Mais do que apenas um cuidado estético, o bem-estar físico e mental devem estar em sintonia. O conceito de beleza é algo que vem de dentro e fora da dermatologia. Um estilo de vida saudável é o primeiro passo para um envelhecimento natural e harmônico. Recursos e tratamentos estéticos devem vir para ajudar nesse processo natural da vida. É o que pensa e como atua na Dermatologia a Dra. Juliana Neiva, nascida no Rio de Janeiro e criadora do conceito Beleza Integrada, em que é precursora na visão do paciente na dermatologia como um todo, incluindo momentos de lazer como a dança, trabalhando o bem-estar geral e contribuindo para um aspecto leve e naturalmente belo de se passar pelo tempo.
Dra Juliana, o que a fez se apaixonar pela dermatologia? Conta para a gente um pouco de sua trajetória como médica, empreendedora e como a beleza está conectada em seu a dia. Minha paixão pela dermatologia aconteceu durante a faculdade de medicina. Sempre fui entusiasta do bem-estar, da boa saúde e do envelhecimento saudável. Mesmo quando eu estava no início da faculdade, fiz todos os cursos referentes a gastroenterologia, endocrinologia e até mesmo medicina ortomolecular (em uma época em que essa área ainda não era tão divulgada) porque sempre me interessei por como cuidar da saúde para a promoção do envelhecimento saudável. Quando li uma matéria sobre uma nova área da dermatologia chamada cosmiatria, que cuidava mais da parte estética dentro da dermatologia, eu fui buscar o autor. Ele era um professor universitário pioneiro na área e que tinha um serviço público voltado à cosmiatria como peelings e procedimentos que ainda estavam começando a cair nas graças dos dermatologistas, para quem pedi uma oportunidade e no meu quarto ano da faculdade, tornei-me estagiária nesse setor. Eu estava em meio a dermatologistas formados como a única estudante de medicina do grupo. Ao final de meu curso de medicina, eu já tinha uma grande experiência na área, além de ter me tornado monitora do grupo.
Eu sempre quis cuidar do todo, a pele como o maior órgão do corpo, mas também como um órgão de interface entre os meios externo e interno, que lida não só com o que temos de genética e idade cronológica, que se referem ao nosso envelhecimento biológico, mas também de como nos relacionamos com o meio externo que reflete também no envelhecimento de nossa pele. Resumidamente, entender os hábitos de vida impactando nesse conjunto virtuoso que é a promoção de bem-estar, saúde e beleza. Anos depois dessa ideia, também surgiu meu conceito de beleza integrada. Considero que minha primeira formação em clínica geral me trouxe embasamento para tratar o paciente na dermatologia como um todo. Minha especialização em dermatologia foi feita dentro do Hospital Universitário Federal UNIRIO, que é de referência na área.
Priorizei muito em minha formação médica os pilares de uma boa medicina. Nunca queimei etapas, mesmo querendo praticar a dermatologia cosmiátrica, voltada para a estética, fiz clínica geral, dermatologia geral, sempre busquei a medicina em sua essência. Tenho muito orgulho da minha formação sólida, calçada em estudo, dedicação, resiliência. Acredito serem essas as características que levam o médico a ter uma carreira longeva.
Ao longo de minha carreira, sempre estive em veículos de comunicação passando a mensagem da beleza para o público geral. Fui convidada para participar de programas de televisão, entre eles o programa Superbonita, da GNT, em que virei consultora fixa. Fiz programas de rádio ao vivo por mais de dez anos e, atualmente, estou na Rádio Rio de Janeiro com um quadro semanal de dicas de beleza.
Da experiência com comunicação também surgiu meu livro Guia Prático da Beleza por dentro e por fora, em que trago as principais queixas dermatológicas em consultório, ressaltando a importância do cuidado por dentro como o bem-estar, meditação, autoestima. A dermatologia também me permitiu conhecer técnicas do mundo todo, como a dermatologia asiática e também a cuidar de atletas de alta performance como Neymar, Gabigol e que ensinaram muito em como podemos customizar os tratamentos adequando sempre aos estilos de vida de cada um, mesmo que seja um estilo de vida a que não estamos acostumados em consultório.
Como você entende a beleza de uma forma geral? Onde acredita que pode ser encontrada? (É um estado de espírito, uma autoaceitação, um equilíbrio entre quem somos e o que podemos fazer por meio da estética?) Uso minhas redes sociais como um canal para mostrar que a beleza integrada, um conceito que desenvolvi, pode ser encontrada em vários sentidos. A beleza não é só como a pele se apresenta, o belo pode ser visto através de uma bela obra de arte, uma casa bonita em que você se sinta confortável. Pode-se enxergar o belo através da natureza, que eu gosto e incentivo muito meus pacientes a ter esse contato com a natureza. O belo pode estar na roupa que você veste.
A composição da beleza não precisa estar segmentada, ela pode transitar de diversas formas, inclusive a forma mais pura da beleza que é, em minha opinião, a autoestima, em que você se enxerga como um ser belo e não só como uma peça que faz parte de uma sociedade e que, infelizmente, coloca uma só caixa como sendo a correta. Como médica, mulher e influenciadora, mostro tanto para meus pacientes quanto para aqueles que me seguem, que nós podemos ser plurais e que é possível ter uma vida em que as coisas podem se encaixar (entre rotina e cuidados). Busco mostrar que o gerenciamento de tempo, embora seja um desafio, deve ser encontrado e vir de dentro para fora, precisamos encontrar tempo também para nosso autocuidado.
Sobre seu conceito de Beleza Integrada, o que é? Que áreas podemos agregar aos tratamentos dermatológicos para potencializar seus efeitos? Como o bem-estar e a saúde podem influenciar na beleza da pele? Na prática da dermatologia integrativa, temos pilares de saúde como a física e mental associadas aos cuidados com a pele e tecnologia, que compõem nosso conceito skin-detox-concept. Essa tríade de cuidados, prioriza o indivíduo como um todo, entendendo que ele precisa ter orientação para que cuide de seu estilo de vida.
Pessoalmente, sabemos que a dança é sua forma de atividade física preferida e também algo que lhe proporciona bem-estar. Como começou esse amor? E como pode ser usado em seu dia a dia como médica? É um exemplo/ incentivo para seus pacientes? No meu caso, pessoalmente, a dança está presente em minha vida desde a infância, entre idas e vindas na prática. Na pandemia foi um hábito meu que se destacou e acredito que devemos ter sempre algo que nos faça bem dentro da prática da atividade física. Sabemos da importância da prática de atividades físicas e seus benefícios como a diminuição da incidência de doenças crônicas, além de liberarem hormônios de bem-estar, um ótimo contraponto do estresse. Vale destacar que o estresse oxidativo é um dos maiores vilões não só do envelhecimento precoce, mas também para doenças degenerativas e de caráter inflamatório. Portanto, cuidar do estresse é parte importante da saúde integrativa. Com a dança acabei viralizando nas redes sociais e achei muito bacana poder mostrar que, no nosso dia a dia, podemos incluir uma atividade física que nos faça feliz e nos ajude.
Percebemos que a busca pelo belo é crescente pela população e isso inclui a procura por tratamentos estéticos. Há um equilíbrio entre a clínica e a estética? Qual a sua recomendação? Os tratamentos estéticos vêm pontuar o setor da dermatologia que se chama cosmiatria. Entretanto, o que eu vejo no momento, infelizmente, é uma banalização enorme desses tratamentos com uma padronização que tem incomodado muito, como a banalização de harmonização facial, em que todo mundo fica com o rosto parecido. Eu sou contra esse tipo de conduta, acredito sim que a dermatologia é uma área hi-tech, que conta com diversos procedimentos, muitos estudos envolvidos e que trazem muitas possibilidades bacanas de cuidados que podem ser usados a favor do paciente. Mas, em minha opinião, os tratamentos precisam ser individualizados de acordo com a idade, estilo de vida e, claro, a própria vontade do paciente. Acredito que não podemos colocar o envelhecimento como uma doença – é um processo natural, não existem métodos para transformar um rosto de 60 em um de 30, por exemplo. O tratamento está em como usar as melhores ferramentas para que o paciente envelheça com mais qualidade, saúde, autoestima, longevidade e se reconhecendo mais. O bacana da medicina integrada está em possibilitar esse tipo de cuidado integrativo, não só visando a pele, mas entendendo que também envelhecemos pelos músculos, ossos… sempre incentivo o cuidado mais amplo.
Percebemos também uma crescente procura dos homens por tratamentos estéticos. Você sente diferença entre as demandas e os motivos que os fazem procurar atendimento? Há alguns anos os homens vinham ao consultório sempre acompanhados por suas mulheres, ou filhas, raramente vinham sozinhos. Hoje, mais de 30% de meus pacientes são homens, que vem espontaneamente ao consultório em busca de cuidados. A pele do homem tem algumas características anatômicas diferentes da de mulheres. Em geral, homens costumam ter a pele mais oleosa, quando têm acne, ela tende a ser mais intensa e a queda de cabelo costuma ser mais precoce. Além disso, homens costumam procurar cuidados mais tardiamente, aqui entendemos que homens buscam cuidados mais objetivos, com menos steps, menos desconforto. E, claro, sempre adequamos os tratamentos ao estilo de vida de cada paciente, do executivo ao atleta de alta performance.
Qual o tratamento de maior procura pelos homens? E quais as novidades na área? Homens procuram muito por tratamentos capilares e cuidados para cicatrizes de acne, mas o que tenho percebido é que tem aumentado a busca por cuidados preventivos como papada, olheira, inclusive da saúde muscular. A dermatologia é uma área que está em constante movimento, com tecnologias sempre surgindo. Podemos citar entre as novidades tratamentos de rejuvenescimento como a plataforma Fotona, ultrassom micro e macro focado para combate à flacidez, o CMSlim, um campo eletromagnético voltado para definição e força muscular, entre outras. Para queda de cabelo, podemos fazer a infusão de medicamentos e vitaminas através de jato pneumático, sem dor e sem sangue. Mais bacana ainda, é a possibilidade de combinação de tratamentos.
O que você indica para quem busca envelhecer bem e agregar qualidade de vida à sua rotina? (Tratamentos, atividades…) Existem dois tipos de envelhecimento. O envelhecimento interno, que tem a ver com a idade e a genética e o envelhecimento externo, que está associado aos hábitos de vida. Desse – envelhecimento externo, 90% vêm do sol que tomamos ao longo da vida. Então, a dica para quem quer evitar envelhecer, é o uso do filtro solar desde cedo. Privação de sono, sobrepeso, sedentarismo, bebida alcoólica em excesso, tabagismo, insônia são fatores que também aceleram o envelhecimento. O estresse oxidativo, também muito presente na vida moderna, a poluição, doenças inflamatórias como a COVID, podem fazer com que o processo de envelhecimento seja acelerado. Não envelhecemos só pela pele, a estrutura óssea perde sua densidade, músculos vão ficando mais frouxos, com menos ancoragem. A gordura facial, por exemplo, vai mudando de local, levando o rosto a um aspecto de derretimento, com o surgimento de bigode chinês, rugas de expressão, manchas. O cabelo, com os anos, tende a afinar, com diminuição de volume. Por ser um processo complexo, acredito muito no tratamento do envelhecimento como um todo e de forma preventiva, deve-se entender a fisiologia como um todo para não tratarmos apenas uma parte do problema, mas sim o processo como um todo. Há queixas que podem ser resolvidas até com alteração de estilo de vida.
Você se considera uma pessoa vaidosa? Qual a importância da beleza em sua vida? Sou vaidosa sim, mas fujo sempre dos exageros.
Como costumam ser os seus cuidados com a beleza? Entre rotina diária e tratamentos em consultório? Do que não abre mão? Tenho skincare de manhã e de noite com rotinas muito objetivas. Não sou uma dermatologista de muitos passos, mas tenho um plano de tratamento anual que realizo com as tecnologias da minha clínica. Eu costumo separar meu tratamento em dois semestres para acompanhar melhor e, se percebo que preciso antecipar algum cuidado, vou customizando. Afinal, a vida é dinâmica e nossos tratamentos têm que seguir o mesmo fluxo. Busco usar sempre as ferramentas dos meus estudos e técnicas com embasamento e, claro, contextualizados em meu conceito da dermatologia integrativa. Atualmente pratico atividade física como musculação e dança, faço check-ups regulares e cuido da minha alimentação.
Falando em futuro, o que vem por aí? Quais os planos a curto e médio prazo? Sempre fui uma self made woman. Minha construção de careira foi calcada em meu sucesso também no empreendedorismo. Hoje a Clínica Juliana Neiva é uma marca de respeito nacional que conta com três clínicas nos mais importantes centros do Rio de Janeiro e agora também estou em São Paulo, como dermatologista chefe da Facelines. A Clínica é fruto da inquietude de uma mulher que buscou se realizar não só na esfera da medicina, mas também como empreendedora e mãe. Gosto de me colocar como exemplo de uma pessoa plural, inquieta.
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