Falar de consciência negra, racismo e a força da voz feminina, lembramos logo de quatro mulheres icônicas e suas respectivas obras. No caso estamos falando de Djamila Ribeiro, Luana Génot, Rachel Maia e a escritora inglesa Faridah Àbíké-Íyímídé. Mulheres que sabem bem o quanto a representatividade é importante no cenário atual para se combater esse tal racismo estrutural. Mas para seguirmos em frente, que tal um pouco de história?
O QUE É CONSCIÊNCIA NEGRA?
Consciência negra é o sentimento que os negros apresentam relativamente a sua história e a sua herança cultura, o que encoraja a luta negra contra a discriminação. Por esse motivo, o objetivo do Dia da Consciência Negra é fazer uma reflexão sobre a importância do povo e da cultura africana no Brasil. Também serve para analisarmos o impacto que os negros tiveram no desenvolvimento da identidade cultural brasileira, o que podemos constatar na música, na política, na religião, na gastronomia e entre várias outras áreas profundamente influenciadas pela cultura negra.
HISTÓRIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA
No período do Brasil colonial, Zumbi simbolizou a luta do negro contra a escravidão que sofriam os africanos. Zumbi morreu enquanto defendia a sua comunidade e lutava pelos direitos do seu povo. O Quilombo dos Palmares, localizado no estado de Alagoas, liderado por Zumbi, formava a resistência ao sistema escravocrata que vigorava. Ali os negros escravizados recuperavam sua liberdade, preservavam a cultura africana na colônia e viviam do plantio e do comércio realizado com cidades próximas. O assassinato de Zumbi o transformou num mito entre os africanos escravizados e sua história foi passando de geração em geração. Zumbi lutou até a morte contra a escravidão, que só terminaria em 13 de maio de 1888, com a abolição oficial da escravatura no Brasil, cerca de 193 anos após sua morte.
Já o Dia da Consciência Negra foi estabelecido pelo projeto Lei nº 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003. No entanto, apenas em 2011 a presidente Dilma Roussef sancionou a Lei 12.519/2011 que cria a data, sem obrigatoriedade de feriado. No entanto, atualmente, o Dia Nacional da Consciência Negra é considerado feriado em mais de mil municípios.
QUATRO LIVROS IMPERDÍVEIS E ATUAIS
PEQUENO MANUAL ANTI RACISMO – DJAMILA RIBEIRO
Premiada com o Jabuti 2020 na categoria Ciências humanas, a filósofa e ativista Djamila Ribeiro trata de temas como atualidade do racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos. Em onze capítulos curtos e contundentes, a autora apresenta caminhos de reflexão para aqueles que queiram aprofundar sua percepção sobre discriminações racistas estruturais e assumir a responsabilidade pela transformação do estado das coisas.
Já há muitos anos se solidifica a percepção de que o racismo está arraigado em nossa sociedade, criando desigualdades e abismos sociais: trata-se de um sistema de opressão que nega direitos, e não um simples ato de vontade de um sujeito. Reconhecer as raízes e o impacto do racismo pode ser paralisante. Afinal, como enfrentar um monstro desse tamanho? Djamila Ribeiro argumenta que a prática antirracista é urgente e se dá nas atitudes mais cotidianas. E mais ainda: é uma luta de todas e todos.
ÁS DE ESPADAS – FARIDAH ÀBÍKÉ-ÍYÍMÍDÉ
A escritora inglesa Faridah Àbíké-Íyímídé estreou na literatura young adult com “Ás de Espadas” e conquistou a lista dos best-sellers do New York Times. Faridah Àbíké-Íyímídé O thriller publicado no Brasil pela VR Editora, selo Plataforma21, traz à tona temas sobre o racismo estrutural, preconceito de classe e homofobia. É uma história com protagonismo negro e LGBTQIA+: Devon e Chiamaka são personagens queer.
A cada capítulo, as vozes narrativas são intercaladas para que o leitor possa acompanhar a história sob o ponto de vista de Devon e de Chiamaka. Eles são alunos da Academia Particular Niveus, selecionados como parte da alta hierarquia escolar. Pouco tempo depois da importante nomeação, alguém chamado Ases começa a enviar mensagens para todos os alunos da escola e revelar segredos dos dois jovens. O que parecia apenas uma brincadeira de mau gosto rapidamente transforma-se em um jogo perigoso e assustador. Com todas as cartas contra eles, os protagonistas serão capazes de parar Ases? Não à toa, a obra tem sido descrita mundialmente como uma mistura de Gossip Girl com Corra!, dois sucessos mundiais, por misturar a tradicional fofoca escolar com a temática racista e o suspense.
MAIS FORTE – ENTRE LUTAS E CONQUISTAS – LUANA GÉNOT
Lançado agora em novembro, a publicação que sai pela Editora Objetiva aborda as vivências e opiniões de Luana Génot sobre os mais variados temas como autoestima, beleza, ancestralidade, maternidade, empreendedorismo, tendo como fio condutor a palavra “forte”, usada por muito tempo para definir o que mulheres negras deveriam ser. Em seu segundo livro, Luana faz um convite aos leitores para um olhar em perspectiva sobre como as vivências ao longo da vida te fortalecem. E, para expressar a essência das histórias e deste convite à introspecção e autoconhecimento, foi convidado o ilustrador e designer gráfico Thiago Limón para criar a capa do projeto que criou uma versão uma versão estilizada de Luana Génot em frente a palavras que fazem parte do conteúdo editorial como “sonhos”, “modelo de negócios”, “propósito” e “antirracismo”. Na orelha do livro, a autora foi fotografada pelo renomado retratista carioca Jorge Bispo. Thiago é um artista conhecido, já teve ilustrações exibidas no documentário Amarelo – É Tudo Pra Ontem, do cantor Emicida e ações com a Biblioteca Mario de Andrade.
MEU CAMINHO ATÉ A CADEIRA NÚMERO 1 – RACHEL MAIA
Eleita pela revista “Forbes” como uma das 40 mulheres mais poderosas do Brasil, por muito tempo sentiu receio de publicar sua história. Com uma trajetória profissional de 28 anos, atuou como CEO e conselheira em companhias como Tiffany & Co, Novartis, Pandora e Lacoste. A empresária ingressou em um restrito grupo de 0,4% de executivas negras nas maiores organizações do país, segundo pesquisa do Instituto Ethos, realizada em 2015. Em “Em Meu caminho até a cadeira número 1” Rachel Maia conta sua trajetória até ser considerada uma das executivas de maior prestígio do país e como que conquistar um cargo de diretoria é algo distante para a maioria da população. Sendo ainda mais difícil quando se é mulher, negra e periférica. Caçula em uma família de sete irmãos, Rachel Maia estudou a vida toda em escola pública e dividia um quarto da casa com todas as irmãs. “Meu pai me ensinou que os estudos e a preparação são fundamentais. Minha mãe me mostrou que a coragem e a sensibilidade me levariam longe.” “Em Meu caminho até a cadeira número 1”, a respeitada executiva conta como construiu uma bem-sucedida carreira em importantes empresas globais, como Tiffany & Co., Pandora e Lacoste. Além de compartilhar com os leitores sua trajetória de vida, formação e convicções sobre o mercado de trabalho, diversidade e autoconfiança.