MÚSICA: Show Paul McCartney, eu fui!

A língua portuguesa é uma das mais ricas do mundo, contudo e ainda assim, não há palavras que possam descrever tudo o que foi o show de Paul McCartney no dia 21 em São Paulo.

Até para quem não é fã seria emocionante.
Além de toda a história que carrega este “senhor” de 68 anos, a sua alegria, vitalidade e energia em cima do palco é contagiante e eletrizante. Os portões abriram às 17h30, tinha gente acampado desde a quinta-feira, a fila dava voltas em todo o Morumbi s-e-m  e-x-a-g-e-r-o mas as pessoas não pareciam se importar, afinal aquilo tudo não era sacrifício era só um warm up para o show que viria logo depois.
O público era de várias partes do país e a julgar pelas bandeiras, alguns vizinhos latinos também estavam presentes juntando-se ao coro que gritava “Paul, Paul, Paul” sempre que o astro terminava uma canção ou fazia algum comentário em um português  arranhado.

Aliás, prova de gentileza digna de um “sir” tentar se comunicar na língua do público. Há quem fique falando porque ele estava lendo, mas há tantos que falam nossa língua e fazem show sem o mínimo de interação, como quem está só mesmo cumprindo contrato. Paul não, Paul arriscou gírias e rebolados para mostrar que respeitava aquelas 64 mil pessoas que o aplaudiam, riam, gritavam e choravam emocionadamente por estarem ali, diante de um sonho que se realizava numa super produção de tirar o fôlego.

Me perdoem (assim mesmo com o pronome oblíquo na frente) os confetes mas não tenho a menor pretensão de aqui, neste espaço, fazer um relato frio e imparcial de um momento mágico. Minha pretensão é de tentar passar nessas linhas o máximo possível da emoção que vivi e vi nas pessoas ao meu redor durante 03 horas de show inesquecíveis.
E por falar em pessoas, o público era bem eclético. Várias gerações de fãs se encontraram e cantaram juntos sucessos de Paul e dos Beatles. Famílias inteiras estavam presentes, com pai, mãe, avós, filhos e netos curtindo o mesmo som. Minutos antes de o show começar era perceptível a ansiedade e os olhos marejados de muita gente que parecia não acreditar que estava ali.

 

Quando Paul McCartney entrou no palco o estádio foi ao delírio. Dias, horas, uma eternidade de espera acabava ali, com o ex-beatle (será mesmo justo usar “ex”?) trajando calça preta, camisa branca e um blazer azul. Foi dada a largada para uma das noites mais importante, inesquecível, extraordinária da vida das milhares de pessoas que lotaram o estádio.

Paul seguiu o setlist da turnê (no segundo dia houve surpresas e alterações) abrindo o show com Venus and Mars/Rock  Show, seguidas por Jet e All My Loving (ver setlist completo aqui). Não dá para descrever os melhores momentos, mas alguns foram realmente tocantes, quando ele tocou My Love  dedicada a Linda (e fez questão de dizer: “essa música eu fiz para minha gatinha”) , Here Today em homenagem a Lennon e Something para lembrar George Harrison.
And I Love Her” e “Blackbird” também chamaram a atenção, principalmente o telão da segunda que parecia ter imagens em 3D. Antes de iniciar Ob-la- di, Ob-la-da Paul pediu para que todos cantassem com ele para depois emendar com “ vocês já estão cantando todas mesmo” o que demonstrou a emoção dele ao ter TODAS as músicas cantadas pela platéia.
A Day in the Life/Give Peace a Chance” com certeza fez muita gente pensar: “se estamos todos aqui unidos por Paul por que não nos unirmos em outras situações também?”  A sincronia das “Olas” feitas várias vezes pelas arquibancadas mostravam o quanto estavam todos envolvidos, atentos e dispostos a fazer daquele show um grande momento em todos os sentidos.
Os balões brancos agitados enquanto o telão exibia o símbolo da paz e Paul puxava o coro “give peace a chance” foi como uma oração aos céus pela paz e amor ao próximo. Arrepiante até para a mais cética das criaturas.
Let It be” dispensa comentários, mas vale dizer que a partir deste momento esta narradora não mais conteve a emoção inside e colocou para outside tudo o que sentia através de lágrimas e aposto que muita gente fez igual!

Para quem estava ligado no setlist sabia que Let It Be anunciava o apogeu de efeitos visuais do show com Live and Let Die. Dito e feito. Todo mundo parecia realmente esperar pelos fogos sincronizados com os acordes da canção que foi trilha sonora de ninguém mais ninguém menos que 007, o espião mais famoso de todos os tempos. Os gritos (inclusive e principalmente os meus) acompanharam a queima de fogos que poderia ser vista do alto dos céus de São Paulo e levou todos a loucura. Por falar em céu vale dizer que este show foi presenteado por uma lua cheia em tons de laranja que mais parecia uma espectadora nobre do que um astro celestial.

Hey Jude anunciava o fim do show e mais uma vez o público mostrou que conhecia as letras e cantou junto com o astro que se despediu com a banda ao final da canção. Aliás, que banda! Dava pra ver a emoção dos músicos por estarem ali com ele, Paul McCartney. O baterista era uma alegria só e durante Dance Tonight fez passinhos que renderam gargalhadas e a certeza que Paul não era o único músico simpático no palco.

Como era esperado, todos voltaram ao palco para o primeiro “bis” que começou com Day Tripper. Já o segundo teve início com Yesterday, que, aliás, devia estar sendo bastante aguardada devido a reação do público. O rock and roll tomou conta quando Paul tocou Helter Skelter e os tiozões de camiseta preta e cabelos longos grisalhos foram ao delírio!

The End” significava exatamente isto, o fim do show, mas o começo de lembranças que ecoarão por toda a vida de quem esteve presente no estádio do Morumbi das 21h30 às 24h30 do dia 21 de novembro de 2010 ao virem entre tantas outras coisas, Paul carregar a bandeira brasileira junto da britânica em um sinal de agradecimento.
Eu vivi isso. Isso vai viver em mim para sempre.
SERVIÇO
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