficou na área de conforto e sempre trilhou seu próprio caminho no mundo artístico. Antenada com as novas possibilidades de comunicação e de mostrar sua arte, atualmente a atriz se sente livre para voos mais altos como investir na carreira de produtora e trabalhar novas mídias. Recentemente, participou da série “Eu, Ela e um Milhão de Seguidores” e reafirmou a possibilidade que as redes sociais, quando bem trabalhadas, podem render bons frutos. Fora tudo isso, sua principal vocação é ser mãe e Paloma tira de letra esse “ofício”. Batemos um ótimo papo com a atriz e o resultado você confere, abaixo.
Paloma, depois de participar de “Eu, Ela e um milhão de Seguidores”, série do Multishow, sua visão sobre redes sociais mudou em algo? Como essa experiência te tocou? Sim. Pra começar, tive que aprender a fazer coisas básicas, como stories… (risos) Pelo lado profissional, também comecei a seguir algumas pessoas. É uma loucura esse universo! Tem muita coisa interessante, mas também tem muita bobagem. Mas é uma questão de saber filtrar o que te acrescenta ou não.
É muito surreal para você como atriz imaginar que hoje em dia muitas vezes se avalia um artista pelo número de seguidores. Isso está se tornando (em muitos casos) determinante para um trabalho (seja ele qual for). Como vê isso?Completamente surreal! Me dói muito imaginar que o talento de alguém seja avaliado dessa maneira, até porque tem gente que compra seguidor. É um mercado. Mas fica a pergunta: que tipo de mercado? Mas vida de ator tem dessas coisas. Antes eram os realities que nos invadiam, agora são os seguidores no instagram. Vai aparecer gente nova, claro, com talento ou sem. O tempo sempre faz sua peneira.
Ao mesmo tempo, plataformas como YouTube e Facebook estão sendo um novo canal para atores mostrarem seus trabalhos de forma mais independente. Que pensa disso? Eu acho isso ótimo! Quem gosta e tem conteúdo, seja como humorista, ator, etc…, tem mais é que botar seu trabalho nessa vitrine. Sigo vários no Youtube! Pra mim, o Facebook já tá um pouco ultrapassado, perdeu a graça, apesar de reconhecer a importância da plataforma, inclusive para dramaturgia.
Novos meios como Netflix, TV por assinatura e internet chegaram para dividir mais ainda o público de TV aberta e, cada vez, ela perde espaço. Você acredita no fim da TV com seu formato tradicional? Em que a TV convencional precisa mudar ainda? Ainda não. Estamos vivendo o que a música viveu anos atrás, quando ainda se discutia se o CD deveria ter encarte com letras ou não. Aí veio o mp3 e mudou tudo. Acho que as novelas estão se adaptando. Hoje temos no ar uma trama que praticamente não tem cenário e onde quase tudo é computadorizado. Claro que, quando pensamos em plataformas como Netflix, três coisas ficam evidentes pra mim: que as novelas deveriam ser mais curtas, que a “Era” dos contratos longos está cada vez menor e, claro, que a Globo já deve estar preparando sua própria “Netflix”. Até porque, já existe na plataforma digital dos sites da Globo a opção de assistir o capítulo das novelas na hora que o expectador quiser. Eles não dormem no ponto!
O grande público ficou acostumado a te ver na TV desde muito cedo. Filha de atriz e estrela na Globo. Existiu em algum momento uma cobrança velada? Nunca! Sempre me dediquei muito e busquei meu caminho independente disso. Amo o que faço! Se teve alguma cobrança, nunca percebi.
Muitos artistas sem contrato fixo com uma grande TV se sentem meio perdidos. E você, como encara essa ideia? Te instiga mais a ousar ou bate uma insegurança maior? Passei 30 anos contratada! Tenho 40 e comecei cedo. Demorei a decidir ficar sem contrato, mas eu precisava saber quem eu era artisticamente nos dias de hoje e com todas essas mudanças. Acho estimulante sair de um lugar confortável e me redescobrir. Não estou dizendo que não quero mais fazer novelas, muito pelo contrário. Tenho saudades, mas foi fundamental dar esse tempo para saber do que eu queria falar e de que forma.
A liberdade de não ter “amarras” de contrato te deixa mais à vontade para criar? Isso te influenciou a ser produtora de seus próprios projetos? Sim! Ter tido tempo para produzir o que acredito, me deixou pronta para retornar esse caminho extenuante e lindo que é fazer uma novela! Foi muito importante.
Acha que a cobrança em cima da atriz é maior do que em cima dos atores (homens)? Se sim, quando sente isso? Não. Ator é ator, independente do gênero.
Hoje em dia, com a exposição de casos de assédio na TV e cinema, ficou mais difícil ou mais fácil as relações de trabalho? Acho bonito todo esse redescobrimento do feminismo. Parece que uma geração inteira, literalmente, o redescobre agora. Eu sempre fui fã de Betty Friedan. Mas deve se ter cuidados com radicalismos, porque aí, ao contrário do que se espera, gera-se retrocesso; na minha opinião.
Você parece ser do tipo bem mãezona. Onde você acha que acerta em cheio como mãe e quando acha que passa do limite? Acho que toda mãe, ao parir, sente de cara, amor e culpa (risos). Gosto de ser mãe e isso é, disparado, meu primeiro ofício! Acho que acerto e acertei quando vejo minhas duas filhas adultas, terem se tornado mulheres bem resolvidas, sem tabus e independentes. Claro que erro e continuarei errando como toda mãe. Agora tenho um pequenino de quase dois anos, o Antonio. Educar um menino está sendo uma novidade, mas estou muito apaixonada pelo processo.
E quando a vez é só sua? O que faz para se agradar? Viajo de imediato! É o que mais gosto de fazer para repor energias e aprender.
O que inveja nos homens? E o que eles precisam aprender com as mulheres? Fazer xixi em pé! (risos). Difícil generalizar.
Você é uma mulher vaidosa? Até que ponto? O suficiente para me cuidar da maneira que gosto. Não abro mão da minha saúde e sou viciada em protetor solar. Também sou à favor de qualquer procedimento que faça bem à autoestima das pessoas. Só não curto exageros!
Para agradar Paloma basta… Um bom vinho e um bom papo.