Kevin Brauer, ou melhor, dizendo, Sevenn se descobriu DJ meio que ao acaso. Pra falar a verdade ele nem curtia muito música eletrônica. Até que por obra do destino ele e o irmão resolveram mergulhar de cabeça nesse projeto e deu super certo. De início vieram milhões de streams e parcerias com referências deste universo como Tiesto e Alok, na sequência apresentações em grandes festivais como Tomorrowland e Lollapalozza. O prazer de tocar para o público e fazer o que ama tem levado Kevin, ou melhor, Sevenn longe. “Eu dou tudo de mim, sempre, se estou tocando pra 50 pessoas ou 50,000. Não importa. Toco cada show como se fosse o último”, comentou ele ao longo dessa entrevista para a MENSCH direto do Deserto da Califórnia onde foram feitas as fotos que ilustram essa matéria. Seja ao ritmo do Hybrid Techno ou não, o que sabemos é que “MY BODY IS READY”, como declarou Sevenn.
Kevin, como surgiu o Sevenn? Meio por acaso, na verdade. Eu estava tocando meus projetos musicais numa linha bem diferente, que eu chamava de Disney Metal. Fazia soundtracks e músicas de rock também, mas eu não conhecia nada de música eletrônica. O pouco que tinha escutado eu achava chata, e não dava menor bola. Meu irmão, o Sean, já estava mais por dentro e frequentava raves e festivais, como participante e como DJ. Também já estava fazendo produção fantasma pra outros artistas. Depois que nosso pai faleceu, meio que deu aquele choque, e percebemos que era a hora de agir, de ir com tudo e lançar um projeto mais sério. Sean me convidou pra formar uma dupla, me perguntando se eu queria viajar o mundo e virar um DJ de música eletrônica. Não pensei duas vezes. Depois vieram nos perguntar como nós nos chamávamos, e ficamos pensando um pouco: Sean e Kevin, Sean e Kevin: pronto, Sevenn.
De cara seu primeiro lançamento, “Color of the Rainbow”, virou um sucesso com milhões de streams. Esperava por tudo isso? Como isso te impactou? Nunca. Foi surreal. Fizemos aquela música em um dia de bobeira. Nossa irmã, a Kathy, tava por perto então chamamos ela pro estúdio, escrevemos umas letras, gravamos e lançamos. De repente tinha amigos na Grécia, na Alemanha, nos Estados Unidos falando que escutaram tocando numa festa ou no rádio. Era o impulso inicial que chamou atenção à nossa produção e abriu muitos caminhos.
Até chegar a isso, como foi sua trajetória? Como foi o início e que desafios enfrentou? O início é sempre duro. Tem que ter muita fé e persistência, e isso depois de anos aprendendo a tocar, a cantar, a produzir, mexendo no estúdio e pegando dicas no YouTube. Eu entendi que não ia conseguir continuar trabalhando como professor de inglês, então larguei meu emprego, peguei algumas roupas emprestadas, e de repente estávamos no nosso primeiro show, na Tomorrowland. Não existe isso – foi um sonho que se materializou e continua se manifestando. É muita gratidão que eu sinto por esse privilégio de fazer o que eu mais amo. Os desafios são muitos, principalmente no lado do negócio. São muitos investimentos em equipamento, equipe, logística, marketing até começar ver os resultados. Tudo que agente ganhava era jogado de volta no negócio pra poder crescer. E não me pergunte quantas vezes saí do avião deixando passaporte ou laptop atrás… os perrengues da vida de nômade.
Na sequência vieram colaborações com DJs como Alok e Tiesto. Já era fã deles? Como esse tipo de colaboração começa? E como chegam ao resultado final da música? Tiesto sim, claro! Era um ídolo, não só por conta dos sucessos, mas também por esse histórico dele abrigar artistas mais novos e compartilhar seu holofote, como fez por Avicii. É uma atitude tão bacana. Hoje em dia, com e-mail e WhatsApp, a gente acaba trabalhando as vezes com artistas que nem conhecemos pessoalmente. Um vai encaminhando pro outro uma ideia ou demo, outro pega o projeto e vai acrescentando e mexendo, e assim vai. Com Jonas Blue e Blasterjaxx, por exemplo, nós se conhecemos por acaso e trocamos telefones, aí ao longo dos meses as tracks foram tomando forma até chegar num ponto que ficamos satisfeitos!
Como foi que a música entrou na sua vida? E quando se descobriu DJ? Música era muito forte na comunidade onde fomos criados, então desde novo eu participava em bandas e corais. Tinha também um estúdio de gravação profissional, que aí foi que eu comecei a aprender o lado mais técnico de produção com os programas que estavam ficando mais acessíveis. A parte de DJ mesmo, de mexer com CDJ, aprendi ao vivo, em tempo real, com Sean me ensinando aos poucos. É engraçado, mas é verdade. Eu não sabia mexer no início…
Você já participou de grandes festivais como o Ultra Music Festival (em Miami). Como escolhe o que vai tocar em eventos como este? Eu preparo um playlist específico antes de cada evento ou festival, que é super bem pensado pra aquele local, o horário que eu vou tocar, o tipo de público. Depende do line-up também, como vai ser o set dos outros artistas. Tem que se diferenciar sem fugir muito da tema e mood da noite. Então tudo é muito bem planejado com antecedência. Aí chego na hora e me viro, porque não tem como prever tudo. São muitos fatores. O principal pra mim é garantir uma festa boa. A pessoa tirou dinheiro do bolso e se deslocou pra te ver, aí a meta é sempre entregar um show que supera expectativas. Eu dou tudo de mim, sempre, se estou tocando pra 50 pessoas ou 50,000. Não importa. Toco cada show como se fosse o último.
Ano passado você lançou seu primeiro EP com quatro faixas no estilo Hybrid Techno. Como definiria isso? Hybrid techno é um junção, uma mistura de todas os elementos incríveis que vivenciei da cena underground em Ibiza, Turquia, Estados Unidos e México. Acredito piamente que é o som do futuro, e muitos colegas confirmaram que essa é a direção mesmo. Ainda vai sair muitos tracks nessa linha nova!
Com o fim do isolamento social você voltou a se apresentar e este ano já participou do Tomorrowland, Lollapalooza e Creamfields. Como foi voltar a tocar para o público depois de 2 anos? Eu já não aguentava ficar mais em casa. De um dia pro outro minha vida mudou completamente. O lado bom é que aproveitei esse tempo de isolação justamente pra desenvolver esse novo som de Hybrid Techno. Agora que estou de volta na estrada, consigo colocar os toques finais nessas músicas e já ir lançando. Produzir música é legal. Gosto mesmo de gastar dias e noites num estado hiper cafeinado trabalhando que nem gremlin. Mas não tem nada como subir no palco e compartilhar uma noite com uma plateia. É uma conexão tão forte que eu sinto com cada pessoa. É realmente uma honra.
O que ainda vem por esse ano? Explosão. (risos) Só vou dizer que agosto vem aí!!! (Dedos bem cruzados…) Ah, e dia 1 de julho sai meu collab com Ilkay Sencan, chamado “Blind Side”, com vocal do Patrik Jean. Vai ser lançado pela Spinnin’. Esse ano já foi super legal em termos de colaborações, com Jonas Blue e Blasterjaxx. Agora vem essa com Ilkay, que é um artista que eu respeito muito e sempre quis trabalhar com ele. Já alcançamos alguns recordes aqui do projeto Sevenn nos últimos meses, mas só está começando. Nossa parceria com WME (William Morris) também tá ganhado força, então tem muita coisa boa vindo por aí. Como costumamos falar em inglês: MY BODY IS READY.
E como foi posar para essas fotos no Deserto da Califórnia? Nesse caso eu fui visitar dois outros irmãos que são soldados no exército americano, estacionados na Fort Irwin, e resolvi aproveitar pra fazer um ensaio e gravar uma música. Os desertos aqui da California e Arizona são lugares muito especiais pra mim, bem místicos e considerados sagrados. É um silêncio e atmosfera tão diferente do meu dia a dia de correria e viagens. Dá um reset legal na cabeça. Sempre volto com muita inspiração pra criar sons novos e letras que buscam remeter o que eu consegui absorver nesses espaços.
O que mais toca na sua playlist? Na minha playlist pessoal? Nunca canso de Bjork <3 Ultimamente tenho escutado Polo & Pan, Cannibal Corpse (sim!) e Tale of Us. Nas playlists das festas, eu sempre busco equilíbrio entre tocar músicas do Sevenn, músicas novas, clássicos e muitas músicas não lançadas ou menos conhecidas. DJ tem que trazer suas descobertas e novidades, mas também as vezes às pessoas querem simplesmente dançar e cantar juntos uma música que já traz memórias legais.
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