Muitas pessoas podem estar conhecendo a jornalista e apresentadora Valéria Almeida agora, mas o que muita gente não sabe é que ela já tem uma trajetória brilhante no jornalista de mais de 12 anos. Talento que vem desde muito cedo, aos 17 anos Valéria já tinha noção de sua facilidade em contar histórias. Vinda da periferia de Santos, litoral de São Paulo, Valéria tinha em Glória Maria e Fátima Bernardes referências do que queria para sua vida profissional. Depois de alguns anos trabalhando como assessora de imprensa, produtora de conteúdo e fotojornalista, chegou à Globo pelo Profissão Repórter, onde passou 5 anos, até que veio a oportunidade de fazer parte da equipe de jornalistas do programa Bem Estar. Daí em diante, vieram participações em programas como É de Casa, Mais Você e Encontro. Até que, em julho, foi escolhida para apresentar o Encontro ao lado de Thati Machado, tirando as férias de Patrícia Poeta. E o resto dessa trajetória de sucesso contamos ao longo desta entrevista.
Valéria, como foi seu início no jornalismo? Quando percebeu que essa era sua vocação? Eu decidi ser jornalista ainda na adolescência. Eu morava na periferia de Santos, litoral de São Paulo, e sempre que lia ou assistia coisas sobre o meu bairro, via apenas histórias de violência. Eu conhecia pessoas incríveis, generosas e inspiradoras, mas elas não estavam nas reportagens. O olhar sobre nós deixava a realidade ainda pior. No mesmo período, assistia à TV e via Glória Maria e Fátima Bernardes contando histórias, percorrendo países e ocupando lugares de um jeito que, pra mim, passou a representar meu sonho de liberdade! Eu passei a desejar fazer o mesmo e poder contar histórias de pessoas como as da minha família e da minha vizinhança. Também queria denunciar as mazelas que tiram das pessoas as chances de terem uma vida com dignidade. Então, com 17 anos estava decidida! Eu seria uma contadora de histórias!
De lá pra cá, trabalhei em assessorias de imprensa, atuei por quatro anos na revista Carta Capital, como produtora de conteúdo e fotojornalista e, há 12 anos, conto histórias pra milhares de pessoas na TV Globo. Desse período, cinco anos e meio (2011-2016), foram dedicados ao Profissão Repórter, que me abriu as portas da TV e me possibilitou percorrer o Brasil, fazendo um trabalho com foco em questões sociais e culturais. De 2016 a 2019, integrei a equipe de jornalistas do Bem Estar, quando era um programa. Na sequência, migrei para o núcleo de entretenimento e, desde então, passei a fazer reportagens para os programas É de Casa, Mais Você e Encontro. Foi em 2020, durante a pandemia, que entrei para o time de apresentadoras do quadro Bem Estar, onde estou até hoje, compartilhando informações para que as pessoas possam ter uma vida com saúde e qualidade. Hoje, com quarenta anos de vida e dezoito anos de jornalismo, olho pra traz e só agradeço por ter conseguido enxergar meu propósito ainda tão menina.
Pra você, qual é a sua maior missão como jornalista? E qual o maior desafio hoje? Certamente, meu maior desafio e também minha maior missão é conseguir entrar na casa das pessoas, através da televisão, com uma fala clara e empática, de forma que consiga impactá-las positivamente, seja fazendo-as refletir sobre o que podem fazer para transformar nossa sociedade em um lugar cada vez melhor para todos ou, simplesmente, levando leveza e alegria para o seu dia! Como trabalho em uma TV aberta, preciso conseguir tocar pessoas que podem ter o mais alto nível de escolaridade e pessoas que nunca tiveram acesso à educação. Conseguir fazer com que todos me entendam é o meu dever… Dever que eu me dei!
Alguma referência no jornalismo? Alguma influência na carreira? Glória Maria, Fátima Bernardes, Caco Barcellos e Maria Júlia Coutinho são jornalistas que me inspiram. Cada um, a seu modo, me ensina muito sobre humanidade e respeito na abordagem. Sem contar que amo a forma que transitam entre assuntos bem diversos, mantendo essência, personalidade e credibilidade. Gosto desse jeito que faz parecer que tudo é simples, como uma conversa no sofá de casa.
Hoje em dia você apresenta o Bem Estar. Como se preparou e como é lidar com o bem-estar na sua vida? Como eu já compunha a equipe de reportagem do Bem Estar, a preparação para apresentá-lo foi mais focada na técnica do que no conteúdo, que já era algo comum pra mim. Agora, a dinâmica de gravação na rua é muito diferente da transmissão ao vivo feita de estúdio e a adaptação foi muito estimulante! Teve frio na barriga, dedicação e a confirmação de um grande amor! Se existia alguma dúvida de que eu queria ser apresentadora, depois de colocar os pés no estúdio, não sobrou nenhuma! Na apresentação, sinto que consigo unir o prazer de me conectar com quem está assistindo e colocar em prática minha habilidade de entrevistar quem está ao meu lado. Esse é um combo que me realiza!
Ao mesmo tempo em que você se informa e dá notícias sobre bem-estar, automaticamente você pode trazer uma coisa ou outra para sua vida. Se isso aconteceu pode citar algum caso? O tempo inteiro estou aprendendo muito. Cada entrevistado, de alguma forma, transforma algo em mim. No Bem Estar, converso com profissionais de saúde e pessoas que estão enfrentando alguma doença ou compartilhando uma história de superação. Costumo dizer que eles sempre me ensinam mais do que consigo compartilhar no tempo da programação. Então, de alguma forma, eu sou impactada seja física ou emocionalmente. De um jeito ou de outro, sinto que minha vida sempre fica melhor.
Apresentar um quadro como esse, pede uma postura sua diferente no dia a dia? Não sinto que meu trabalho exija uma mudança de postura no meu cotidiano, porque minhas escolhas profissionais e pessoais são muito coerentes e alinhadas com meus propósitos de vida. Eu escolho diariamente fazer o que faço, escolho estar cercada de pessoas que acreditam e batalham por uma vida melhor pra todos… Acho que isso deixa a vida mais fácil, porque não me exige uma mudança em quem eu sou.
Como é sua rotina de cuidados com corpo e mente? Como mantém seu bem-estar? Para manter o corpo e a mente em ordem, equilibrados, cuido da minha alimentação, escolho comidas mais naturais, mas não deixo de comer nada. Eu amo um docinho e uma pizza! Só não faço deles minha refeição diária. Também prático atividade física cinco vezes por semana, entre musculação e pilates, e não abro mão da terapia. Já são nove anos com consultas semanais e prometi nunca dar alta pra minha psicóloga (risos). Essa é minha forma de me manter equilibrada, conectada com meus propósitos e com os pés bem fincados no chão. E, sempre que posso, viajo com minha família, de preferência para onde tenha sol e mar.
Como lida com o espelho? É muito vaidosa? Hoje eu tenho uma boa relação com o espelho. Olho pra mim e me considero uma mulher bonita, mas pra lidar bem com minha imagem foi um longo processo. Passei a infância e a adolescência sendo considerada uma pessoa fora dos padrões de beleza e sendo bastante ofendida por conta do cabelo crespo. Não queria ser o alvo da chacota e, mesmo amando meu cabelo crespo, passei a alisá-lo para não ser notada. Foram anos passando química e prendendo o máximo que podia. Pra conseguir assumir uma imagem que representa de verdade quem sou, precisei me fortalecer emocionalmente, me cercar de pessoas que se orgulham da história carregada em cada fio de cabelo crespo, para conseguir olhar para o mundo sem baixar a cabeça, nem tentar me adaptar pra ser aceita. Acho que minha postura altiva e orgulhosa me tornou em uma mulher bonita. O resto é hidratante para pele, cremes para o rosto e para o cabelo crespo, bastante água para hidratar e protetor solar!!!
Trabalhar num programa como esse, com esses temas mais leves, lhe deixam mais distante de temas mais pesados, como polarização política, preconceito racial e de gênero e violência contra a mulher. Sente falta de debater esses assuntos na TV ou já passou por eles em outros projetos na sua carreira? Hoje, trabalho em programas de variedades que unem informação, prestação de serviço e entretenimento. Então, sigo apresentando notícias que estimulam a reflexão sobre racismo, violência contra mulher, acesso à saúde e à educação, assim como falo de festas populares, novela e música. Essa mistura é algo que me cativa, porque me estimula a aprender mais e encontrar o caminho de transitar entre tudo isso sem perder minha essência e minha forma de comunicar. Considero essa possibilidade um privilégio! Certamente, por tudo que sou e represento, nunca vou abrir mão das discussões sociais. Gosto tanto desses debates que me especializei em Direitos Humanos e Reponsabilidade Social. E, além de falar na TV, faço palestras com essas temáticas. Mas, dando um passo a mais, também quero contribuir para a formação de um imaginário em que pessoas como eu celebram a vida e têm o direito a ser feliz!
E falando neles, o que lhe chama mais atenção nisso tudo? O que lhe toca mais como mulher e jornalista? Eu me realizo olhando para tudo de forma integrada. Não quero mais fazer escolhas de forma fragmentada, como se fosse uma coisa ou outra. Entendo que minha realização está no fato de ser ampla, diversa e de me permitir viver com todas as minhas camadas. Carrego toda a bagagem social e cultural de quem nasceu negra e cresceu numa periferia, criada por avós que pouco tiveram acesso à educação, mas também carrego tudo que aprendi viajando pelo Brasil e pelo mundo, a trabalho e a passeio. Tudo isso me compõe e está em tudo que falo e faço, como mulher e como jornalista, falando de problemas sociais ou de cultura.
Onde recarrega as baterias depois de um dia puxado de trabalho? Com certeza, no meu lar. A minha casa é meu abrigo e minha família é meu ponto de equilíbrio, minha fortaleza. Então, se o dia foi lindo, quero voltar para casa para compartilhar e celebrar. Se o dia foi pesado, se os temas que abordei me abalaram de alguma forma, mexeram comigo, quero voltar para minha casa para encontrar meu marido e meu enteado, como uma boa canceriana!
Soubemos recentemente que você vai substituir Patrícia Poeta ao lado de Tati Machado na apresentação do encontro. Como anda a ansiedade com esse novo desafio? Como está encarando? O Encontro é um programa bem-sucedido há 11 anos, comandado por profissionais com trajetórias reconhecidíssimas! Então, ser chamada para comandá-lo, durante as férias da Patrícia Poeta, junto com a Tati Machado, é uma conquista que coroa meus 18 anos como jornalista e meus 12 anos de TV Globo! Sem contar que é uma linda forma de celebrar meus 40 anos de vida! Olho para esse convite como uma oportunidade de escrever mais uma página bonita nessa longa história de troca e confiança. E estar nessa jornada ao lado da Tati é uma honra! Tenho certeza de que essa será uma missão cumprida com êxito e alegria!
Para conquistar a Valéria, basta… Ser o tipo de gente que gosta de gente!!! Respeito e empatia ganham meu coração!
Fotos Thaís Monteiro @tmonteiroph
Make Titto Vidal – @tittovidal
Cabelo Leia Abadia – @leia_abadia
Valéria veste Vestido Verde – Apartamento 03, vestido preto com franja – PatBo, jóias – Swarovski
Assessoria de imprensa @Marromglaceassessoria
Agradecimentos Hotel Grand Hyatt Rio – Barra da Tijuca @grandhyatt_rio